Domingo, 3 de janeiro de 2010 - 10h07
Bruno Peron Loureiro
O setor produtivo ocupa esferas inimagináveis. Mal temos tempo para pensar. A respiração, por sorte, realiza-se involuntariamente. Como se não bastasse, decisões importantes para o Brasil têm sido tomadas por pessoas ineptas e que sustentam o interesse próprio. Este artigo desembaralha a visão dos que ainda definem suas vidas em função das “exigências do mercado”.
Há rastros tão fortes de mediocridade neste país, que temos perdido o senso de coletividade: empresas assenhoreiam-se do espaço público, direitos só servem para dar emprego a burocratas e ludibriar os que ainda creem na cidadania, o clientelismo corrói segmentos diversos da vida em sociedade e há os que dizem – prefiro resistir – que fenecem os que não fizerem parte do “sistema”.
Confesso que, quando divago sobre as mazelas do Brasil, não sei por onde começar. Enfoco um problema e logo descubro que há uma série de outras peças de dominó que não tomei em conta. O contraponto básico a que me refiro, a fim de que não haja chiado na estação, é de que tudo é voltado ao setor produtivo em nosso país. Uma conversa descontraída pode-se converter em negócio.
O crescimento exagerado da população é um negócio; o excesso de mão-de-obra desqualificada é um negócio; os recursos naturais, desde que recebemos naus portuguesas, é um negócio; a ignorância é um negócio; a perenidade de um campo de oposição entre Estado e mercado nos debates políticos é também um negócio. Sobre este último argumento: pagamos impostos elevadíssimos à máquina pública, porém temos ainda que dispor de planos de saúde, seguros de automóveis e pedágios em rodovias.
Palestras de motivação empresarial me dão asco, qualquer tentativa de conversão de algo em negócio me provoca repúdio, e o caminho que tem trilhado o Brasil tanto interno como externo é de uma prostituição barata. Nossos jovens estão sendo convidados a se “profissionalizar” para servir o resto da vida como mão-de-obra descartável de grandes empresas sanguessugas.
O país está de pernas abertas. Nossos políticos ainda se acham “autoridades” e não notam o funeral que se lhe reserva à categoria. A solução encontrada por muitos é a de descentralizar a política, criar formas paralelas de poder através de movimentos sociais e organizações não-governamentais, mostrar-lhes que não nos serve uma política que não escuta os cidadãos.
E o tal do setor produtivo como volta nesta história? Dogmas do trabalho incentivam a inserção nele o quanto antes por necessidade, valor ou para engordar indiretamente o bolso de poucos. O labor no capitalismo é muito diferente do conceito num sistema alternativo, socializante, onde se trabalha para a humanidade. O primeiro modelo está vinculado a uma ordem concentradora, cruel e enganadora.
O trabalhador é iludido até mesmo em suas poucas horas dedicadas ao lazer. Entra novamente o setor produtivo quando se faz uso da televisão aberta, mas com investimento elevado em publicidade de grandes marcas que não dão vez às pequenas, ou de espaços que se cedem à iniciativa privada para a emulação da modernidade. Os shopping centers são uma mostra dos males urbanos.
Não fazemos idéia do que significa contratar um mal motorista para a locomotiva chamada Brasil. O país está uma desgraça. Útil para investidores porque só querem espoliar o nosso dinheiro. Pagamos caro nos impostos, combustíveis, pedágios. Não sei como não estamos em guerra civil. Dizem que somos um povo pacífico. Discordo. Somos explorados, ignorantes e submissos.
Bruno Peron Loureiro é mestre em Estudos Latino-americanos.
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