Sábado, 17 de maio de 2025 - 08h15
Os
principais jornais do país noticiam a busca por uma solução no caso dos
baderneiros implicados nos atos de 8 de janeiro e que envolve articulações
com ministros do Supremo Tribunal Federal visando amenizar as penas.
Simultaneamente, há o pedido de discussão de um projeto de lei que anistia os
responsáveis pela baderna.
De
acordo com os jornais, os ministros do Supremo Tribunal Federal estão
sendo consultados e concordam com a redução das penas.
Destaco,
mais uma vez, que durante o mandato do então presidente Michel Temer, houve
idêntica baderna na Câmara dos Deputados, promovida por integrantes do PT e do
MST, que alegavam ter o Congresso articulado um golpe contra a presidente Dilma
Rousseff, sendo o pretexto equivocado, visto que o impeachment seguiu
estritamente os artigos 85 e 86 da Constituição. Temer encerrou aquela invasão
ao Legislativo, que teve destruição de algumas de suas dependências, em duas
horas, e, dois dias depois, todos os manifestantes já estavam na rua. Ninguém
permaneceu preso, porque ele se recordou da atitude do ex-presidente Juscelino
Kubitschek nas revoltas de Aragarças e Jacareac anga, estas sim, tentativas de
golpe de Estado com militares chegando a conquistar importante cidade no norte
do país.
O
que me impressiona é a informação de que será apresentado um projeto que, para
ser viabilizado, demandará uma redução substancial das penas. Se o Supremo
Tribunal Federal está sendo consultado e, conforme noticiado, concorda com essa
abordagem – ressalto que apenas reproduzo o que a imprensa divulga –, por que a
iniciativa não pode partir do próprio Pretório Excelso?
Tenho
insistido, em meus artigos e nas redes sociais, que se a iniciativa de reduzir
substancialmente as penas – considerando, inclusive, o tempo de prisão desde 8
de janeiro, portanto, há quase dois anos e meio – partisse do próprio Supremo
Tribunal Federal, o caminho mais adequado seria ele mesmo reexaminar cada caso
e declarar que a pena já foi cumprida.
Se
a Corte maior do país tomasse a iniciativa de revisar sua decisão – seja por um
ato próprio ou provocado por um advogado –, em vez de depender do Congresso,
retomaria o controle da situação e, evidentemente, ganharia, uma percepção
junto à população de que não está alimentando e realimentando o
radicalismo no Brasil.
Enquanto
mantivermos condenações de 14, 15, 16 anos para os envolvidos nos atos de
vandalismo de 8 de janeiro, contrastando com aquelas para assassinos,
traficantes e corruptos que permanecem soltos, a imagem do Supremo será
inevitavelmente retratada negativamente pelas pesquisas, distante da reputação
que o maior sodalício julgador da nação possuía na época de ministros como Moreira
Alves, ou mesmo em relação a toda a sua história.
Evidentemente,
eu gostaria que ocorresse a anistia. No entanto, caso um gesto nesse sentido
não parta do Congresso, com quem as negociações ocorrem, torna-se crucial
analisar os termos propostos. A intenção seria uma anistia ampla, que
abrangesse tanto aqueles que se pretende condenar quanto os já condenados, para
que o episódio seja considerado totalmente encerrado. Desse modo, teríamos,
evidentemente, a possibilidade de um caminho para a pacificação.
Entretanto,
quanto à redução de penas, outra alternativa, tem sido ela objeto de consultas
aos Ministros do STF, que, de acordo com os jornais, com ela concordam.
Gostaria,
portanto, que o próprio Supremo Tribunal Federal antecipasse a iniciativa que,
conforme noticiado, será do Congresso Nacional com o aval daquela Corte. Isso
permitiria resgatar a imagem do STF que, como advogado há 68 anos, desde minha
primeira sustentação oral em 1962 ou 1963, sempre defendi e lutei para
preservar.
Enfim,
aos 90 anos, reitero este sonho aos amigos: de o Pretório Excelso recuperar sua
imagem perante aqueles que discordam das penas aplicadas aos envolvidos nos
atos de 8 de janeiro, consideradas mais severas que as impostas a traficantes,
corruptos e assassinos. A concretização desse sonho é essencial para
alcançarmos a pacificação nacional, condição fundamental para que o Brasil
volte a ser um país pacificado na rota para o desenvolvimento.
Ives Gandra da
Silva Martins é
professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O
Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme),
Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª
Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin
de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das
Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da
Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da
Fecomercio -SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do
Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).
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