Sábado, 7 de junho de 2025 - 08h00
Amigo, cada amigo, marca um passo e um compasso.
O tempo vai passando, vai chegando perto o fecho de mais um ano de vida,
algumas décadas, e as lembranças e emoções ficam mesmo à flor da pele. Tem mais
o que lembrar; mais muito até o que esquecer também. Nesta costura toda são os
amigos que pontuam o que fizemos ao longo da trajetória, muito mais até do que
os amores.
Pensava nisso agora, nessa quase inexplicável coisa de
amizades que às vezes a gente nem sabe bem onde começou, porque consideramos
tanto mesmo que tenham sido poucos encontros, ou que estes tenham sido perdidos
no tempo, mas inesquecíveis. Ultimamente, com a vida digital, temos amigos até
que nunca encontramos pessoalmente, mas estão ali sempre dando forças, te
acompanhando, mandando mensagens, carinho e conforto. Não são meros seguidores.
Falo de relações criadas, que tenho sorte de manter com muitos dos meus
leitores, e que vocês talvez nem imaginem a diversidade deles. Os pontos de
identificação.
Como dizia, pensava nisso e foi até engraçado por
coincidência assistir o rompimento público de uma amizade explosiva, a entre
Donald Trump e Elon Musk, os milionários poderosos e extravagantes que antes
rasgavam seda um para o outro e agora de uma hora para outra se espetam com
farpas que podem acabar revelando incríveis tramas. Ambos extravagantes
senhores de ideias e atos que fazem o mundo tremer e temer. Cá estamos nós, no
meio, e torcendo, claro, para a briga.
Amizade e poder nem sempre combinam, temos exemplos.
Rompimentos de qualquer forma nunca são bons, carregam além de informações,
mágoas.
No meu caso, ainda estranho muito não ter mais por aqui
muita gente que possa contar de minha trajetória toda, perdi muitos amigos no
caminho, outros acompanharam só certas fases. Guardo com carinho as poucas
amizades que tenho de escola, universidade, as agora espalhadas até em outros
países e fusos horários.
Encontrá-las muitas vezes me levam às lágrimas, como se ali
o tempo voltasse, ativando a memória e as situações vividas. Mas cada vez mais,
com a idade, isso fica pra trás e apenas sobram daqui as próprias e íntimas
recordações dos afetos reais e cada vez mais difíceis de serem criados fora das
tais redes.
Essa nostalgia vem da força da tristeza sentida pela perda
recente de mais um amigo, Marino Maradei, que não encontrava há décadas, mas
que jamais deixou de estar presente com a gentileza que marcou sua existência
desde que nos conhecemos e trabalhamos juntos por um período. O que chama
atenção é como a gente é capaz de se surpreender com o quanto distraídos
podemos estar de quem até por poucos detalhes foi amigo influenciador de sua
trajetória.
Com o tempo temos de nos acostumar – ah, como se isso fosse
mesmo possível - com partidas. E delas extrair a sabedoria deixada, os planos e
legados que puderem ser continuados, os exemplos a serem seguidos. Marcando
nossos aniversários.
Ainda estamos aqui. Como andam dizendo, a vida presta.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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