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Leo Ladeia

POLÍTICA & MURUPI - Rondônia sob o domínio das facções criminosas.


POLÍTICA & MURUPI - Rondônia sob o domínio das facções criminosas. - Gente de Opinião

1-O ovo da serpente     

Foram dois anos entre projeto e conclusão ao custo de 25 milhões. Nos padrões brasileiros uma obra rápida e cara, mais ainda por ser na distante Rondônia. Entregue em maio de 2008 e inaugurado em junho de 2009, foi o terceiro de cinco presídios federais, estando os outros em Catanduva, Brasília, Campo Grande Mossoró. Vieram os primeiros presos, o medo ainda estava fresco em nossa memória face a chacina do Urso Branco e o tempo mostrou que o medo não era infundado. A serpente pôs os ovos e o calor daqui ajudou na eclosão. 

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2-O porquê do medo                   

Com os mais temidos presos do sistema penal vieram junto familiares, amigos, assessores e advogados dos seus estados de origem. De repente chegaram vizinhos estranhos se acomodando condomínios e pagando em dinheiro aluguéis acima da média. A partir daí algumas mudanças e de uma hora para outra as facções do crime começaram a impor a sua lei primeiro nos presídios estaduais, depois nos bairros da capital e nas cidades maiores do interior. Da periferia chegaram ao centro e surgiram as cracolândias misturando adictos mendigos e miseráveis à paisagem e na sequencia lá estavam nas cidades, vilas e tudo. Se juntarmos nesse caldeirão fervente o ódio que se dissemina pelas redes sociais, veremos que àquele medo difuso se junta o medo objetivo das execuções, as facções chegando às escolas, assaltos, arrastões e toda sorte de desgraças.

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3- Condomínio das trevas

Para erradicar bolsões de miséria o poder público criou programas habitacionais empurrando os vulneráveis para as periferias da cidade. Ser pobre não é crime, mas a perda de renda que leva ao aumento da pobreza cria áreas férteis para a violência e o crime irrigadas pela falta de perspectiva futura, baixa escolaridade, segregação, preconceito e intolerância e. Os exemplos estão por aí, mas fico em Porto Velho com o “Orgulho do Madeira”, um equívoco social de 4 mil unidades plantado numa área de 37 hectares com uma só rua para entrar e sair e quase sem equipamentos públicos. Sem o estado o crime toma conta e foi assim que 1.000 apartamentos foram ocupados por marginais que expulsaram os donos e picharam os prédios com sua sigla. Agora a PM espera dar o troco colocando a força máxima e efetuando “baculejos”. Mas quando atacados os ratos se escondem e depois voltam. O tribunal do crime surgiu e hoje para entrar em áreas dominadas pelo tráfico só com a permissão do bando que domina a área. A segurança em Porto Velho é o caos! É a treva! 

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4-Foi assim o fogo no vizinho    

Se o poder público não promove políticas com recursos e projetos voltados para o cidadão, o tráfico se torna a alternativa para jovens com baixa escolaridade, fome e ócio. Sobra para o estado enxugar gelo na atividade diária de prender e soltar e engrossar a estatística da reincidência criminal. Há poucos dias a cracolândia da Rodoviária foi destruída, mas o “zumbi” continua perto de olho na PM que se mantém ostensiva. Enquanto isso a guerra de facções está matando e morrendo pelo domínio das “bocas”. Por ora morrem os bandidos, mas eles querem mais e não só as bocas. Invadem casas, lojas, roubam fios de energia, e bloqueiam serviços essenciais. Foi assim que dominaram Manaus e Rio Branco, os nossos vizinhos. Será agora a nossa vez?

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5-O vergonhoso custo do preso federal        

Voltando ao primeiro item, dados do final de 2021 mostram que os estados têm pela média ponderada, um custo de R$1.800,00 por preso e R$ 279,13 pela mesma média por aluno. Um absurdo, mas um pixuleco se comparado ao gasto com presos mantidos em presídios federais que é da ordem de R$ 35.215,60 por mês. Para refletir e fazer contas: no presídio federal de Porto Velho cabem no máximo 208 presos guardados por 300 agentes. Sob a ótica do custo benefício tal conta não bate e quem paga a vergonha, parida por Márcio Thomaz Bastos é o contribuinte. Dos R$35.215,60, entram na conta salários, 82%. Uma vergonha frente ao que ganha o policial civil, militar, professor ou médico. Enquanto nossas fronteiras continuam escancaradas  ao tráfico de drogas, sem drones e sem efetivo, nossos jatinhos voam pelo Brasil remanejando presos.


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