Sábado, 31 de março de 2018 - 07h13
Será que estão se dando conta? Três meses já foram. Mais três tem Copa do Mundo, que era só o que faltava para esse ano; soma mais três e – lembra? – Eleições. Nacionais. Para a Presidência, Governo dos Estados, Senado, Câmara Federal. Seria a hora boa para trocar, renovar, arejar, oxigenar. Seria.
Mas nossas mãos embalam um berço ainda vazio. O que poderia vir como novo se dedica especialmente a infernizar a Mãe Pátria, chutando bem a sua barriga, e nessa gravidez múltipla – põe múltipla nisso – com mais de dez candidatos a herdeiro, um tenta enforcar o outro com o cordão umbilical, tomar as forças, tomar a frente, nascer.
E, pior, parece que todos são gêmeos quase idênticos, para o nosso desespero, nós que esperamos aqui do lado de fora. Querendo saber se é menino ou menina, o tom da pele, se vai nos libertar ou censurar; se vai propor o desarmamento de espíritos, se vai querer estudar e ser alguém ou viver de dar jeitinho. Com quem vai parecer. Queremos ver a carinha, saber de que cor vai ser seu enxoval, sua roupinha, se branca, verde ou encarnada. Se cantaremos cantigas românticas, ou hinos nas ruas, com o velho refrão: o povo unido, jamais será vencido.
Ficamos aqui torcendo – pelo andar desse andor – que ao menos nasça de parto minimamente natural. Ao menos isso temos de conseguir nesse meio tempo, já que os nossos desejos ainda terão de ficar esperando. O ovo ainda não mostra a serpente.
Há fantasmas rondando esse berço, vindos de uma espiral do tempo, de 68, 78, 88, por diante, e não são rotações. As farsas se repetem. E nesse futuro-presente vêm ampliadas em redes virtuais, tecnológicas, não humanas, redes que ainda não têm a sua capacidade de destruição totalmente identificada.
Sai pra lá, bicho papão! Dona Cegonha, tenha piedade de nós.
________________________________________________________
Marli Gonçalves, jornalista – Que confusão é essa? Que bandalheira é essa? Que gestação é essa, que nós é que sentimos as contrações?
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
Brasil, lépido 2018
Sensibilidade, com ou sem razão
Andei percebendo que tenho excesso de sensibilidade, aliás, de sensibilidades, tantas são as coisas que, de alguma forma, cada vez mais ou emocionam
Nosso novo (e velho) cotidiano
Acordamos cedo e logo corremos para conferir se tem alguma guerra nova, se já estourou a Terceira, qual foi ou será a ameaça do dia vinda dos belico
Falo daqueles zunzuns que ficam ali, incomodando, alguns durante anos, meses, dias, horas. Zumbidos que chegam aos pensamentos e dali não saem. Vai
Tem tanta coisa “na moda” que a gente fica até atordoado, principalmente se tem uma invocação pessoal quanto ao termo que parece sugerir a obrigação