Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Carlos Henrique

Rachadão do Pix: o vôo de Ícaro de Lira


Rachadão do Pix: o vôo de Ícaro de Lira - Gente de Opinião

O parlamento brasileiro deveria agradecer ao ministro Flávio Dino, antes de condená-lo pelo bloqueio das “emendas Pix”. A quem, afinal, esperam convencer os deputados e senadores da própria inocência, quando destinam, sigilosamente, emendas a Prefeituras e afins (ops).

Ora, diabos, as emendas parlamentares existem para que suas excelências enviem recursos às bases eleitorais. É uma forma de mostrar serviço e conquistar votos. Como, afinal, fazer isso no anonimato? Como é que o eleitor poderá saber que seu deputado destinou uma grana para o município? Talvez isso seja exatamente o que interessa: que ninguém saiba qual o endereço da grana.

É evidente que a destinação de emendas sempre geram um generoso cashback. Há exageros, obviamente. Há quem exija estorno de 50% para o bolso parlamentar, mas isso já não é emenda, é rachadinha. Quem aceita e tem que prestar contas, celebra contrato prévio com um tempo na cadeia. De qualquer forma, assim como as rachadinhas originais, quase todo o mundo pratica.

Às vezes dá problema, como aconteceu no caso do senador Flávio Bolsonaro, agravado pela arrogância do pai presidente da República. Se houvesse alguma humildade no trato da coisa, tudo poderia se resolver como mais um caso de valor irrisório, dentro do princípio da insignificância. Mas a fúria de Bolsonaro amplificou a questão de tal forma que não será surpresa se o senador acabar por isso atrás das grades.

Mas, de volta às “emendas Pix”, a reação do presidente da Câmara, Arthur Lira, pode levá-lo a provar o tal “vôo de Ícaro”, sobre o qual advertiu o ministro Flávio Dino. Não é mais uma simples suspeita de escamoteamento de recursos públicos quase diretamente para cuecas parlamentares. As denúncias se multiplicam e basta uma canetada ministerial para a PF sair em campo.

Por isso a situação recomenda cautela. Lira sabe que vai perder poder se lhe retiraram a administração das emendas, que tomou do executivo. Especialmente no momento em que se aproxima a eleição de seu sucessor. Isso pode tirá-lo do trono e devolvê-lo ao ostracismo, conforme já aconteceu com tantos superpoderosos que o antecederam. É o que o conduz ao desespero. Que, convenhamos, é um péssimo conselheiro. Melhor entregar os anéis. E preservar as asas.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 13 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A cegueira da estupidez

A cegueira da estupidez

Você, leitor, já ouviu falar do “Efeito Dunning-Kruger”? Trata-se do  princípio definido em 1999, a partir do estudos de dois psicólogos americanos,

DNIT não cancela ponte Brasil-Bolívia

DNIT não cancela ponte Brasil-Bolívia

“Suspender é diferente de cancelar”, esclarece importante autoridade ligada ao gabinete do senador Confúcio Moura. É o que também deixam claro os di

Prejudicado no MDB, Roberto Alves concorre em Cacoal pelo Avante

Prejudicado no MDB, Roberto Alves concorre em Cacoal pelo Avante

"A democracia é a pior forma de governo" - teria ironizado o então primeiro  ministro inglês, Winnston Churchill, para acrescentar: - "Exceto por t

Destino salvou Trump para nova derrota

Destino salvou Trump para nova derrota

Não sou profeta! Não me atribuo poderes mediúnicos, nem tenho bola de cristal. Mas o pensamento lógico me permitiu antever uma saída digna de Joe Bi

Gente de Opinião Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)