Sexta-feira, 31 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

A Inflação na Bolívia


A situação da Bolívia é preocupante sob o ponto de vista econômico. Os dados empíricos que se divulgam sobre sua economia informam que a inflação, a alta continuada dos preços, já se situa em torno de 12% e pode chegar, até o final do ano, a 15%. As razões para isto são várias. No passado recente, graças ao crescimento mundial, o país quadruplicou suas exportações como também, com a “nacionalização” conseguiu obter um acréscimo nas rendas públicas, em especial na área do gás, bem como os bolivianos no exterior mandam das Américas, do Brasil inclusive, e da Europa montantes de recursos similares aos do superávit da balança comercial. Muitos dizem também que o tráfico tem aumentado seus negócios com impactos na circulação de recursos. O certo é que as entradas de divisas, com a política muito prudente de restrições de gastos que o governo tem feito, geram saldos grandes que trocados por pesos geram pressões inflacionárias.

Todo economista, e mesmos os leigos, sabem que são as expectativas que funcionam como motor dos investimentos. E a Bolívia tem um passado não muito distante de hiperinflação que tem alguns fatores se repetindo no momento. Um deles é o fato de que como grande parte dos produtos que consome são oriundos do exterior a questão cambial pesa muito sobre os preços e também a inflação corrói mais os salários menores o que pode redundar em movimentos de reposição salarial que pressionem ainda mais a inflação. Ocorre que sem um conjunto de políticas que considere esses elementos e tendo em vista que, hoje, os bolivianos com dinheiro estão preferindo investir em construções ou comprar imóveis e terrenos não há sinais visíveis nem de crescimento econômico nem de aumento da oferta, ou seja, a economia tende a ficar mais ou menos estável com um quadro de elevação inflacionária.

Evidentemente esta é uma reflexão meramente econômica. E como a economia é influenciada pela política é preciso dizer que esta não tende a ajudar este quadro pouco auspicioso. Não é somente em razão de que há impasses políticos e claros sinais de possibilidades de ruptura do quadro institucional por conta das posições heterodoxas do presidente Evo Morales que tem contra si a maioria dos governos locais. É também porque, em matéria de economia, as autoridades bolivianas não são tidas pelos empresários como confiáveis mercê de declarações contraditórias e/ou medidas que não atacam as causas reais da inflação. Neste sentido a política e a economia se reforçam mutuamente, pois, quando não existe confiabilidade as expectativas tendem sempre a ser negativas e se refletir em aumento dos preços. È hora da Bolívia fazer o dever de casa e cuidar da inflação.

Fonte: silvio.persivo@gmail

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 31 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Baixa taxa de desemprego: pleno emprego ou ilusão

Baixa taxa de desemprego: pleno emprego ou ilusão

A taxa de desemprego no Brasil manteve-se em 5,6% no trimestre encerrado em agosto de 2025, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí

Eu, um desconhecido em Porto Velho

Eu, um desconhecido em Porto Velho

Existe uma sensação peculiar que se instala com o passar dos anos e a vertiginosa mudança do mundo ao nosso redor: a de se tornar um estranho na ter

O Rei que nunca perdeu a coroa

O Rei que nunca perdeu a coroa

É impossível, e centenas de tentativas já provaram isso, desmerecer o notável e duradouro sucesso de Roberto Carlos. Ele reina absoluto na música br

Livro aprofunda os papéis-chave para o crescimento na carreira gerencial

Livro aprofunda os papéis-chave para o crescimento na carreira gerencial

A transição para a carreira gerencial é um desafio complexo que exige uma mudança significativa de mentalidade. Para auxiliar aqueles que percorrem

Gente de Opinião Sexta-feira, 31 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)