Sexta-feira, 19 de dezembro de 2025 - 08h05

Ouso
dizer que 2025 foi um dos piores anos para ser mulher no Brasil. Não é exagero.
Nesse ano o nosso país ocupou o 5º lugar do mundo em mortes violentas de
mulheres, segundo o ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos).
As
notícias foram uma mais assustadora e dolorosa que a outra. Entre os absurdos dois
casos recentes se tornaram nacionais. No mês passado, novembro, uma mulher foi
arrastada por um carro em São Paulo, por um homem que se relacionou, e teve
suas pernas amputadas. Em Minas Gerais um homem foi preso por simular um
acidente de trânsito depois de ter matado a esposa.
De
acordo com os dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero, só no primeiro
semestre de 2025 foram registrados 718 crimes de femícidios no país. Já o
levantamento do Observatório da Mulher Contra a Violência, do Senado, indicou
33.999 estupros contra as mulheres de janeiro a junho, uma média de 187 casos
por dia. Se é um pesadelo acompanhar dados crescentes de crimes de ódio contra
elas, imagina como dever ser vivê-los?
Nessa
semana o Presidente Lula cobrou mais ação de políticos no enfrentamento à
violência contra mulher. O governo petista foi responsável por recriar o
Ministério da Mulher, que havia sido extinto no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Também foi aprovada a lei a lei
14.611 de 2023 que obriga a igualdade salarial entre homens e mulheres que
ocupam os mesmos cargos e a lei 14.717 que
institui pensão especial aos filhos órfãos em razão do crime de feminicídio. Mesmo assim precisamos de medidas mais efetivas para
combater o atraso.
Além de leis mais severas e profissionais capacitados para
lidar com o problema que é de saúde pública, ainda falta a integração de dados
sobre violências, para registrar o tamanho do problema e também executar
orçamento destinado ao combate das agressões. Sem esquecer que a prevenção da
violência de gênero precisa começar na infância.
Precisamos entender que a violência do agressor é normalizada
ainda criança. Desde quando os meninos são poupados das responsabilidades
domésticas, na piada machista que fica impune, nos brinquedos delas que ensinam
a serem cuidadoras e responsáveis enquanto deles são incentivados a autonomia.
É quando as famílias se recusam a enfrentar conversas de como ensinar o que é
respeito e consentimento e muitas vezes culpabilizam as meninas vítimas, do
assédio sofrido.
É no discurso de ódio misógino do
movimento Red Pill na internet que propaga teorias da conspiração contra as
mulheres na internet, onde se prolifera rivalidade de sexos e
estimula garotos a odiarem mulheres na vida real. A série “Adolescência”
enfatiza explicitamente como o discurso de ódio digital se transforma em
violência.
Essa violência enraizada é resultado de um sistema que
naturaliza a superioridade masculina e organiza o mundo a partir dessa
estrutura. Onde crianças continuam aprendendo desde cedo, que mulheres são cidadãs
de segunda classe, que vieram ao mundo para cuidar, servir e ser coadjuvantes
da vida deles.
São todos esses padrões que contribuem para o machismo
estrutural que segue colocando homens em posições de poder e privilégio, enquanto
subalterniza as mulheres e as colocam em papéis de cuidado ou menos prestígio,
perpetuando a ideia de que a "vocação" masculina é o poder e a
feminina é a submissão. Prolongando o modelo da figura do homem provedor, trabalhador
ideal, com total disponibilidade que tem alguém (geralmente uma mulher)
cuidando de sua vida pessoal e familiar.
É cansativo defender o óbvio, mas casos de violência contra a mulher só
terminarão quando a educação e a cultura do nosso país forem transformadas.
Para o próximo ano desejo que novas ações de combate a violência contra as
mulheres sejam implantadas e que sejamos mais conscientes com a educação de
nossas crianças, para que seja mais fácil conviver debaixo do sol neste país.
Sexta-feira, 19 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
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