Quarta-feira, 8 de outubro de 2025 - 15h32
De tempos
em tempos tenho acesso a uma notícia mais absurda que a outra sobre violência
contra a mulher. Dessa vez, foi à notícia da vereadora do Amazonas que no
plenário se afirmou ser “a favor da violência contra a mulher”. Isso mesmo que
você leu. Uma mulher, representante do povo, formadora de opinião afirmando que
“tem mulher que merece apanhar”, alegando ter visto situações em que mulheres
se machucaram sozinhas para acusar homens de agressão, tudo isso em alto e bom
som sem medir o peso dessas palavras na vida de outras mulheres.
Pergunto-me,
o que uma vereadora ganha com esse discurso de ódio, que pode gerar dano moral
coletivo a outras mulheres? A declaração reforça uma realidade machista,
sexista e misógina que vem sendo combatida há anos, mas que ainda é proferida
por muitos.
O
conjunto de crenças de que defende a superioridade masculina e justifica a
subordinação da mulher é o mesmo que coloca mulheres contra as outras e fazem
os discursos como este serem vociferados por elas.
Talvez
para serem aceitas em ambientes predominantemente dominados por homens, elas
seguem reforçando esse comportamento que é resultado do machismo estrutural e que
dita que mulheres não são confiáveis, elas mentem, manipulam e exageram.
O
problema é que esse tipo de reação causa desconfianças em casos de violência
sexual, quando não tem testemunhas, entre a palavra da mulher e do homem,
sempre vai prevalecer a do homem. E por causa dessa conduta seguimos em uma
luta sem fim, onde penamos pela nossa segurança enquanto o machismo nos atinge.
Violência
política é crime. A fala infeliz da vereadora não se enquadra em liberdade de
expressão e nem deve estar protegida pela imunidade parlamentar. O MPAM vai
investigar a vereadora que defendeu a violência. E orientou a presidência da
Casa e aos vereadores que se abstenham de declarações que incentivem violência
sob pena de responsabilização judicial.
Não
podemos mais tolerar essa condição de subordinação que resulta muitas vezes em
violência e feminicídio. Temos que entender de uma vez, que declarações
discriminatórias incentivam a violência e atrapalham as vítimas a denunciarem
seus agressores.
Dias
depois a vereadora pediu desculpas, disse que foi infeliz em sua fala, vai
refletir sobre o ocorrido e se comprometeu a agir com respeito em seus próximos
discursos. Entendo que todos nós estamos sujeitos ao erro, sobre assuntos que
fomos ensinados desde crianças a não questionar. Mas não podemos esquecer sobre
as conseqüências de nossas falas e ações sobre o tema que é de saúde pública e
vem matando milhares de mulheres diariamente.
Que esse
caso sirva exemplo para repensarmos nos discursos de senso comum, baseados em
crenças aceitas como verdades sem questionamento crítico que mais atrapalham
nossas vidas do que nos protegem.
Já entendemos que para cada fase da vida temos tempo e experiências únicas. E que cada momento merece ser aproveitado. Mas pelo visto ainda não comp
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