Sábado, 26 de julho de 2025 - 08h00
Momento pavoroso vivemos, o país sombrio em um
compasso de espera, inseguro. Que momento triste este ao qual o mundo assiste
diariamente a famélicos sendo abatidos enquanto estendem pequenas bacias por
alimentos e água em meio a tumultos e tiros. Tem mais, e não dá mesmo para
fingir que está tudo bem.
Nos juraram há décadas que jamais veríamos novamente
horrores como os da Segunda Grande Guerra, mas não é de hoje que se multiplicam
e, agora, pleno Século XXI, surgem diariamente ainda mais violentos diante de
nós – não há como fechar os olhos, tampar os ouvidos e não falar sobre isso,
como os famosos macaquinhos. As coisas se juntam de forma assustadora, na
geopolítica, na diplomacia mundial, nas emergências climáticas, nos ataques de
poderosos, e os nossos do dia a dia, onde nem andar de ônibus mais é tranquilo;
nem andar nas ruas. Nem ser mulher. Ser gente anda bem perigoso. Os números do
aumento da violência recém divulgados são aterrorizantes.
Não há IA, IB ou C, guru ou previsão de futuro que melhore
esse quadro que acaba, como disse um amigo, deixando esse ar tão pesado. Ele
comentava sobre a dificuldade de temas para escrever, e o que é verdade. Os
leitores (e nós, que escrevemos) tentam fugir dessa realidade, amam quando
entregamos textos mais divertidos. Mas chega uma hora que é impossível, por
favor, perdão, entendam.
"Mãos ao alto!". O país mais poderoso do mundo
nos ataca, chantageia, e agora até aponta com desfaçatez um “preço” para que
possamos seguir sem problemas econômicos que podem se tornar bem graves daqui a
menos de uma semana se efetivados com tarifas escorchantes impostas sobre os
nossos produtos. Agora, além de atentar contra decisões do Judiciário, botaram
o olho gordo sobre as nossas riquezas, as terras raras, alguns de nossos minérios.
Querem acesso às reservas, somos a segunda maior do mundo, de nióbio, lítio,
grafite, cobre, cobalto, urânio, entre outros elementos. Terra brasileira, já
marcada ao longo da história, colonizada, explorada, roubada. Desrespeitada.
Soberania é bom – e dela devemos gostar e defendê-la com unhas e dentes.
No campo internacional, digam, como sermos felizes ao
despertar diariamente informados – e como se fosse normal - de dezenas de
mortes, muitas crianças que nada tem a ver com guerras dos homens? Em Gaza,
como se fuziladas diante de um paredão, mas sem vendas, apenas empunhando latas
velhas, bacias e tigelas vazias e encardidas, ossos à mostra, imagens marcantes
que correm o mundo, indiscutíveis realidades. Ok, não, não esqueci nem da
África, nem da Ucrânia, nem do raio que o parta dos terroristas do Hamas. Mas
vejo também o povo de Israel nas ruas contra os desmandos de seu empedernido
dirigente, pedindo apenas que parem. Esperando a volta dos reféns ou apenas de
seus corpos.
É um caldo grosso e amargo que não desce pela goela. É o
destempero e verdadeira loucura em atitudes, como as de tacar pedras em ônibus,
envenenar crianças com bolinhos, sequestrar, estuprar ou matar mulheres a
facadas, as despedaçando ou desfigurando, adolescentes matando adolescentes.
Gente matando gente por nada, pela rua em discussões vãs ou por mero prazer,
inclusive executadas por policiais que deveriam estar nos protegendo.
Aqui e ali, algum protesto. Aqui e ali, também, algum
devaneio verbal vindo do fígado do governante, acuado, e o que não ajuda em
nada o equilíbrio. Aqui e ali, mais alguma chantagem do Congresso e da oposição
do momento que é repleta de ignorância, e que nem se pode dizer de direita, nem
sabem o que é isso, acham bonito serem horríveis. Aqui e ali, ainda, a vaidade
na mais alta Corte, onde no plenário trocam gentilezas e, nos corredores,
olhares tortos, fofocas e senões. A informação, essa musa, mastigada ao bel
prazer de interesses. Aqui e ali, "Mãos ao Alto!".
Você está sendo filmado, só para depois virar notícia. Uma
hora a coisa estoura, e o agourento agosto já bate à porta.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, cronista, consultora de
comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom
para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na
Amazon). Vive em São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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