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Hiram Reis e Silva

31 de março de 1964 (Parte I) - Almirantes Denunciam Comunização do País


31 de março de 1964 (Parte I) - Almirantes Denunciam Comunização do País - Gente de Opinião

Bagé, RS, 26.03.2019

 

Propaganda significa combater em todos os campos de batalha do espírito, gerar, multiplicar, destruir, exterminar, construir e abater. (Joseph Goebbels)

Antes de se deixar levar por comentários sectaristas da mídia adestrada e comprometida com a “velha política” que só deu certo para seus protegidos, regiamente patroci­nados, vale a pena observar o noticiário da época ainda não contaminado pela corja facciosa que se infiltrou crimino­samente nos meios de comunicação e estabelecimentos de ensino copiando, com paixão desenfreada, os 11 princípios do Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, fazendo com que a racionalidade e o bom senso fossem totalmente eliminados pela propaganda massiva. Outro cenário, outro povo, novos tempos e esta sinistra história se perpetuou na nossa amada e vilepediada Terra Brasilis nas três últimas décadas, as “Décadas Perdidas”.

 

Jornal do Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ

Domingo e Segunda-feira, 29 e 30.03.1964

Almirantes Denunciam Comunização do País

Em manifesto ontem lançado à Nação, Almirantes e oficiais de Marinha afirmaram que “continuam unidos  dispostos a resistir por todos os meios ao seu al-cance às tentativas de comunização do País”. depois de “alertarem o povo para o golpe aplicado contra a disciplina na Marinha ao admitir-se que minoria insignificante de subalternos imponha demissão de Ministros e autoridades navais e se atreva a indicar substitutos”.

Em lugar de promover-se a devida punição disciplinar — diz o manifesto — licenciam-se marinheiros amotinados que não representam absolutamente os dignos suboficiais, sargentos. marinheiros, fuzileiros que, em compacta maioria, continuaram e continuam fiéis ao seu juramento de disciplina e de dedicação a Marinha”.

“O que este golpe representa de ameaça a todas as instituições do Pais está patente na forma e na essência” — conclui o documento — “e só nos resta alertar a Nação para que se defenda, enquanto estão de pé as instituições e os cidadãos dignos da liberdade e da Pátria”. [...]

Em manifesto à Nação. o Clube Naval afirma que “o grave acontecimento que ora envolve a Marinha de Guerra, ferindo-a na sua estrutura, abalando a disciplina, não pode ser situado apenas no setor naval. É um acontecimento de repercussão nas Forças Armadas e a êle o Exército e a Aeronáutica não podem ficar Indiferentes. Carateriza-se claramente a infiltração de agentes da subversão na estrutura das Forças Armadas. O perigo que isto representa para as instituições e para o Bra-sil não pode ser subestimado”.

O Presidente João Goulart, em declarações ontem distribuídas à imprensa, ressaltou “a decidida colaboração do Exército e da Aeronáutica, a cuja unidade, disciplina e alto patriotismo deve o País a rápida superação da crise, que, se prolongada, po-deria nos conduzir a caminhos mais perigosos”.

O Ministro da Guerra, General Jair Dantas Ribeiro, enviou aviso aos Comandantes de todas as guarnições do Exército, dando por encerrada a crise surgida na Marinha e informando que os fatos que possam sobrevir, capazes de abalar a disciplina na Armada, serão solucionados pelo Ministro Paulo Mário da Cunha Rodrigues. [...]

Tanto na UDN como no PSD, cujos lideres estão consultando as suas bancadas de deputados, há uma forte inclinação para a rejeição do projeto de anistia aos sargentos rebeldes de Brasília, que está na pauta da sessão de hoje da Câmara Federal para votação.

Na Ilegalidade

As fotografias dos sediciosos em festa formam o retrato de corpo inteiro da ilegalidade. Das situações de ilegalidade que precedem revoluções como a de 1917 na Rússia.

O estado de direito submergiu no Brasil. Estamos vivendo uma situação de fato, onde não existem figuras constitucionais. Só restam como válidos aqueles que detém o poder de agir para restabelecer o estado de direito. Ou permitirão que o País se estilhace numa guerra civil?

As Fôrças Armadas foram todas, — todas, repetimos — feridas no que de mais essencial existe nelas: os fundamentos da autoridacle e da hierarquia, da disciplina e do respeito às leis militares. Sem êsses fundamentos, a hierarquia se dissolve e em lugar dela surgem as milícias político-militares, preconiza­das pelos comunistas e fidelistas.

Nesse quadro de fatos a figura do Presidente se confunde e se turva. Quando estão em jogo os fundamentos da ordem e do estado de direito, quando a indisciplina e a sedição não são punidas pelos detentores do poder legal, pouco importa saber se o Presidente ainda governa ou não. Se é ou não prisioneiro de uma minoria  audaciosa que invadiu o poder legal para atirar a Nação à situação de fato que ora ela vive.

A Marinha de Guerra do Brasil é peça essencial do conjunto das Fôrças Armadas. Se sua estrutura e sua existência estão ameaçadas e fendidas, o Exército e a Aeronáutica não podem ficar indiferentes. Porque não podem ficar indiferentes a si mesmos e ao papel que desempenham na preservação de um mínimo de vida civilizada e democrática.

Esta não é a hora dos indiferentes. Principalmente no Exército, que tem poder preventivo capaz de impedir males muito maiores do que aqueles que já nos atingem sob a forma de insegurança pessoal e familiar. Numa situação de fato ninguém tem o direito de ficar indiferente. A audácia dos líderes comunistas, no soviete de operários e marinheiros instalado vitoriosamente na Rua Ana Néri, convenceu os mais cépticos de que chegou a hora de resistir, por todos os meios.

Sim; pregamos a resistêcia. O JORNAL DO BRASIL e o País querem que sejam restabelecidos a legalidade e o estado de direito.

Mas isso só será possível quando existirem Fôrças Armadas intactas. Quando o germe da divisão fôr eliminado das Fôrças Armadas, quando as ideologias não tiverem nelas ingresso para explorar certas reivindicações que podem ser justas, mas que jamais deverão ser defendidas pelo caminho da sedição e da indisciplina.

Sem o restabelecimento da hierarquia e da disciplina, sem a recomposição e a restauração da Marinha em sua integridade digna e respeitada, não existirá legalidade possível. Não voltaremos à legalidade enquanto não forem preservadas a disciplina e a hierarquia das Fôrças Armadas. Primeiro, portanto, vamos recompor os alicerces militares da legalidade — a disciplina e a hierarquia — para depois, e só depois, perguntarmos se o Presidente da República tem ou não condições para “exercer o Comando Supremo das Forças Armadas”.

 

Solicito publicação

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: [email protected];

Blog: desafiandooriomar.blogspot.com.br

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