Quarta-feira, 23 de julho de 2008 - 14h30
O Acre possui a maior produção de castanha-do-brasil, produto cuja cadeia produtiva envolve mais de 15 mil famílias de pequenos produtores que têm na atividade extrativista uma das principais alternativas de renda. Conhecer e adotar os cuidados necessários no manejo do produto garante a produtores e consumidores ganhos mútuos no valor e qualidade da castanha comercializada. Com este propósito, extensionistas de todo o Estado participaram, entre os dias 13 e 15 de julho, do curso Boas práticas no manejo da castanha-do-brasil , promovido pela Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), em parceria com o Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento, Embrapa Acre e Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof).
A capacitação ministrada pelas pesquisadoras Lúcia Helena Wadt, Joana Leite e Virginia Álvares e pelo analista Márcio Muniz Bayma, abordou, dentre outros assuntos, os princípios para o manejo pós-colheita, boas práticas de fabricação e perigos no manejo, além de aspectos silviculturais e socioeconômicos na produção da castanha-do-brasil no Estado do Acre.
O objetivo é preparar os técnicos que atuam na extensão rural para disseminar estes conhecimentos entre os pequenos produtores da região, visando elevar a qualidade do produto e torná-lo mais competitivo no mercado. Cada participante assumiu a responsabilidade de capacitar, no mínimo, dez produtores. Essa iniciativa surgiu após o embargo feito à castanha-do-brasil em 2003, pela União Européia, onde aproximadamente 90% da exportação foi suspensa pela ausência de boas praticas no manejo, afirma Walter Gusmão, coordenador de projetos da Asbraer.
Dentre as principais limitações comerciais da castanha-do-brasil destaca-se a aflatoxina, substância produzida por fungos do gênero Aspergillus, que em alta concentração tem efeitos cancerígenos, representando sérios riscos à saúde humana. A Embrapa Acre vem estudando o problema e desenvolvendo estratégias para um sistema de manejo, identificação dos pontos de contaminação e implementação de processos que garantem a qualidade e a comercialização do produto com preços diferenciados. Segundo Virgínia Álvares, a qualidade da castanha-do-brasil depende necessariamente das práticas adotadas no manejo do produto na floresta e também no seu processamento.
Além do Acre, a Asbraer também vai capacitar extensionistas do Pará, Amapá, Amazonas, Roraima e Rondônia. Oder Gurgel, técnico do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) que esteve em campo com pesquisadores da Embrapa, em 2007, para coleta de amostras, avalia o curso como prioritário para resgatar o valor da castanha no Acre.
A extensionista Débora Freitas, que atua na região de Brasiléia (AC), diz que a capacitação de técnicos e produtores é essencial para o fortalecimento da cadeia produtiva da castanha-do-brasil, e para garantir retorno financeiro e social às famílias. Ela atua nas comunidades de Porvilho, Filipinas e Porongaba, no município de Brasiléia (AC), onde o manejo da castanha está em fase de implantação.
Números da castanha-do-brasil
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), o Brasil produziu no ano de 2006 o equivalente a 28.806 toneladas de castanha-do-brasil com casca. O Estado do Acre contribuiu com 35% deste total, com 10.227 toneladas, seguido do Amazonas e Pará, com 31,81% e 18,36% respectivamente. Essa produção gerou no mesmo período receita bruta de mais de 12 milhões de reais para o Estado. Os números refletem a importância comercial do produto para a região.
Fonte: Embrapa acre:
Hugo Kern
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DivaGonçalves
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