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Gente de Opinião

Silvio Persivo

Uma palhinha na fogueira do debate


 
 
A provocação está feita para todos que, de uma forma ou de outra, dependem das mídias, porém, afeta mais particularmente os jornais. Já, no Alto Madeira, de domingo a provocação veio sob a forma da matéria de Antonio Nilton que sob o título “A Imprensa morreu. Viva a nova Imprensa” em que defende a tese de que só haverá salvação para os meios de comunicação se, e somente se, houver mais investimentos, mais criatividade e preocupação com os leitores. É um bom veio a ser explorado. Ou seja, a preocupação com o futuro dos jornais é uma preocupação bem nossa.

Mas não só nossa como comprova a reportagem de capa desta semana da revista Time que aborda exatamente os tempos negros vividos pelos jornais. O autor da análise é pessimista, pois, trata-se de Walter Isaacson, ex-editor da própria Time, que enfoca os jornais americanos apresentando números que comprovam a queda de faturamento das empresas de mídia, enquanto, contraditoriamente, se constata o aumento do número de leitores, em especial mais jovens, que, normalmente, rejeitavam  o formato de jornal impresso. Issacsoon trava uma luta intelectual tentando encontrar caminhos para que as empresas possam sair da sinuca em que se encontram derivada de que a tecnologia democratizou o acesso à mídia global, dificultando os mecanismos de faturamento. Ou seja, como se pode ter acesso às publicações do mundo inteiro num simples clicar de botão qual o sentido de pagar pela notícia? É partindo desta premissa que Isaacson considera que as empresas de mídia estão seriamente ameaçadas e a profissão de jornalista também porque- diz ele- logo as empresas não mais poderão pagar salários justos a seus profissionais e, sem fontes de renda, as empresas desaparecerão.

Bem, a premissa dele me parece complicada na medida em que seu raciocínio é o de que ninguém vai assinar uma publicação se pode lê-la on-line sem pagar um centavo. De resto, com a crise econômica, segundo ele, as coisas ficam piores. E há, lá e aqui, muitas evidências a favor deste argumento. Todo mundo sabe das dificuldades de grandes jornais, inclusive do The New York Times. Ou de fatos acontecidos recentemente como a suspensão das edições impressas do Christian Science Monitor e o Detroit Free Press que são agora somente on-line. No Brasil, os mais notórios exemplos são a Tribuna da Imprensa, do Rio, e a Gazeta Esportiva, de São Paulo – um tradicional jornal de esporte, que somente ainda continuam gerando conteúdo na internet.  A posição de Isaacson é dogmática. Crê que foi um erro a liberação gratuita de conteúdo e sugere um tipo assinatura eletrônica via pay pal como o Wall Street Journal. Não creio que seja o caminho. Acredito que a questão está mais ligada à falta de diversidade, de adaptação à clientela, de qualidade e de circulação do que qualquer outra coisa. Cada caso é um caso, mas, há empresas que estão aumentando seu faturamento e circulação e exemplos de jornais que são distribuídos de graça mostram que a tendência é mais para o “di grátis” do que tentar lutar contra o inevitável que é a liberdade de informação e a tecnologia.

Fonte: Sílvio Persivo
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