Golpe de mestre da
direita coloca o presidente da Câmara, Hugo Motta, em uma verdadeira
sinuca de bico ao explorar espertamente sua irritação com o ofício do
ministro Cristiano Zanin, do STF. O documento informava à mesa diretora
que a casa pode sustar o julgamento do deputado Alexandre
Ramagem (PL-RJ) em apenas dois dos crimes de que é acusado, porque
cometidos após sua diplomação, conforme estabelece o artigo 53 da
constituição.
Indignado
com o que imaginou intromissão indevida, Hugo Motta decidiu colocar em
votação a proposta do PL, que susta integralmente o processo, para
livrar inclusive Bolsonaro, pela tentativa de golpe. Foi uma vitória
cabal e acachapante: 315
votos a favor e 143 contra. Os deputados diziam ser necessário “dar uma
resposta à intervenção do STF nas prerrogativas do parlamento”, mas em
verdade queriam abrir uma porta para quando chegar a vez de cada um, nas
inúmeras investigações que correm por conta das emendas “Pix”.
Foi aí que
o presidente Hugo Motta embarcou na jogada de xadrez conhecida como “O
Gambito da Rainha” - abertura na qual as brancas sacrificam um peão para
dominar o centro do tabuleiro e ganhar o jogo. O PL sabia ser
inconstitucional o texto aprovado. E que o Supremo não iria aceitar,
conforme de fato aconteceu, por decisão unânime dos ministros da
Primeira Turma. Ramagem foi apenas o peão sacrificado logo na abertura
do jogo.
A Primeira Turma
nem “conheceu” o projeto de resolução aprovado pelos deputados. Foi
sustado apenas parte do processo contra Ramagem pelos dois crimes
cometidos em oito de janeiro, após sua diplomação (dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado). Exatamente como esclareceu o ministro Cristiano Zanin em seu ofício. Mas terá que responder por Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Tentativa de Golpe de Estado e Organização criminosa.
O jogo, porém
não acaba aí. O PL vai entrar com todos os recursos possíveis, que
serão igualmente negados. Enquanto espera manter mobilizado o
ressentimento do grupo vitorioso de 315 deputados, manipulando a
indignação da Casa contra o STF. A estratégia é requentar em fogo brando
a proposta de anistia geral e irrestrita. Resta ver se Hugo Motta
resiste ou entrega de vez a chave da Câmara ao líder do PL, Sostenes
Cavalcante.
Habemus Papam
Sei não, mas
deve haver um intenso treinamento, acrescido de formidável harmonização
facial para que um cardeal se apresente, logo depois de eleito Papa,
com uma imagem beatífica, serena, contemplativa, piedosa, fervorosa,
devocional e seráfica. Mas não é apenas isso. O até agora mesmo cardeal
americano Robert Prevost exibe tudo isso logo quando fala pela primeira
vez como Papa, para conceder aos fiéis do mundo inteiro sua primeira
bênção “Urbi ET Orbi”. Coisa capaz de fazer qualquer cristão “quedar-se
genuflexo”. Como diria o ex-senador Amir Lando em um de seus arroubos
lingüísticos.
O Certo é que o
Papa, vestido como Papa logo após a fumaça branca, apresentou-se na
sacada da Basílica de São Pedro já com cara de Papa, como se tivesse
nascido pra isso. Sua serenidade é definida pela IA como algo
“capaz de trazer felicidade, bem-aventurança, uma sensação de paz e
contentamento. Pode também referir-se a algo relacionado com a visão
mística e celestial da alma, em particular a visão beatífica de Deus -
felicidade suprema. Para os católicos, sua imagem especialíssima é
resultado da ação do Espírito Santo, o mesmo que transformou em
poliglotas os pescadores broncos que Jesus selecionou para compor seu
apostolado.
Pode ser! Mas
Prevost deve ter facilitado o trabalho, coisa que não acontece, por
exemplo, com Michele Bolsonaro, quando pega o microfone e desanda a dar
pulinhos nos palanques, dizendo-se possuída pelo Espírito Santo. Se é
assim, o melhor que consegue é incorporar a confusão mandada por Deus
para dispersar os trabalhadores da Torre de Babel (Gênesis 11). Mas
pelo menos assim ninguém consegue entender as bobagens que diz em
línguas estranhas, enquanto saltita de um lado para outro como anfíbio
anuro assanhado.
COMENTÁRIO
Selecionei, entre os comentários recebidos, um em especial, porque enviado por um grande amigo juizforano, Wellington Roberto Tavares.
“O
semblante sereno e jovial do novo Papa, certamente tem a ver com todo
preparo para a nobre função. Assim como outros também estão em constante
preparo. Afinal, nunca se sabe quando a fumaça branca será acionada.
Quanto
a Michele, é faniquito mesmo, próprio de gente que não tem o que fazer,
a não ser ficar circulando com um maquiador a tiracolo. Provavelmente
gastando o dinheiro do pix recebido do gado e outras ‘contribuições’.
Tudo em nome de Deus.
Aff!”

Terça-feira, 13 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)