Domingo, 7 de junho de 2009 - 06h55
Ninguém imagina que aquela pessoa amada e de cara de santo seja capaz de fazer mal a uma pulga, imagine a seu filho. Pois são sempre os mais amigos, sempre aqueles de quem menos se espera, os mais próximos, que terminam por decepcionar a todos. São assim os relatos nos programas de televisão, com a comprovação dos especialistas.
Independe de raça, de religião, de filosofia de vida, não há exceção para essa modalidade horrenda de desumanidade. Não se trata apenas de questão criminal, mesmo que não fosse tipificado crime, ninguém em sã consciência pode usar de sua força e de outros meios para satisfazer sua tara em detrimento do sofrimento indefeso de crianças.
Tiram proveito exatamente dessa proximidade para abusarem de forma continuada, amedrontar, e até fazer com que ninguém creiam nas vítimas. Os campeões são os padrastos que, além de não serem pais, geralmente dominam física e psicologicamente as mães, que muitas vezes se omitem por comodismo, já que, por maior que seja o medo, não pode justificar a omissão. Mas, também, tios, primos maiores, vizinhos e, com muita freqüência, os próprios pais. Mais comum aos masculinos, embora haja relatos de abuso pelas mulheres.
Depois da casa, a relação maior é na escola. Em função disso, os professores geralmente percebem mudanças no comportamento das crianças, e têm sido crescentes as denúncias. Mas deveriam aumentar esse cuidado e repassar sempre ao conselho tutelar para cortar o mal no seu nascedouro.
Quase consensual de que a tara por criança seria uma patologia. Nenhum pedófilo é maluco a ponto de fazer explicitamente, tornar público seus abusos. Isso prova de que tem consciência de seus atos. Eles procuram momentos oportunos, mesmo que criem situações para ficarem a sós com suas vítimas. Mas há a consciência, e deveriam procurar tratamento; não crianças para abusarem.
Sexo é mesmo muito bom, desde que seja com desejo recíproco, condição que mesmo que existisse na criança não ameniza a violência do pedófilo. Quando não se está a fim, sexo chega a ser repugnante. Nem se fale de que a limitação física da criança deve tornar a dor física insuportável. Além dessa, a psicológica, a insegurança, o desamparo e desalento de não contar com ninguém que lhe dê proteção.
Pode e deve a criança ser instruída a se defender, mas a sua defesa é responsabilidade de todos, especialmente dos pais. Então, a segurança é mais importante do que a confiança. Ter segurança é não permitir situações em que sua criança fique tempo suficiente para que pessoas possam abusar delas. Evitar deixar filhos com parentes próximos, e com vizinhos nem pensar. Mas, a maioria dos abusos deixa sequelas físicas. As mães e pais deveriam olhar e apalpar fisicamente suas crianças. Quando mais crescidos, adolescentes, atentar para as mudanças bruscas de comportamento.
Além das denúncias, as penas deveriam ser tão gigantescas quanto a essa violência. Nenhuma situação financeira ou de risco pessoal nem pode nem deve justificar a omissão de quem tem o dever de protegê-las.
Fonte: Pedro Cardoso da Costa
Bel. Direito
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