Quarta-feira, 17 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

A HORA DOS GENERAIS


A HORA DOS GENERAIS - Gente de Opinião

Que ninguém se iluda: não há divergência séria entre Bolsonaro e o vice. Há divergências entre os filhos de Bolsonaro e o vice; mas alguém me disse que essas divergências, embora continuem a existir, serão dia a dia menos barulhentas. Olavo de Carvalho, ideólogo de boa parte do Governo, autor da indicação de pelo menos dois ministros, Educação e Relações Exteriores, da total confiança de Eduardo Bolsonaro, tem seguidores e já abriu fogo contra o vice Mourão. Olavo é ouvido. Mas muito mais ouvido do que ele é um ministro que fala baixo, porém silencia as estridências de outros: o general Augusto Heleno, respeitadíssimo, principal contato de Bolsonaro com as Forças Armadas. Augusto Heleno, por sua força, evita ao máximo os conflitos abertos. Mas, em caso de divergência, é ele que ganha.

 

Heleno tem excelentes relações com Mourão e com Bolsonaro. Dizem que já pediu aos filhos de Bolsonaro que, exatamente por ser filhos, não se sintam tentados a pressionar o pai. Tudo indica que foi ouvido.

 

Um bom exemplo da ação de Heleno é o Sínodo da Amazônia, que se realiza em outubro, no Vaticano. Governistas radicais acusaram a Igreja de dar voz à esquerda para atacar Bolsonaro. Heleno disse que o Brasil deve só defender a Amazônia brasileira, sem se envolver em nada que envolva soberania de outros países ou temas religiosos. O Brasil não aceita lições de países que desmataram mais do que nós. Foi duro – e sem ataque à Igreja.

 

Bem aposentados

 

Há meses o país debate a reforma da Previdência – e fomos informados de que, se não houver reforma, o Tesouro quebra. Goiás, depois de longo período de Governo tucano, está em situação de emergência financeira. Mas nem todos ficam tristes: a folha de pagamento oficial de auditores fiscais, alguns na ativa, alguns aposentados, mostra que em dezembro o menor salário foi de R$ 54.893,00 – mais de 50% acima do recebido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, o máximo que poderia ser pago se no Brasil a lei fosse cumprida. O maior pagamento é de R$ 58.797,00.

 

Muito bem aposentados

 

Mas não inveje os auditores fiscais de Goiás: na Bahia, igualmente com imensas dificuldades financeiras, há pagamentos mais substanciosos. Bom exemplo é a folha de dezembro de desembargadores ativos e inativos. O mais bem aquinhoado recebeu, líquidos, após os descontos, R$105.346,66. No meio há quatro ganhando pouco acima de R$ 95 mil (e um, menos favorecido, ganhando apenas R$ 90 mil e algumas quireras). O mais mal pago das Excelências tem de sobreviver com R$ 32.370 mensais – e, como é salário líquido, também superior aos vencimentos dos ministros do STF, que deveriam ser o teto dos pagamentos feitos a servidores públicos.

 

Claro, este salário é em folha. Vantagens extras, como carro com chofer, gasolina, plano de saúde e vale-refeição, são pagas por fora.

 

Ideia de fôlego

 

O Governo e a indústria química acabam de lançar um projeto que, além de suas finalidades específicas, sejam quais forem, já que pelo título fica difícil entender quais serão, testará o fôlego de quem se envolver nos trabalhos. Nome: "Programa de Articulação Nacional entre Empresas, Governo e Instituições Acadêmicas para a Prevenção e Mitigação do Risco de Eventos Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucleares Selecionados".

 

O programa já nasce com um apelido: Pangeia. O nome é grego e significa “toda a Terra”. E todo o ar, para respirar enquanto se diz o nome da coisa.

 

Muitos em um

 

El Salvador, na América Central, escapou à disputa tradicional entre os dois maiores partidos e elegeu presidente da República um deputado não muito conhecido: Nayib Bukele, 37 anos. Sua avó paterna, católica romana, nasceu em Belém, na área que hoje é administrada pela Autoridade Palestina; o avô paterno, ortodoxo grego, nasceu em Jerusalém. Seu pai se converteu ao islamismo. Sua esposa é judia. Um exemplo de conciliação, num país que enfrentou décadas de guerra civil e ainda hoje tem as marcas.

 

Não para

 

Bolsonaro se recupera bem, mas enfrentou há pouco uma séria cirurgia e teve pneumonia. Aparentemente, não dá importância a isso: tem viagem para os Estados Unidos de 18 a 20 de março, a convite de Trump. Passa rapidamente por Brasília, rearruma as malas e segue para o Chile, de 22 a 23 de março. Aí tem um mês e pouco de permanência no Brasil e volta aos EUA, em 14 de maio, para receber o título de Pessoa do Ano, conferido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos - “reconhecimento de sua intenção fortemente declarada de fomentar laços comerciais e diplomáticos mais próximos entre Brasil e EUA e seu firme comprometimento em construir uma parceria forte e duradoura entre as duas nações”.

 

O título é entregue num jantar de gala no Museu de História Natural de Nova York.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 17 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A questão da ética na politica

A questão da ética na politica

Tenho sustentado neste espaço, até com certa insistência, a importância da ética na política, principalmente quando começam a surgir nomes nos mais

O exemplo do rei Canuto dos Vândalos  O exemplo do rei Canuto dos Vândalos

O exemplo do rei Canuto dos Vândalos O exemplo do rei Canuto dos Vândalos

Houve uma época em que ao roubo e ao furto se aplicava a pena de morte. Eram tempos de barbárie, onde a punição, por mais desproporcional e cruel, n

Mutirão de Saúde: a melhor solução

Mutirão de Saúde: a melhor solução

De todas as tentativas feitas por este e outros governos locais para resolver o grave problema de desassistência à saúde em Rondônia, os mutirões re

A situação desumana e vergonhosa da saúde pública em Rondônia

A situação desumana e vergonhosa da saúde pública em Rondônia

É desumana e vergonhosa a situação por que passa o sistema público de saúde em Rondônia. A cada ano, em vez de melhorar, a situação fica pior.  Rece

Gente de Opinião Quarta-feira, 17 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)