Terça-feira, 19 de junho de 2012 - 17h09
Gripe Asinina é o nome dado pelos médicos, os cientistas que detém a verdade no mundo moderno, à virose. Depois de longas batalhas científicas, por anos a fio, chegou-se a esta conclusão – algo semelhante à gripe suína. Como não há vacina, os médicos recomendam vitaminas de A a Z.
Os cientistas davam o nome de virose às conturbações viróticas que não conseguiam definir, ou seja, toda manifestação que se parecesse com gripe, mas sem identificação clara de seus tipos e cepas, levava o nome de virose. Um tipo de definição genérica.
Esta é, aliás, uma característica da Modernidade Tardia. De modo não conclusivo, mas objetivo, a modernidade pode ser definida com o tempo marcado após a fabricação do Estado Moderno – na esteira da Guerra dos Trinta Anos e da Paz de Vestfália (século XVII). De lá para cá, vivemos sob o mandamento da certeza.
Mas, trata-se de uma certeza relativa. No caso da Gripe Asinina, em que os cientistas não sabiam como diagnosticar, o povo já se antecipava e, com bom senso, dizia que virose é o nome genérico para a ignorância médica.
Todos sabem ou percebem que a ditadura da medicina nos aprisiona com o medo e a culpa, incutidos todos os dias. Todo dia somos bombardeados pela informação de que deixamos de fazer algo “para o nosso bem”. Comemos errado, fumamos, bebemos demais, não andamos ou andamos demasiadamente, somos sedentários ou descontrolados nos exercícios físicos (overtraining), não trabalhamos corretamente ou morremos de estresse e fadiga (como os cortadores de cana).
Todos os dias são anunciados medicamentos sem prescrição definida, assim como doenças inimagináveis (Dr. House). E todos ali, fixos na TV, na net, como ignorantes ávidos a comprar mais complexos, anotar sintomas no fundo da alma, já motivados pela culpa de não termo-nos prevenido.
Há décadas, em texto iluminado, o filósofo francês Michael Foucault desvendava partes da modernidade e de nosso aprisionamento medicinal. Exatamente no marco do Estado Moderno, os príncipes foram alertados pelos burgueses de que a vida é muito mais lucrativa do que a morte. Só a aspirina movimenta mais de 700 milhões de dólares por ano.
Antes dessa fase da modernidade capitalista, o poder era mantido pelo direito de morte: o pai podia decretar a morte de filhos e esposas infiéis, assim como o Estado punia com desterro (direito de morrer longe de casa, abandonado) ou mediante penas cruéis.
Quando perceberam que o prolongamento da vida era um investimento capitalista, administrando os corpos e as energias produtivas, inventaram o famoso direito à vida. “Viva e deixe viver, para o bem do capital” passou a ser o lema.
Com o direito à morte, o poder assentava-se no terror, no tempo finito, nas medidas limiares. O Estado permitia a vida. A própria expectativa de vida mal chegada aos 40 anos. Inclusive a medicina era condenada ao obscurantismo, o estudo da anatomia era proibido porque não se podia violar o corpo de Deus.
Com o direito à vida, o poder expandiu-se para relações sociais e econômicas mediadoras, mais ideológicas, subterrâneas, incutidas na “consciência do faça por você mesmo”. O Estado dá os meios de vida, viva-a o máximo possível – e como puder. Mas, saiba que a culpa pelo fracasso é sua; afinal os “meios de vida” estão aí.
Diante da gripe asinina, no Posto Ipiranga, o sobrevivente responde: “muito bom viu doutor, muito bom!”.
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