Segunda-feira, 16 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Artigo

O filósofo Fanon e o convite à humanização da Negritude


O filósofo Fanon e o convite à humanização da Negritude - Gente de Opinião

Não há começo sem dizer, sem ressalvas, que o racismo é argamassa comum nas relações sociais no Brasil. E Rondônia, por ser parcela desse cosmo, também experimenta e reproduz esse circuito infernal de violência contra as pessoas negras. O racismo é um elemento negativo e fundante da nossa cultura e, por mais que as lutas antirracistas estejam operantes, a página racista ainda não foi superada.  

Os exemplos poderiam se estender para inúmeros casos. Um negro entra em um supermercado qualquer. Nesse momento, na cabine das câmeras ou pelos corredores, o alerta é dado: “fiquem de olho no preto!”. De outro caso, quando se entra em estabelecimento e se vê uma pessoa negra surge, no automático, a afirmação, “você trabalha aqui, pode dizer onde fica...”. Ou naquele gesto horrível: “posso tocar no seu cabelo?”. E de mencionar o infame “que negra inteligente!”. 

De fato, o racismo está no dia a dia. Algumas vezes, mascarado, dissimulado e outras muitas é direto e criminoso. E ceifa vidas, dignidades. Dilacera a própria Democracia. E aqui a importância de Fanon. 

Aliás, quem é Fanon? Leitor e leitora, Frantz Fanon foi um martinicano, psiquiatra, filósofo e um jovem negro que compreendeu que a cor da pele é um fator, muitas vezes, determinante no futuro de uma pessoa. Fanon foi o cara que teve a coragem de denunciar a desumanização, física e psicológica, das pessoas negras causadas pela colonização e declarar que não importa a glória ou o entusiasmo de uma Nação se diariamente a realidade é tecida com mentiras, covardias e desprezo por parcela da sociedade. 

Fanon não tinha dúvidas de que o reconhecimento da humanidade da pessoa negra é passo decisivo para a concretização da Democracia e chave necessária para que as sociedades saiam da grande noite que a colonização impôs, à custa de sangue, afetos, liberdade e sonhos. E deixou convite significativo: a luta pela humanização da Negritude é inadiável. 

E cá se registra a mensagem definitiva de Fanon. A superação do racismo é o salto de retorno à circulação da vida e de suas potências, sem máscaras e sem consciências fragmentadas, esclerosadas ou alienadas pela instrumentalização do humano.  

Mesmo no leito de morte, já desenganado pelos médicos, Fanon não deixou de registrar a sua esperança na emancipação dos Povos colonizados e na descolonização do desejo, do conhecimento e da cultura. Faleceu em 6 de dezembro de 1961. Aos 36 anos. Seu exemplo e sua luta ecoam com força até os dias atuais. 

Por fim, o legado de Fanon traz alerta irrecusável: o racismo e as outras formas de intolerância, em sociedades democráticas, não podem ser tolerados, seja qual for a forma em que se manifestem. 

Fanon vive! 

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 16 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Gestão de contas a pagar: dicas práticas para evitar atrasos e melhorar o fluxo de caixa

Gestão de contas a pagar: dicas práticas para evitar atrasos e melhorar o fluxo de caixa

Manter as finanças em dia é essencial para a sustentabilidade das empresas, independentemente do porte ou setor. Nesse cenário, uma boa gestão de co

Geração centralizada: modelo de negócio insustentável com “energia limpa”

Geração centralizada: modelo de negócio insustentável com “energia limpa”

Duas fontes de energia elétrica são essenciais, com papéis decisivos na matriz energética mundial descarbonizada: a energia solar e eólica. A grande

A desumanização que quer ser normalizada: o que pensar disso?

A desumanização que quer ser normalizada: o que pensar disso?

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Toronto mostrou que a brincadeira com os bebês reborn vai muito além de um simples resquíci

C-Level entre o “apagar incêndio” e o futuro estratégico: o que você faz?

C-Level entre o “apagar incêndio” e o futuro estratégico: o que você faz?

A agenda de um C-Level é, por natureza, um turbilhão. Entre reuniões urgentes, problemas inesperados que demandam soluções imediatas e a constante p

Gente de Opinião Segunda-feira, 16 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)