Sábado, 22 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Artigo: Irrevogável vergonha


 
Fosse um outro político e a repercussão não seria tão grande. Aliás, outros nomes tão ou mais famosos da política, já passaram por constrangimentos públicos até maiores.

ACM foi pego com a mão na cumbuca, mexendo no painel de votação do Senado. Pedro Simon ouviu de um Collor de Melo – ele mesmo obrigado a renunciar para não encarar o impeachment – o sonoro “quero o senhor as engula e as digira como julgar conveniente” e falar depois do medo sentido enquanto o furioso ex-presidente vociferava contra ele. Ao descrever tais momentos é lembrar de outros ocorridos nos poderes.

Da Câmara dos Deputados, à época do mensalão, Roberto Jefferson mandou o super ministro Zé Dirceu sair. Apesar, ou até por conta do Lula, Zé Dirceu saiu. No STF dois ministros protagonizaram um bate-boca de fazer corar aquela famosa estatueta de bronze, símbolo da justiça. De Fernando Gabeira – também se envolveu com o escândalo das passagens – para o Severino saiu a ordem: “ou fica calado ou iniciamos um movimento para retirá-lo do cargo” e respondida aos berros pelo Severino: “Vossa Excelência, recolha-se à sua insignificância. Não aceito suas palavras”. Do próprio presidente Lula, três infelizes momentos: “Eu não sabia” – sobre o mensalão – “É uma marolinha” – sobre a crise mundial e a mais recente, "O Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”.

A coleção é grande e o número de participantes idem. Mas e no caso do Aloísio Mercadante o constrangimento é igual ou existe algo que o tornou diferente?

Mercadante é paulista, fundador do PT, tem voz no partido, enfim é uma liderança inconteste. Ocorre que o líder do PT, como prova o episódio, é Lula. Abaixo dele qualquer liderança tem o mesmo tamanho. Manter-se nesse patamar exige proximidade com o líder máximo. Quebrar, é sair da estrutura – caso Marina – para tentar novos rumos. Mercadante sabia disso, sofria o desgaste da crise, anunciou que pagaria caro pela posição para a qual era empurrado e pagou. Lula joga com o tempo e com a falta de memória do povo enquanto aposta na Dilma apoiada pelo PMDB do Sarney e Renan.

Ao atender ao seu líder máximo, Mercadante faz uma aposta política. Desgastadom joga com o apoio de Lula para vitaminar sua carreira em São Paulo e voltar a ser o interlocutor com prestígio do Planalto, principalmente na área econômica e, não por acaso. O homem forte da economia, Antonio Palocci, começa a subir a rampa. Se tudo correr como deseja Mercadante, a irrevogável vergonha dará frutos e sua campanha para o Senado por São Paulo tornar-se-á não apenas irreversível, como irrevogável. A menos que Lula lhe mande uma outra carta.

Fonte: Léo Ladeia
leoladeia@hotmail.com
     

Gente de OpiniãoSábado, 22 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Covardia de quem mesmo?

Covardia de quem mesmo?

Covardia foi ter dito que não era coveiro quando inocentes estavam morrendo de Covid. Covardia foi dizer “e daí?” quando as pessoas estavam morrendo

O “cabidão” de comissionados

O “cabidão” de comissionados

No dia 2 de março de 2018, a juíza Inês Moreira da Costa, da 1ª. Vara da Fazenda Pública, determinou que a Câmara Municipal de Porto Velho exonerass

ZUMBI - Uma farsa celebrada

ZUMBI - Uma farsa celebrada

Torturador, estuprador e escravagista. É assim que muitos registros e análises críticas descrevem Zumbi dos Palmares, apesar da tentativa insistente

A Igreja não pode tornar-se um superpartido

A Igreja não pode tornar-se um superpartido

A missão da Igreja é transumana transcendente e não pode ser reduzida a mais uma voz no debate partidárioA presença pública de responsáveis eclesiás

Gente de Opinião Sábado, 22 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)