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Câncer de estômago e sua prevenção: Rondônia necessita de um olhar diferenciado!


Câncer de estômago e sua prevenção: Rondônia necessita de um olhar diferenciado! - Gente de Opinião

Após ler o artigo do Dr. Paulo Gondim de 04 de dezembro de 2021, no GENTE DE OPINIÃO, contando alguns dos desafios encontrados pelos pioneiros da videocirurgia, peguei-me em meio a uma reflexão: o que um médico especialista em endoscopia deveria se atentar ao resolver desbravar as margens do Madeira?

Minha primeira grande surpresa foi descobrir que, na Região Norte, o principal câncer do aparelho digestivo, entre os homens, é o de estômago. Com relação às mulheres e baseado nas estimativas do Instituto Nacional do Câncer para o triênio 2020-2022, o câncer colorretal ainda é mais frequente.

Explico-lhes o motivo da surpresa: em todo Ocidente, o câncer colorretal costuma ser mais frequente do que o câncer de estômago.

Eu sempre fui um entusiasta do papel da endoscopia na oncologia. Lidar com pacientes oncológicos, para cura-los. (Como é gratificante retirar o câncer, ainda em fases precoces, sem cirurgias ou então diagnosticá-lo nas fases assintomáticas!) Ou mesmo aliviando-lhe o sofrimento do final da vida, são papéis que a endoscopia pode exercer com maestria. Tal motivação me levou a um estágio no Japão, local mais avançado do mundo em termos de cirurgias endoscópicas para tratamento de cânceres precoces. Mas no Oriente o principal câncer é o de estômago, ao contrário do resto do mundo.

Por tempos, ainda morando em São Paulo, questionei-me se poderia usar tudo que aprendi além-mar no meu dia a dia de trabalho. Quis o destino, porém, que assuntos do coração me trouxessem para a terra dos destemidos pioneiros. E, numa realidade diferente do que conhecia no Centro-Sul do país, estive frente ao primeiro grande desafio regional: ajudar no combate ao principal câncer dentro da minha especialidade.

Atualmente há recomendações asiáticas e europeias no que se refere à prevenção do câncer gástrico, baseadas principalmente na endoscopia digestiva alta de alta qualidade e erradicação da bactéria H. pylori. Infelizmente a ciência brasileira ainda não nos permitiu criar recomendações nacionais, com uma população e alimentação mais próxima da rondoniense. Mas é nesse contexto, ciente dos nossos problemas e dos desafios a serem superados, é que nos levantamos e buscamos as melhores soluções para que nossa população tenha o melhor atendimento!

A única publicação séria que tentou explicar o porquê dessa diferença nossa para o resto do país, à qual tive acesso, foi a tese de Mestrado da Dra. Cristiane da Costa Martins, pela Universidade Federal da Amazônia. Em sua casuística, 95% dos pacientes apresentavam hábitos alimentares que incluíam alimentos salmourados, defumados e os alguns regionais (tucupi, farinha de mandioca ou peixe). Condenar esses alimentos em primeira instância seria um equívoco completo, na minha humilde opinião, mas deixaria aqui um alerta para o uso do sal. Em publicações internacionais, já foi constatado que paciente com câncer de estômago apresentavam um maior consumo de sal do que a média da população. Cabe ainda enfatizar seu papel na hipertensão arterial, a qual constitui grande fator de risco para infartos cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.

Portanto, querida população rondoniense a qual me adotou e fui adotado, vamos dar uma segurada no sal sim! E a partir dos 40 anos de idade, começar a procurar seu médico de confiança para a prevenção desse câncer e tantos outros possíveis problemas de saúde!

 

*Dr. Willian Ferreira Igi

Médico endoscopista pelo Hospital Sírio-Libanês/SP

Fellowship pelo National Cancer Center – Tokyo/Japão

Médico responsável pelo CAEDRO – Centro Avançado de Endoscopia Digestiva de Rondônia

Membro do corpo clínico do Complexo Hospitalar Central de Porto Velho

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