Quinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Leo Ladeia

MP e o paradoxo do bom serviço


MP e o paradoxo do bom serviço - Gente de Opinião

Festas populares tradicionais são previsíveis
e ao poder público cabe orçar os recursos para atende-las,
reza o planejamento como regra.
Mas não é o que ocorre


O termo foi sugerido a partir dos inúmeros e diversos atendimentos de saúde prestados pelo João Paulo II, quando o hospital passou a ser referência para quem penava no atendimento precário nos quase que improvisados postos de municipais e no Hospital de Base em Porto Velho. Tiro, facada, unha encravada, queda, febre, dor de cabeça, diarréia, barriga d’água, bicho de pé, tudo seguia para o João Paulo II e, de repente o bom serviço que era prestado se desfez. Pacientes estavam no chão e as ambulâncias vindas do interior, na fila para desovar novos casos.

Agora o caso é diferente, mas de novo a encruzilhada. O paciente é a cultura que no leito, espera o soro salvador e de novo o que se vê é a busca desesperada, fora de propósito e tempo para solucionar algo que é tão previsível quanto o carnaval, flor do maracujá, natal, duelos da fronteira, etc. É dureza repisar um tema que tem o mesmo enredo, mesmas soluções, mesmos atores, mesmas emendas e associações de velhos e contumazes pilantropos. A fórmula é tão simples que nos passa despercebida em razão do fatiamento feito para pulverizar o dinheiro público.

Em sã consciência quem vai analisar com lupa, a realização e prestação de contas de um evento religioso numa cidade distante, que recebeu emenda parlamentar - legal, diga-se de passagem - de R$ 67.300,00 para fazer a felicidade de muita gente e tudo amparado pela lei?  Só se for o MP, quando sente o “cheiro de arroz queimado” e... foi o que aconteceu.
 

Assista reportagem do RO Record na TV Candelária, canal 11

Festas populares tradicionais são previsíveis e ao poder público cabe orçar os recursos para atende-las, reza o planejamento como regra. Mas não é o que ocorre. Sem orçamento, os competentes – no sentido de que lhes cabe a competência –  dirigentes órgãos seguem batendo seus carimbos e jogando paciência em seus computadores até que um produtor artístico ou ativista cultural surge à sua frente “buscando uma parceria”, já com o mapa do tesouro na mão, com indicativos de quem fará o evento, como será a prestação de contas, etc. Para o poltrão com seus carimbos, holerite e sem recursos orçados é mamão com açúcar.

Se isso lhe fez lembrar a Flor do Maracujá, tudo bem, mas é só como exemplo. Vale também para o Joer, festas agropecuárias e até escolha de reis da 3ª idade, mas não só isso.  Buscar dinheiro que já foi gasto é como ensacar vento em biruta de aeroporto, mas continuar com a torneira aberta é impossível.

Com zilhões de coisas para se preocupar e com uma prestação de serviços impecável em diversas áreas, o Ministério Público reservou um tempo precioso para descobrir o tamanho da falcatrua e, do jeito que as coisas andam e com o MP a cada dia mais atuando em áreas que em tese não seriam de sua alçada, chegará o dia em que processos relevantes serão travados por picuinhas cartoriais de parlamentares, ou pela ineficiência e inaptidão governamentais para o exercício de prerrogativas dos eleitos pelo povo. Aí é só esperar. O acúmulo de serviços irá gerar a inoperância do MP que certamente será reverberada e cobrada com a mesma força das interdições de alas, salas de cirurgia e casos de miíases do João Paulo.

O Ministério Público tem dois caminhos a seguir: o conforto do laissez-faire ou a antipatia do break. Até o freio está funcionando, apesar do berreiro cultural. De novo, o paradoxo da boa prestação de serviços. 

Leo Ladeia 

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Política & Murupi - Adivinhando o passado

Política & Murupi - Adivinhando o passado

As rendeiras e pitonisas de ocasião estão mexendo seus bilros e metendo a faca no tronco da bananeira para descobrir o nome que vai “tomar de conta”

Política & Murupi - Lacração poligênero contra a Natália

Política & Murupi - Lacração poligênero contra a Natália

Segue firme a lacração de seres masculinos e femininos contra a médica que sofreu agressões do filho do Sêo Lule, que nada tem com o comportamento d

Política & Murupi: se a moda pega, a operação dominó-RO terá releitura

Política & Murupi: se a moda pega, a operação dominó-RO terá releitura

1.1-O novo mapa mundi, a arte do Pork-Man e a ex-quadratura da terra Até o IBGE, o insuspeito, entrou para o mundo fake com o “mapa mundi” em que a

Política & Murupi - Somos um país de poucos heróis e muitos ídolos

Política & Murupi - Somos um país de poucos heróis e muitos ídolos

01-No meu leito de convalescente tentava me inteirar da mais recente refrega alexandrina quando fui catapultado para outros momentos da vida brasile

Gente de Opinião Quinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)