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Leo Ladeia

POLÍTICA & MURUPI - Sobre escorpiões e traíras


POLÍTICA & MURUPI - Sobre escorpiões e traíras - Gente de Opinião

Certa vez, escrevi sobre um político de Rondônia que traiu todos os seus aliados dizendo que ele padecia da síndrome do escorpião, citando a fábula em que o inseto pica o sapo o ajudava a atravessar o riacho. Todos sabem que é da natureza do escorpião picar, ainda mesmo que isso lhe custe a vida. O político não reagiu, mas um amigo chiou. Na coluna seguinte corrigi trocando o escorpião pela traíra. A emenda ficou pior que o soneto e o meu amigo que tomou as dores da figura ficou ainda mais irritado comigo. Paciência. É da vida.

Estamos de novo em período de campanhas eleitorais quando os políticos tentam sem sucesso gerar filhotes de tatu com cobra. Partidos quase que iguais formados por gente comprometida mais com coisas que com causas, ficam horas em conversas soturnas e acordos improváveis que duram o tempo exato da ressaca alcóolica. Por óbvio sobram para tais acordos as traições. Interessante é que isso se repete a cada dois anos e segue a lógica, a ordem e as leis criadas e mantidas pelos próprios políticos que se alternam nos papéis de traídos e traidores, e cito como exemplo a tal janela partidária, que legaliza a traição político-eleitoral.

 Depois de uma vida inteira dedicada ao PFL, depois DEM, sendo íntimo de Bolsonaro, Rodrigo Maia mudou de partido, indo para o PSDB, do Aécio, FHC e Alckmin. Este não amava Lula, mas para se tornar o seu melhor amigo de infância e vice na sua chapa lulopetista, saiu do PSDB dando lugar ao Maia que foi para o PSB de Eduardo Campos que foi também adversário de Lula e Alckmin. Tudo é meio enrolado mesmo, mas às vezes a coisa é mais complicada. Vejam o Moro, o juiz que condenou e trancafiou Lula. Moro deixou a magistratura e entrou de cabeça no governo Bolsonaro, para lutar contra a corrupção, como um dos três mais importantes ministros do governo. 15 meses depois saiu do cargo atirando contra o chefe Bolsonaro e sendo caçado pelo STF. Depois de passar um período nos EUA trabalhando para alguns clientes que tinham relação com suas condenações durante a Operação Lavajato, voltou ao Brasil com um discurso moralista de candidatura à Presidência. Como a legislação eleitoral brasileira exige que todo candidato esteja filiado a um partido, Moro entrou no Podemos, mas sua candidatura não saiu do papel e de novo  Moro abandonou o barco, indo para o UB-União Brasil um novo partido formado pelo DEM e PSL que “devotam um ódio ao PT e a Lula”, mas que mantém um canal aberto com o PL, atual partido do Bolsonaro, que é chefiado por Valdemar da Costa Neto, o manda chuva do “Centrão”, que era amado por Lula e odiado por Bolsonaro. É um rolo de cobra.

Apenas para citar algo aqui do nosso quintal, o PDT que sempre apostou em “pratas da casa” dançou. Esta é a terceira grande rasteira que o partido leva e todas as vezes aplicadas por três oriundo de Ji-Paraná, todos ligados por laços afetivos e empregatícios ao forte grupo empresarial que comanda o PDT no estado e que atua em várias frentes, em Rondônia e noutros estados, inclusive na área de comunicação, de onde surgiram os três escorpiões. Quem viu de perto o desenrolar dos fatos nos últimos dias em que estava aberta a janela para a mudança partidária revela que a aplicação da rasteira final foi de uma crueldade sem igual.   

Falar de traição eleitoral me traz à mente três grandes figuras. Tancredo Neves ria do voto secreto quando estava no Congresso e surgiam matérias polêmicas para votação “na urna dá uma vontade danada de trair”. Augusto do Anjos falou de traição no poema “Versos Íntimos” com uma lição ao traído “a mão que afaga é a mesma que apedreja” e outra ao traidor: “Acostuma-te à lama que te espera!”. A terceira figura, criador do PDT, Leonel Brizola ensinou  uma verdade perene: “A política ama a traição e odeia o traidor”.

As traições desta atual quadra eleitoral só começaram a ser reveladas, mas há muito mais vindo por aí.  Uma vez traidor, sempre traidor. 2000 anos e Judas continua sendo para o mundo cristão o símbolo máximo da traição. 200 anos depois e Joaquim Silvério dos Reis continua sendo o traidor da Inconfidência Mineira.

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