Terça-feira, 5 de agosto de 2025 - 16h08

Todos gostam de falar em inovação. Mas, na prática, boa parte do mercado
ainda joga pelo seguro. Segundo levantamento da Abstartups (Associação
Brasileira de Startups) em parceria com a Deloitte, 65,1% das startups no país
nunca receberam nenhum aporte externo. Os fundos de venture capital, apesar de
cumprirem um papel relevante, têm se mostrado pouco dispostos a assumir riscos
no Brasil. Em conversas que tenho pelo mercado, noto a preferência por parte
dos fundos em ingressar no processo quando já há mais sinais de segurança no
negócio. Ou uma disposição de investir pouco, devido aos riscos apresentados.
A tentativa de eliminar riscos desde o início acaba restringindo o
espaço para ideias genuinamente novas. Essa busca por segurança penaliza a
criatividade e sufoca a experimentação, fazendo com que projetos promissores
sejam descartados antes mesmo de ganharem forma. O conservadorismo se manifesta
tanto na escassez de capital disponível nas fases iniciais quanto na cultura de
previsibilidade a qualquer custo.
Segundo levantamento da plataforma Rentech Digital, empresa especializada
em soluções corporativas, o Brasil conta com 53 fundos de venture capital
registrados, número que permanece estável desde 2023. A maioria desses fundos
está concentrada em São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal. Esses dados
ajudam a explicar por que o capital de risco ainda é um recurso limitado para
quem empreende fora dos grandes centros ou em estágios realmente iniciais.
Para que a inovação aconteça de fato em nosso país, é necessário ter
apetite ao risco e construir uma nova narrativa menos acomodada. A ousadia não
deve ser tratada como exceção, mas reconhecida como o motor da inovação. Para
isso, é essencial ampliar o debate sobre como financiar e construir startups no
Brasil, abrindo espaço para modelos que escapem da lógica tradicional.
Uma abordagem
interessante é o bootstrapping, que consiste em sustentar as operações do
negócio com os próprios recursos. Embora esse caminho seja mais lento, ele
oferece total autonomia aos fundadores e afasta interferências externas que
poderiam desvirtuar a essência do projeto. No entanto, essa opção exige um
nível elevado de disciplina, domínio de processos e capacidade de gestão —
atributos que ainda são escassos em grande parte das startups no Brasil.
Mas quando adotado
dentro de estúdios de startups, ambientes estruturados para dar suporte à
criação de novos negócios, o bootstrapping ganha mais potência. A organização
fornece as condições para que empreendedores construam de forma mais eficiente,
com times multidisciplinares, processos bem definidos e ciclos curtos de
validação. Mesmo em um ecossistema que ainda oferece pouca margem para o risco,
esse formato permite que novas ideias ganhem vida, evoluam e se testem com
agilidade.
Também vale destacar
o seedstrapping, uma via intermediária entre o investimento-anjo tradicional e
o bootstrapping. Nessa modalidade, um pequeno grupo de investidores entra com
capital logo nas fases iniciais da ideia, mas também atua diretamente no
desenvolvimento do negócio. Em vez de serem apenas financiadores, esses
investidores se tornam parceiros estratégicos. A lógica por trás: é preferível
construir ao lado de poucos sócios comprometidos do que depender de rodadas de
captação que, muitas vezes, não saem do papel. Relatório da Carta, plataforma
norte-americana especializada em gestão de ações para startups, mostra que
apenas 15,5% das startups que levantaram uma rodada seed em 2023 conseguiram
avançar para uma rodada Série A em até dois anos.
O ponto aqui não é
negar a importância do venture capital, mas reconhecer que, em seu formato
atual, ele contempla apenas parte do ecossistema. É preciso abrir espaço para
alternativas que ampliem o acesso à construção de novos negócios, especialmente
nos estágios iniciais, onde a margem de risco ainda é alta e a previsibilidade,
baixa. Fornecer acesso não é só despejar capital. É criar as condições
certas pra que ideias tenham o direito de existir antes de provar qualquer
coisa. Optar por novos modelos de investimento é, na essência, apostar em
novas formas de construir. E isso começa com uma mudança de perspectiva mais
aberta, mais corajosa e mais comprometida com a criação.
*Bruno Perobelli é head de investimentos no theGarage
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