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Larina Rosa

Estamos permitindo o retrocesso?

“O avanço de grupos conservadores e o discurso que busca manter a mulher em papéis tradicionais contribuem para a violência doméstica e manutenção do machismo”


Estamos permitindo o retrocesso? - Gente de Opinião

Estamos retrocedendo. É o primeiro pensamento que me desperta depois de saber que os números de feminicídios, ao invés de diminuírem bateram recorde no país. Os números são péssimos. De acordo com o Mapa de Segurança Pública, no ano passado foram registrados 1.459 casos de feminicídios, o maior número da história, com média de quatro mulheres mortas por dia. Os estupros também cresceram e alcançaram a maior taxa dos últimos cinco anos, com um total de 83.114 casos durante esse período.

Rondônia é um dos estados que lideram as taxas por 100 mil habitantes e divide a lista vergonhosa com Roraima e Amapá. Os jornais diários confirmam a quantidade de mulheres mortas por companheiros ou ex-companheiros por aqui é insana. Só neste ano perdi as contas de quantas vezes acompanhei notícias de mulheres que perderam a vida de forma violenta.

A idade, o endereço e a condição financeira mudam, mas a covardia é a mesma. Elas morrem pelo ciúme, por eles não aceitarem o fim do relacionamento, por eles não aprenderem a lidar com seus sentimentos, traumas e confusões de um mundo machista onde são privilegiados.

O avanço de grupos conservadores e o discurso que busca manter a mulher em papéis tradicionais contribuem para a violência doméstica e manutenção do machismo. A falta de educação sobre igualdade de gênero e a dependência financeira delas perduram a cultura em que eles são considerados superiores e com mais direitos. O discurso de ódio sobre elas moldou as nossas crenças e ditou comportamentos violentos que matam. Por conta do machismo, hoje temos Lei para reprimir quem resolve nos agredir, estuprar e nos matar.

Entendo que a cultura não muda da noite para o dia, mas ela pode evoluir e se adaptar com outras interações e experiências. As novas idéias alteram a forma como vivemos e como pensamos. Será que estamos permitindo o retrocesso? Convido avaliarmos as formas de educar nossas crianças, especialmente os meninos, que são alvos de um movimento de radicalização na internet contra as mulheres, estimulados pelos algoritmos.

Sugiro aplicação de leis mais rígidas às autoridades sobre os casos de violência contra as mulheres. Convoco a imprensa a promover jornalismo solidário, aquele que ajuda a comunidade e leva informações preventivas em áreas com pouco acesso e que podem salvar vidas. E insisto as instituições acadêmicas, que desempenham um papel crucial de desenvolvimento do cidadão, que se façam presentes através dos projetos de extensão, serviços e soluções para questões locais do nosso estado.

As demandas são várias e todas dependem de ações para mudar esse problema que é de saúde pública. É para frente que se anda. Por isso não podemos recuar e dar margem para o atraso de sermos arrastados para a idade das trevas. E nem permitir, que a falta de ações de segurança em Rondônia nos deixe retroceder.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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