Sexta-feira, 26 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

A omissão das universidades



Um amigo veio me comunicar uma situação sui generis. Ele está no último semestre da faculdade, mas no meio de um imbróglio: a instituição não pretende ofertar todas as disciplinas que faltam para finalizar o currículo do curso. O motivo? Custos. Não há alunos suficientes para fechar uma turma. Meu amigo terá duas opções a partir de agora. Ora entra na justiça, a exemplo do que muitos discentes estão fazendo, ora tenta realizar as cadeiras não oferecidas em outra instituição. Dos dois modos, há perdas.

Espanta-me o surgimento de cursos de graduação no Brasil. Abrir, pelo visto, é fácil. Difícil é administrar as condições para que o aluno tenha um bom proveito do serviço contratado. Na instituição em que meu amigo faz faculdade, o setor de publicidade aparece com força em diferentes mídias de divulgação. E no anúncio constam os quatro anos que ele esperava cumprir em jornalismo. Na prática, longe do mundo onírico do marketing, a situação não tem tanto brilho. Semestres imprevistos brotam pelo caminho.

Os alunos que sofrem com esse problema ficam entre a cruz e a espada. Jogar a sujeira no ventilador e atear fogo no próprio diploma ou consentir lutando? É justo atrasar a formatura de um estudante em função da incapacidade administrativa da instituição de ensino que contratou? Evidentemente que não. Mas essas são mazelas dos novos tempos. As faculdades querem números, não importando os meios.

Os números amealham o dinheiro necessário para manter a instituição andando. Aluno é negócio, e dos mais rentáveis. Por essa razão, além dos cursos de graduação, surgiram nos últimos anos centenas de cursos de pós-graduação. Em tese, uma continuidade da carreira acadêmica. Na realidade, aulas maçantes, pouco inspiradas, e cuja representatividade no currículo raramente é reconhecida pelo insosso mercado de trabalho de nosso país.

O Ministério da Educação tem imensa responsabilidade na formação de profissionais conscientes, mas faz vista grossa. A abertura desenfreada de cursos não é acompanhada por uma fiscalização eficiente. Resta ao Judiciário dar o seu veredito, em muitos casos, tendo em vista a omissão das instituições de ensino. Há situações intoleráveis, como a de meu amigo. Lamentável. A faculdade deve colaborar para a qualificação discente, não criar empecilhos. Parece que essa obrigação, mesmo que por força de contrato, está morrendo.

Gabriel Bocorny Guidotti
Jornalista e escritor
Porto Alegre – RS

Gente de OpiniãoSexta-feira, 26 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Mendonça vs. Dino

Mendonça vs. Dino

Está formado o cabo de guerra entre André Mendonça e Flávio Dino, ambos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Mendonça mandou a Polícia Feder

Eterna Natalina Vasconcelos – a mãe que costurava estrelas

Eterna Natalina Vasconcelos – a mãe que costurava estrelas

Dona Natalina casou-se muito cedo, aos 14 anos – costume da época no sertão baiano, onde mocinhas trocavam a infância por lares próprios cheios de s

Havaianas deram tiro no pé

Havaianas deram tiro no pé

O recente comercial das sandálias Havaianas, protagonizado pela atriz esquerdista da cabeça aos pés, Fernanda Torres, foi uma das notícias de maior

Aposentado não é lixo

Aposentado não é lixo

Aposentado não é lixo, mas, no Brasil de hoje, é tratado como se fosse, principalmente por políticos que só se lembram do povo em período eleitoral.

Gente de Opinião Sexta-feira, 26 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)