Quarta-feira, 27 de dezembro de 2023 - 16h05

Preso
num quarto de hospital, um homem olha para o relógio na parede e suplica para
que aquela máquina pare de contar o tempo. Do outro lado, sua mulher agoniza a
beira da morte diante de uma cirurgia sem garantia de sucesso. O desespero ante
ao medo da perda, o faz enlouquecer, sem nada poder fazer para estancar a
tragédia anunciada.
A
composição artística "El Reloj”, é
do mexicano Roberto Cantoral, que faleceu em 2010, aos 75 anos de idade, tece
habilmente o lamento do homem diante da possibilidade de perder a mulher amada
com a metáfora do tempo, enfatizando a intensidade do sofrimento e a impotência
diante do relógio que continua a marcar as horas. Foi num petit comité, na casa do
grande mestre Adilson Siqueira, ao lado de, nada menos, do que o escritor e
jornalista Zóla e do grande economista Otacílio de Carvalho, que ouvi pela
última vez essa música maravilhosa.
O
Relógio torna-se um símbolo do implacável avanço do tempo, acentuando a
urgência e a fragilidade da situação. Essa conexão entre o
sofrimento humano, é agravada pela consciência de que o tempo é
implacável, representando a finitude e a efemeridade da vida.
Há!
o tempo... Se pudéssemos mudá-lo, pudéssemos alterá-lo, se o parássemos, o que
faríamos diferente? Eu, por minha vez, nada. Vivi intensamente os melhores dias
da minha vida, busquei no sofrimento forças para superar os obstáculos e da
alegria, apenas o sorriso de felicidade. Sim, felicidade. Essa é personalíssima
e só a mim pertence. E as perdas? Sim, essas inevitavelmente vêm. Temos apenas
que aprender a superá-las como algo que já estava pré-definido e sem o nosso
controle.
De
outra forma, há quem entenda que o tempo não existe. Eu, dentro da minha mais
singela ignorância, sigo esse mesmo caminho e entendo que tudo no Universo está
em constante movimento, como se houvesse um looping constante, como o
ouroboros, uma serpente engolindo a própria cauda.
Não
criemos conceito de tempo. “Temos Nosso Próprio Tempo”, como já dizia Renato
Russo. O tempo não passa de uma ilusão vivida por aqueles que não souberam e
não sabem aproveitar, o “tempo que tem”. A vida passa. Essa sim, vai findar e o que deixar de
legado? Qual sua história? Há! o tempo, esse continua...
No
Budismo, especialmente na tradição Theravada, ensina sobre a impermanência (Anicca), sugerindo que todas as coisas
estão em constante mudança. A noção de tempo como uma sucessão de momentos
efêmeros, destaca a natureza ilusória do tempo linear. Já em algumas tradições
hindus, o tempo é considerado cíclico, e a existência é vista como um circuito
infinito de criação, preservação e destruição. A ideia é que o universo existe
em sucessões repetidas, questionando a linearidade do tempo. Eu me encaixo
perfeitamente nisso...
O
filósofo alemão Arthur Schopenhauer abordou a questão do tempo na sua obra
principal "O Mundo como Vontade e
Representação". Ele argumentou que o tempo é uma representação
subjetiva da mente humana e que a vontade, a força motriz subjacente ao
universo, é atemporal.
Bem...,
vendo por esse lado, não difere muito do que penso, mas eu, jamais poderia deixar de trazer o que pensa
Platão sobre o tempo, a quem vou morrer lendo. Na sua obra "Timeu",
introduziu a ideia do "Tempo do
Mundo" como uma entidade divina e imutável. Isso contrasta com o tempo
percebido na esfera humana, que é mutável e imperfeito. Essa distinção sugere
que nossa percepção do tempo pode ser uma sombra da realidade eterna. Caramba!
profundo...
O
tempo, inescapável e constante, é o tecido invisível que entrelaça a jornada do
homem na tapeçaria da existência. É um mestre sutil que deixa suas marcas nas
linhas do rosto, nas memórias enterradas no passado e nas aspirações que se
estendem em direção ao futuro.
Desde
o alvorecer da humanidade, o homem tem contemplado o enigma do tempo. Ele o
mede, o marca e o celebra. No entanto, o tempo permanece insensível às nossas
tentativas de domá-lo. Em sua passagem inflexível, o tempo molda o homem,
forjando-o na fornalha da experiência.
O
homem, inerentemente, busca entender seu relacionamento com o tempo. Na
juventude, o tempo é um horizonte vasto, cheio de promessas e oportunidades.
Cada segundo é vivido com uma intensidade quase efervescente, impulsionado pelo
desejo de explorar, aprender e conquistar. No entanto, à medida que os anos
avançam, o tempo torna-se um companheiro mais íntimo, lembrando o homem de sua
vulnerabilidade e finitude.
O passado, com suas recordações e lições, é um livro aberto que o homem carrega consigo. São histórias de triunfos e tropeços, de amores encontrados e perdidos. Há! os amores, esses são inesquecíveis.
O homem se torna uma
encarnação viva de seu próprio passado, carregando as cicatrizes e os louros
como testemunhas de uma jornada única.
O presente, efêmero e fugaz, é
onde o homem encontra a encruzilhada entre o que foi e o que será. É um campo
de possibilidades onde suas escolhas moldam o tecido do tempo. No presente, o
homem experimenta a plenitude da existência, e é nesse momento fugidio que ele
encontra a verdadeira riqueza da vida.
O futuro, envolto em mistério,
é o horizonte que o homem imagina e cria. São nossos sonhos, metas e aspirações
que moldam nosso caminho à medida que avança. Assim, impulsionado por uma esperança
intrínseca, enfrenta o futuro com coragem, ciente de que suas ações no presente
ecoarão pelas eras que estão por vir.
O tempo é o homem, dançando em
uma coreografia eterna, como o castigo de Sifo, condenado a empurrar uma pedra
montanha acima por toda a eternidade, porque enganou a morte. Não conseguimos fugir dessa ilusão
concreta, estaremos intrinsecamente interligados. O homem é o arquiteto de
seu tempo, e o tempo é o escultor que molda o homem. Nessa jornada conjunta, o
homem busca compreender a essência do tempo, abraçando sua complexidade e
abençoando cada momento com significado e propósito. No coração desse
relacionamento eterno, encontraremos a
chave para desvendar os mistérios da existência e explorar o infinito Universo
que se estende diante de nós.
Vamos parar por aqui, se não
isso, não acaba nunca. Nem vou entrar na
relatividade de Einstein, aí o infinito, seria o melhor lugar para essa
discussão. E, fiz todo esse “Cerca Lourenço,” como fala o humorista
nordestino “Mução”, apenas para dizer que, mesmo diante de todas as
contraposições, contra tudo o que o esoterismo, os pensadores filosóficos,
contra os anciãos, contra tudo o que penso, o ano social de 2023, chegou ao
fim. Assim, como o relógio marcava o tempo na parede do hospital e a morte da
amada daquele homem sofrendo, seria inevitável, seremos obrigados a renovar o
calendário. Não temos como parar...
Meu Deus! O ano acabou...
Mas porque parar? Esqueçamos o
relógio. Vamos seguir no caminho para o qual fomos designados como criação
Divina. Nos emanemos de energia cósmica, da força e do poder Divino para, mais
uma vez, entrarmos no looping temporal e começarmos uma nova história. Um novo
momento a ser vivido com graça, alegria e muita felicidade. Não sejamos um mero
expectador que só observa a vida passar diante dos seus olhos, como um filme em
preto e branco.
Que possamos levar conosco as
lições deste ano e usá-las para construir um futuro repleto de compaixão, amor
e compreensão. Que a luz divinal continue a nos guiar no próximo ano,
inspirando-nos a sermos melhores, mais amorosos e compassivos rogando para que tenhamos
um mudo justo. Que uma nova geração tenha a paz em seu coração e que procurem
entender que a vida só é vivida por aqueles que querem vivê-la. Lembremos de Kairós, o momento indeterminado
no tempo. Transformemos em algo especial com a experiência do momento oportuno
para todas as coisas. O tempo de Deus.
Que a paz e a serenidade do
Divino estejam sempre conosco, e que possamos compartilhar esse amor com todos
que cruzarem nosso caminho.
Tempo, não nos faça padecer...
Um Ano Novo de muita
sabedoria, e que o Grande Arquiteto do Universo nos guie sempre.
Rubens Nascimento é
Jornalista, Bel em Direito e Mestre Maçom-GOB
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