Terça-feira, 19 de setembro de 2023 - 15h46

Vinício
Carrilho Martinez (Dr.)
Professor do Departamento de Educação da UFSCar
Márlon
Pessanha (Dr.)
Professor do Departamento de Metodologia de Ensino da UFSCar
O ideal pode ser múltiplo, cada um/a
de nós tem os seus: é um guia de motivação, ação, um prisma de sonho alcançável
(o mais perto possível), uma esperança que nunca cessa.
Um
desses ideais – uma ideia forte e sempre presente: revolucionária até – nos informa
que 10 anos de investimentos massivos, maciços, na educação pública mudariam a
sina e os destinos elitistas traçados para o país. Com escola integral, ensino
de qualidade (informacional desde o conteúdo clássico, em matérias essenciais),
com alimentação adequada ao desenvolvimento de crianças e jovens, nós faríamos
uma revolução no Brasil.
Crianças
com 6,7 anos hoje, após os dez anos de investimento decente em educação pública
de qualidade, teriam 16,17 anos daqui a pouco. Isto é, bem educadas, cuidadas
com respeito, bem alimentadas (e não com rações, como já se propôs em São
Paulo), seriam, obviamente, eleitores/eleitoras com super-qualificação. Para os
jovens desse futuro idealizado, a votação seria facultativa; porém, seu desejo
de escolher o melhor para si e para os seus seria inegociável, imparável.
Por isso, os ideais também são
revolucionários, como a Revolução Francesa (1789), a Revolução Russa de 1917. E
por isso acreditamos nesse ideal de educação pública de qualidade, integral,
emancipatória, com conteúdos relevantes, democrática, pluralista, inclusiva.
Sem dúvida, a educação pode mudar as raízes do Brasil, e isto não é sonho,
miríade, sonambulismo, é uma projeção realista do presente que ainda segue em
negação.
Mas, e a realidade, qual é?
Na realidade, ao menos do Estado de
São Paulo (governo de São Paulo), vemos apostas na contradição, negação,
violência contra a saúde cognitiva das crianças e dos jovens. A tal ponto que a
justiça teve que proibir a oferta de materiais didáticos atentatórios aos bons
costumes da inteligência social.
Essa história é longa: no primeiro
ato tivemos o governador de São Paulo recusando os materiais didáticos (e os
recursos) disponibilizados pelo Governo Federal. Iria digitalizar todo o
conteúdo, com uma empresa em que assessores tinham participação acionária. No
segundo ato, voltou atrás, afirmando que iria aceitar os aportes do governo
federal e que iria “imprimir” os tais materiais digitais. No terceiro ato
vieram materiais didáticos do próprio governo estadual com revelações
acachapantes: “as praias da capital paulista são belíssimas”, “Dom Pedro II
proclamou a Abolição da Escravatura”, “águas poluídas podem provocar
Alzheimer”. A justiça de São Paulo mandou recolher esses slides.
Entre atos e desaforos, como estão
os alunos? Estão subjugados a uma lógica excludente que ignora a
realidade. Estão imbuídos na viscosidade
dos discursos de inovação educacional confundida, propositalmente (e por
ignorância?), com a inovação tecnológica. Requisitam aos alunos compromissos e
metas sem fornecer as condições necessárias. E o conteúdo escolar informado aos
alunos passa a ser só um detalhe que, na penumbra, ganha uma liberdade tal que
se perverte na castidade do conhecer. Alunos da escola pública de São Paulo,
simplesmente, não tem acesso à internet e quando conseguem, nos poucos minutos
na escola pública, não têm tempo para realizar suas atividades: “tarefas
escolares” de um tarde levam quatro dias para serem realizadas.
O nível de desinformação é tão
grande que é custoso acreditar em “erro primário”. Porque, se de fato for
“apenas” erro de produção e de revisão desses “conteúdos”, é óbvio que a gestão
do Estado de São Paulo – considerado um país dentro do Brasil – está acabada.
Ao fazerem isso com a educação praiana, certamente, o malfeito pode (deve) se
repetir na saúde, segurança, na gestão pública como um todo.
Uma outra hipótese nos levaria a
pensar que alguém sabotou o governo do Estado, embutindo conteúdos grotescos na
educação pública – só faltou dizer que a terra é plana e que o governo global é
de reptilianos. Neste caso, que é difícil dizer se é pior do que a primeira
hipótese, as condutas deveriam ser investigadas como atentados contra o Estado
Democrático de Direito. Pois, as noções mínimas de realidade ao alcance da
educação (art. 205 da CF88) e da cultura (art. 215 da Cf88) – que são eixos e
pilares dos direitos fundamentais – estariam sob ataque frenético, disruptivo,
com capacidade letal de manipulação por meio de uma asquerosa desinformação dos
jovens.
Nos dois casos, pior ainda se forem
somados, temos a falência antecipada do governo do Estado mais rico do país e
da América Latina. Não é pouca coisa. É muita coisa, a se contabilizar que esse
governo tem “somente” oito meses de existência. Com tais erros crassos em sua
gestão e nas políticas públicas – sem contar a chacina da Baixada Santista – o
melhor seria a antecipação eleitoral. A distopia, herdeira do desapossado de
Brasília em 2022, junto com Zema (nas Minas Gerais), não pode ser levada a
sério – a não ser pela justiça popular dos/as eleitores/as, e da justiça
paulista.
Sábado, 15 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)
A linguagem não verbal para além da aula padrão
Qual é o tipo de comunicação que você transmite para os seus alunos? A sala de aula é um dos maiores desafios para os professores que não dá a mínim

Uso excessivo de telas impactam o desenvolvimento infantil
É cada vez mais comum vermos crianças, cada vez mais novas, expostas ao uso de telas. Além disso, o tempo de uso também está cada vez maior. Estudos

Quando nos deparamos diante de uma notícia de um acidente envolvendo avião, ficamos estarrecidos, pois, de forma geral, muitas vidas são ceifadas. S

Black Friday 2025 deve movimentar R$ 13 bilhões só no Brasil, diz ABCom
O Brasil se prepara para mais uma Black Friday com expectativas de faturamento recorde. Segundo projeção da Associação Brasileira de Comércio Eletrôni
Sábado, 15 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)