Terça-feira, 12 de março de 2024 - 07h41

Ao ministrar palestra para a primeira turma do
curso de Direito da Faculdade Bela Vista, um dos temas que abordei
foi a diferença entre o jurista e o advogado, que gostaria de compartilhar
também com os leitores.
Muitas vezes os senhores ouvem a mídia referir-se aos juristas e
aos advogados como sinônimos, mas vale ressaltar, desde logo, que são funções
diferentes.
O jurista nasce com o Direito Romano. Eram os
jurisconsultos que tinham autoridade e conhecimento para interpretar a
lei. Por conta disso, escreviam livros e códigos, auxiliando os
imperadores. O jurista é, portanto, um profundo conhecedor do Direito
e, quando emite uma opinião, o faz na condição de intérprete
imparcial do direito.
O jurista é aquele que interpreta o Direito e, quando se
convence de uma tese, vai apresentar todo o seu conhecimento para explicar qual
é a correta interpretação. Logo, o jurista é alguém que tem a função de dizer o
direito com imparcialidade, mesmo que o parecer seja para alguém que está
necessitando de uma determinada interpretação.
Sendo assim, nós, pareceristas, negamos, repetidas vezes, a
possibilidade de redigir um parecer por não estarmos convencidos das teses
apresentadas. Fizemos uma análise, outro dia no escritório, e verificamos
que dos mil e poucos pareceres que eu dei na vida, devo ter
negado, pelo menos mil, por não estar convencido da tese exposta.
Já o advogado tema obrigação fundamental de defender o seu
cliente e, para isso, tem que ser honesto e ético. Aliás, esse é um
conselho que dou: nos primeiros tempos do exercício da advocacia, pode haver
até alguma perda em relação àqueles profissionais menos éticos, mas com o
tempo, eles serão conhecidos por não serem éticos, enquanto
que os que o são também serão reconhecidos e, pelo seu próprio
conhecimento, serão gradativamente mais valorizados.
Eu sempre disse para os meus alunos - atuei no magistério desde
1964 e fui professor universitário durante 60 anos -,como aqueles que crescem
na vida podem não ter crescido tão rapidamente quanto os desonestos
no início, mas, com o tempo, os desonestos são ultrapassados com uma
velocidade extraordinária. Ocorre que aqueles que atuam por convicção são
sempre mais confiáveis, pois só aceitam as questões de que estão
convencidos que podem defender. Mesmo diante de questões mais complicadas, o
advogado, tem a obrigação de dedicar-se ao máximo para vencer, não
desonestamente, mas utilizando -se de todas as virtualidades da lei para
que isso possa ocorrer.
Essa é a grande diferença: o advogado não tem responsabilidade de
elaborar doutrina, o jurista sim. O advogado tem obrigação de buscar na lei a
vitória do seu cliente, ou minimizar, no caso do direito penal, a pena dele.
É por essa razão que o advogado está no tripé que forma o
Poder Judiciário: Ministério Público, Magistratura e a Advocacia, que, a meu
ver, é a minha vocação.
Ives Gandra da Silva Martins é Professor Emérito das Universidades
Mackenzie, UNIP, UNIFIEO,UNIFMU, do CIEE/O ESTADO DE SÃO PAULO, das Escolas de
Comando e Estado-Maior do Exército – ECEME, Superior de Guerra – ESG e
da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região;
Professor Honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de
Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor Honoris Causa das
Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs-Paraná e RS, e Catedrático
da Universidade do Minho (Portugal); Presidente do Conselho Superior de
Direito da FECOMERCIO – SP; ex-Presidente da Academia Paulista de
Letras-APL e do Instituto dos Advogados de São Paulo-IASP.
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