Domingo, 3 de agosto de 2025 - 08h10

“Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim”.
(Cazuza,
Nilo Romero, George Israel)
Hoje acordei com a notícia que a
Justiça Federal quer explicações da Agência Nacional de Energia Elétrica -
Aneel se houve facilitação para renovar contratos com empresas distribuidoras
de energia elétrica, sem exigir o pagamento de multas e débitos acumulados.
Instantaneamente comecei a cantarolar a música do Cazuza. Sei não porque fiz
esta associação.
Segundo divulgado, são 15
empresas que acumulam R$ 1,18 bilhão em débitos e são responsáveis
pela distribuição de energia elétrica em 12 estados, cujas multas foram
aplicadas por descumprimento de obrigações contratuais, ou desrespeito de metas
de qualidade do serviço. Assim, para terem seus contratos renovados deveriam no
mínimo pagar o que deviam. A Justiça Federal quer saber se houve “maracutaia”.
A Aneel não traz boas
recordações, pois sempre esteve e está presente na tragédia das tarifas de
energia elétrica que se abateu sobre o consumidor, a população brasileira, com
a privatização do setor (distribuição e grande parte da geração e transmissão).
Estudos recentes apontam que a conta de luz é o item de maior impacto no
orçamento de quase metade (49%) das famílias brasileiras, ao lado da
alimentação.
Criada após o processo de
privatização das distribuidoras tomar fôlego no governo neoliberal de FHC. Desde
seu nascimento foi “cortejada” pelas empresas privadas do setor, que em 2005 se
organizaram na Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica-
Abradee, que atua como lobista, defendendo os interesses corporativos, com uma
interlocução privilegiada e poderosa junto a Aneel, o governo Federal, e o
Congresso Nacional.
É responsável pela regulação e
fiscalização das empresas. Criada pela Lei nº 9.427/96, deveria atuar para
garantir o fornecimento de energia com qualidade e preços justos e módicos,
além de promover o desenvolvimento eficiente do setor. Todavia, ao longo dos
anos demonstrou ineficácia, despreparo, falta de transparência, sofrendo
interferências indevidas nas decisões/ações, além de negócios e interesses mal
explicados à opinião pública. Tem ainda como responsabilidade crucial
decidir/estipular os índices de reajuste aplicado nas tarifas, além de
fiscalizar os serviços prestados.
Com tarifas altas e péssima
prestação de serviços, as distribuidoras estaduais foram alvo de inúmeras
reclamações, manifestações, denúncias e processos jurídicos. Os índices de
qualidade (DEC- Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora e
FEC- Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) a que
estavam submetidos, foram sistematicamente desrespeitados.
Prefeituras, câmaras de
vereadores, governos estaduais, parlamentares federais se manifestaram,
reclamaram, divulgaram cartas de repúdio exigindo melhorias na prestação dos
serviços, com mais qualidade. Uma das manifestações de maior repercussão foi a
decisão da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de São Paulo,
que exigiu o rompimento do contrato com a concessionária, que atende à capital
paulista.
Diante de tantas evidências, e
fatos concretos, nada mudou. Ao contrário, nos últimos anos pioraram. A
blindagem destas empresas, além de serem os próprios contratos de privatização,
conhecidos como “juridicamente perfeitos”, contaram com a leniência, omissão, e
mesmo, em certos casos, prevaricação de agentes públicos, ressaltando o papel
da agência reguladora, a Aneel.
Com o final dos contratos de
concessão das distribuidoras (na maior parte com vigência de 30 anos), o
governo federal propôs a renovação por mais 30 anos, com modificações pontuais.
Segundo o ministro de Minas e Energia, “as modificações são necessárias, pois
os contratos de distribuição são frouxos e dão poucos mecanismos à agência
reguladora e ao poder concedente de cobrar da distribuidora melhor qualidade do
serviço. Queremos endurecer o processo, os índices e os mecanismos de
fiscalização e de cobrança da qualidade”. Foram necessários praticamente 30
anos para se chegar a estas conclusões!!!
Foram os contratos de concessão,
conhecidos como contratos de privatização, que permitiram a instalação do
capitalismo sem risco no Brasil. Empresas do setor obtiveram exorbitantes
lucros (dentro da realidade econômica brasileira) apresentados nos Relatórios
Anuais Contábeis. Para os consumidores, os contratos e a agência reguladora
significaram, além dos apagões, a baixa qualidade nos serviços e aumentos
excessivos nas tarifas, bem acima da inflação. As tarifas pós-privatização
aplicadas contribuíram para uma fabulosa transferência de renda da população
brasileira para as distribuidoras e seus donos estrangeiros e nacionais.
Com a decisão governamental de
renovar os contratos com as distribuidoras de energia elétrica, o povo
brasileiro continuará penalizado, perdendo a grande oportunidade de estatizar o
setor elétrico, iniciando pela distribuição. Nada custaria aos cofres do
tesouro nacional, pois os contratos estariam finalizados, e não haveria nem
prorrogação, nem nova licitação.
O que é notório, sem dúvida no
setor energético/elétrico brasileiro, é a falta de transparência e de
participação social, democratização em todo o processo decisório. O Conselho
Nacional de Política Energética, de assessoramento à presidência da República,
tem em sua essência e composição um grande déficit de democracia, que não
condiz com os tempos atuais em que a participação da sociedade é exigida.
Enquanto a democracia não chega a
sociedade paga pelos “erros” cometidos por uma casta que se instalou no setor
energético. Exige-se mais democracia, mais participação, mais transparência em
um setor estratégico, que insiste em não discutir com a sociedade as decisões
que toma.
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