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Carlos Henrique

Ex-vereador aplica “coup de force” em senadores e deputados


Carlos Henrique - Gente de Opinião
Carlos Henrique

Poucas vezes vi um “coup de force” tão bem aplicado, nos meus muitos anos de cobertura política. E olha que estou nessa vida há mais de meio século. Pode também ser chamado de “mata leão” argumentativo o discurso do ex-vereador Jabá Moreira, de Cacoal. Ele deixou com falta de ar os senadores Marcos Rogério e Jaime Bagattoli, além dos deputados Crisóstemo, Maurício Carvalho e Fernando Máximo. O ex-vereador transformou em verdadeira pantomima a audiência pública patrocinada pelo Senado na Câmara Municipal de Ji-Paraná a pretexto da discussão rigorosamente fora de hora da concessão da BR-364.

 

A iniciativa, da Comissão de Infraestrutura do Senado, presidida pelo senador Marcos Rogério, buscava encontrar uma justificativa perante o eleitorado rondoniense para o descaso da bancada federal em relação ao processo de concessão da rodovia. Seria algo como recuperar o prejuizo. Como se fosse possível reverter, com aquela patacoada, o que já está consolidado pelo processo licitatório. Não é! Pode-se aplicar aí o celebre postulado do consagrado filósofo Luiz Roberto Barroso, ministro presidente do STF: - “Perdeu, Mané!”

 

Circula na web, via “globalnoticias.com.br”, uma referência furiosa ao episódio. O texto culpa o governo do estado e a Sesau pelo que chama de “tentativa de tumultuar o ambiente institucional”(???). Sem responder aos questionamentos de Jabá Moreira especialmente dirigidos ao senador Marcos Rogério, o texto diz que sua manifestação indica “despreparo e desespero de quem, ao que tudo indica, teme o avanço do controle e da fiscalização dos atos do governo estadual”.

 

O que, acredito, deveria ser uma resposta contundente ao ex-vereador, parece ter pegado um desvio na concessão da BR-364 para denunciar filas nos hospitais, estradas esburacadas e “serviços públicos precários”. Além de um cargo comissionado na Sesau, com salário de R$ 22.590,61, ocupado pelo ex-vereador. Claro que ninguém imaginou comparar isso com os rendimentos dos políticos que ocupavam a área nobre do plenário da Câmara Municipal de Ji-Paraná naquele evento.

 

Mas vamos lá: filas nos hospitais, estradas esburacadas, precariedade do serviço público e o excelente salário do ex-vereador justificam em que medida o imobilismo de dois terços de nossa representação no Senado e parte da bancada de deputados federais em todo o processo licitatório da Concessão? Em que ponto isso deixa de ser tarefa de vereadores e deputados estaduais para virar tema de debate em audiência pública sobre a concessão da BR patrocinada pelo Senado da República?

 

Evidentemente, tudo isso merece ser discutido e fiscalizado. Mas, não é coisa de senador, como Marcos Rogério já deveria saber, depois de sete anos de mandato. Os demais convivas federais dessa reedição do “Febeapá” (Festival de Besteiras que Assola o País), senador Jaime Bagattoli e deputados Coronel Chrisóstomo, Mauricio Carvalho e Fernando Máximo não fazem idéia do que fazer por lá, a não ser negociar a destinação de emendas.

Não estou sugerindo que haja alguma ilegalidade no processo de destinação das emendas parlamentares. Disso já se encarrega a Polícia Federal. Mas quem conhece o setor de obras públicas sabe que é até natural a inserção de um providencial “delta” na composição de custos das empreiteiras.

 

A propósito do “political coup de force” aplicado pelo ex-vereador Jabá Moreira, que literalmente instalou um “clima de barata voa” na audiência pública em Ji-Paraná. Se verdadeira a conversa do gordo salário de assessor comissionado da Sesau, o quer se pode dizer é que ele vale cada centavo. Chama inclusive a atenção a desenvoltura com a qual os protagonistas da paródia parlamentar “passam recibo” no episódio. Foi uma resposta digna de conduzir o ocorrido a um lugar de honra no anedotário político da região. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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