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Carlos Henrique

“Congresso não vai perdoar se governo recorrer ao STF”


 “Congresso não vai perdoar se governo recorrer ao STF” - Gente de Opinião

Calma lá! Não é de minha lavra o despautério aí de cima. Quem disse isso foi o imortal Merval Pereira, 75 anos, presidente da ABL e colunista de O Globo. Reproduzo o título de seu artigo de sexta-feira mais pelo que sugere do que efetivamente diz. É como uma ameaça de Benjamim Netanyahu aos sobreviventes famélicos da faixa de Gaza: - “Fiquem quietos, pois tudo pode piorar”.

 

Merval Pereira não conseguiu refrear o que parece ser a sedução de imortalizar-se como “imorrível”, à semelhança daquele outro, que somente passa a merecer citação a partir da sentença condenatória no STF. O colunista ainda vaticinou: - “É difícil, quase impossível que o Congresso volte atrás, pela maneira como foi feita e com a vitória avassaladora. A única maneira é a negociação de um corte de gastos”.

 

Claro que ele não diz onde cortar, mas pensa claramente no óbvio: começa pelo congelamento do salário mínimo, aposentadorias, bolsa família e benefícios sociais. Além da sempre presente desvinculação da saúde e educação. E o Imposto de Renda fica como está! Que negócio é esse de isenção para quem recebe até R$ 5 mil? Querem destruir o país? Nem ao menos lhe ocorre a possibilidade de cobrar IR dos ricos, que hoje pagam 2,5%, enquanto uma pessoa que ganha R$ 4 mil paga 15% de imposto, e quem recebe R$ 5 mil, 22,5%.

 

Ajusta-se aqui, à perfeição, ao pensamento do presidente do “clube dos imortais” a resposta do jovem poeta Antero de Quental a um crítico já avançado em anos, por uma observação tola sobre a geração de novos poetas: - "Levanto-me quando os cabelos brancos de v. ex.ª passam diante de mim. Mas o travesso cérebro que está debaixo e as garridas e pequeninas cousas, que saem dele, confesso não me merecerem nem admiração nem respeito, nem ainda estima. A futilidade num velho desgosta-me tanto como a gravidade numa criança. V. ex.ª precisa menos cinquenta anos de idade, ou então mais cinquenta de reflexão”.

 

Na verdade, o enfrentamento é a única alternativa que resta ao governo. Deputados e senadores não estão preocupados com a economia. Nem poderiam, pois todos os indicativos são favoráveis ao governo. E o país continua a crescer, mesmo com os juros nas alturas, com sucessivos recordes na queda do desemprego, inflação um pouco elevada, mas sob controle, e aumento real do salário mínimo bem acima da inflação.

 

O que apavora de verdade os nobres parlamentares é o STF, com destaque para o ministro Flávio Dino, por conta das emendas parlamentares. Já não é tanto pela perspectiva de acabar com a distribuição futura das emendas parlamentares. O que apavora mesmo é a investigação da PF das emendas passadas, considerável parcela das quais foi dirigida aos bolsos ávidos de suas excelências.

 

Consta que estão sendo investigados, pela Polícia Federal, 82 “representantes do povo”, uma bancada expressiva. Por isso vão continuar a fustigar o governo, na esperança de que Lula controle seu ex-ministro da Justiça. Lula não tem esse poder. Dino não é Nunes Marques ou André Mendonça, os tais 20% da corte que Bolsonaro diz controlar.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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