Sexta-feira, 6 de março de 2009 - 18h56
Vejo-as todas as manhãs quando saio mais cedo para alguma viagem. São mulheres que caminham solitárias pelas ruas ainda desertas na madrugada. Caminham em direção aos seus trabalhos, apressadas, resignadas, cada qual no seu rumo: pequenas indústrias, comércios, ou alguma casa de família. Muitas, para poder trabalhar deixam seus filhos em creches, aos cuidados dos vizinhos ou sabe-se lá de quem. Minha constatação é antiga. Há tempos que as percebo. Nas primeiras horas do dia há mais mulheres se dirigindo ao trabalho do que homens.
Mulheres que exercem o sagrado ofício (sacrifício) do trabalho (triplálio-instrumento de tortura), que têm a obrigação de carregar um mundo nas costas, e carregam-no.
Gente simples, humilde, maltratada. Pegam duas ou três conduções gastando preciosas horas de descanso para chegar aos locais onde ganharão pequena paga pelos seus grandes cansaços. A paga da sobrevivência.
E os maridos? Ah! Os maridos, como se todas elas tivessem maridos! Muitas pagam a penitência de ter se envolvido com parceiros errados, nas horas erradas e estão, literalmente, abandonadas.
Por que falo sobre isso? Porque as vejo. E porque há pouco tempo tive a oportunidade de participar de uma série de pesquisas sobre o comportamento de pessoas das chamadas classes C e D, moradores da periferia de grandes cidades. Ouvimos dezenas de histórias da população dos bairros mais pobres e afastados. De tudo, o que mais me chamou a atenção foi o comportamento e a disposição para enfrentar problemas mostrados pelas mulheres com mais de 40 anos. As pobres e sofridas mulheres brasileiras. Guerreiras que sustentam sozinhas o núcleo familiar e, quando não abandonadas pelos maridos, sustentam bêbados, vagabundos ou desempregados. E muitos, num cinismo atroz moram, ora com a oficial, ora com a outra.
Além do marido, algumas sustentam, além de si, mais duas ou três gerações. A filha de 16 anos que engravidou e trouxe o bebê para ela cuidar ou o filho adolescente, quase adulto, que passa o tempo todo na rua e só volta para casa para comer, dormir, criar confusão e muitas vezes pegar algum trocado para ir ao baile funk. Outras sustentam também os mais velhos: pais, sogros, sogras ou avós. Estes, quando podem, contribuem com uma parte das suas aposentarias mirradas, uma mixaria que mal dá para pagar a conta da farmácia.
A força de trabalho da mulher brasileira é grande. Está espalhada nas lavouras, no artesanato, nas fábricas e nas residências. Este trabalho escravo é explorado ao extremo, aviltado pelos baixos salários, pela insegurança da informalidade e pela humilhação das condições do trabalho. Preste atenção quando tiver que sair de manhãzinha de casa ou simplesmente olhe pela janela do seu apartamento. Elas estão ao seu redor. Faça uma pequena reflexão em prol das nossas guerreiras da madrugada. Heroínas anônimas, que não jogam para a torcida, mas dão conta do jogo sem aparecer. Até quando o Brasil vai continuar injusto com as mulheres brasileiras?
Eloi Zanetti - eloi@eloizanetti.com.br
FONTE: roquevha@hotmail.com
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