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Leo Ladeia

POLÍTICA & MURUPI - O sanatório geral saiu na Avenida Brasil


O Brasil só começa a funcionar após o carnaval e num ano pós-pandêmico o carnaval enlouqueceu a política. Sem carnaval de verdade, a política abriu o sanatório e os pirados lotaram os camarotes virtuais nas redes sociais. Em lugar do desfile e do samba, o insulto e a mentira e em lugar da alegria e do riso, as eleições.

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1-A primeira escola de samba a sair foi a “Unidos de um Homem Só”, que segundo dizem é mantida pela grana da “tchurma da quebrada” tendo Daniel Silveira como puxador, mestre de bateria e autor do samba “Aperta que ele geme”, uma alusão a um passado ditatorial que ele não viveu, mas que traz no caráter.

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Nas alas vão os que acreditaram na sua patuscada eleitoral que começa com vitupérios, injúrias, difamação e que deveria ser tratada como crime comum não tivesse ele o direito de emitir sua “opinião desastrada”, acobertado pela imunidade parlamentar. Ocorre que um juiz da alta corte atravessou o samba e se meteu numa camisa de onze varas e aí, talvez por não crer que o país vive apesar dos pesares o “estado democrático de direito” sob a égide da lei, resolveu arrogar a si as ofensas e as bravatas do Silveira, abrindo um discutível processo com a supressão, no todo ou em parte, das instâncias de investigação, julgamento e sentença. No fim do desfile Daniel aparece na cova dos leões com uma tornozeleira na perna que lembra aquela bolas de ferro dos antigos condenados nas masmorras.

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2-A segunda escola de samba a entrar na avenida, depois de brigar na concentração para sair à frente das outras, um estilo que a escola mantém desde sua criação foi a Escola de Samba “Deixa Que Eu Faço”. 

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A cor verde oliva e as alegorias são a homenagem ao patrono, presidente, tesoureiro, puxador, carnavalesco, mestre da batucada e mestre sala que aliás executa durante uma paradinha da bateria uma difícil evolução que lembra o passo de ganso. O tema do enredo e personagem são confusos e confundem, mostrando a luta constante pelo poder, o enfrentamento contra monstros amazônicos, o fogo na floresta, pandemia, inimigos dentro e fora do castelo e o pesadelo constante com o molusco que aterroriza os sonhos do todo poderoso.  Na parte final do desfile uma surpresa. O destaque da escola de dentro de um cercado de quatro linhas faz o milagre de resgatar um condenado, comprometendo o brilho, evolução e todo o desfile da “Capa Preta”, próxima escola a desfilar e que como verão, terá que alterar de forma arriscada para reduzir os danos frente ao público. “Joguei dentro das quatro linhas talkey?”, disse o todo poderoso com um sorriso enigmático.  

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3-A terceira escola a sair é bem estruturada, endinheirada e fortíssima, apesar de ser muito pouco conhecida e não ter torcida. A “Unidos da Capa Preta” fez muito sucesso em outros carnavais quando um novo membro chegou tocando o terror com um samba que falava de mensalão e fez tremer a república. Mas depois...  

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Formada por onze alas, cada uma traz um enredo diferente em que a letra é feita numa língua estranha, sem rima, com citações em latim, francês, alemão e inglês. Os enredos normalmente são difíceis de entender e de aceitar, até para quem é sambista de direito. Desta vez a escola juntou os onze enredos para um desfile de olho nas duas escolas anteriores. A ideia era focar na escola do “Homem Só” e através de efeito cascata derrubar a “Deixa que eu Faço”. Foi um erro estratégico. Uma casca de banana que estava posta na passarela fez a “Capa Preta” escorregar e o que seria o apogeu deu errado. O condenado a mais de 8 anos cumpriu sua sentença em tempo recorde – algumas horas – e acabou salvo da degola por um indulto do “todo poderoso”. Aí o carnaval virou política. O condenado ficou livre, leve e solto, “pero no mucho”. É que já na dispersão a cabeça brilhante que organizou o final do desfile e sem dar bola para o indulto ou talvez esquecendo o que isso quer dizer, determinou mais 60 dias de investigações sobre o crime prescrito e tascou uma multa feroz na conta do infeliz. O resultado do desfile como se vê será decidido no tapetão e se não der samba, talvez dê marchinha de carnaval. Ou seja, tem mais disso aí, ainda que não tenha mais carnaval.

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E por falar em marchinha fecho o desfile com este fato: o ministro da Defesa pediu ao TSE que é parte do debate sobre urna eleitoral quer publicidade ampla das propostas pelas Forças Armadas para a segurança, o aprimoramento e a transparência das eleições. E aí? Política carnavalesca ou carnaval politizado?

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