Quinta-feira, 3 de agosto de 2023 - 10h51

A Litorina percorre apenas dois quilômetros e 300 metros de
um curto segmento da histórica Estrada de Ferro Madeira-Mamoré! De repente, em
meio ao balanço desengonçado daquela máquina e a ansiedade dos quinze
passageiros que compõem a lotação, o condutor faz cessar o passeio e chama
atenção dos passageiros para o popularmente chamado Casarão dos Ingleses. Não
há inglês nenhum, nunca teve! Os poucos que vieram ficaram pouco tempo e saíram
correndo com medo do carapanã e das visagens.

O piloto da Litorina é
uma figura comunicativa! Por isso, vendo que todos têm os olhos fixos na sua
pessoa, ele despacha um texto improvisado: Olha, gente, ali é o Casarão dos
Ingleses. Mas não tem nada a ver com ingleses, não! O Casarão foi construído
por um boliviano chamado Nícolas Soares, que construiu o casarão para hospedar
as pessoas do mundo inteiro que vinham fazer compras aqui; ele vendia borracha,
castanhas e essências retiradas das árvores para fazer perfumes; foi o homem
mais rico desta região, dizem que doou um vagão cheio de libra esterlina para a
construção da EFMM; em 1912, quando fica pronta a estrada, Nícolas Soares doou
o casarão para a direção da estrada para servir de estação. Mas, por ficar
longe, fizeram outra estação e no casarão ficou morando um feitor, Antônio
Feitoza, que morou no Casarão até 1972, quando a estrada foi extinta. Antônio
Feitoza foi embora e vendeu o direito de posse do Casarão pra uma pessoa, que
repassou para outra. Hoje o Casarão pertence ao consórcio Santo Antônio. Nós
trouxemos gente do governo de RO aí no casarão; o governo requereu o Casarão para
que nós fizéssemos aí o nosso Museu do Ferroviário, com lanchonete e cafezinho,
onde a pessoas possam saber um pouco da história da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré.
Com exceção do motor,
das luminárias e do forro, tudo é original; ela é uma máquina da época da
inauguração da Madeira-Mamoré; ela chegou aqui em 1932 pra carregar os
engenheiros da ferrovia. Diz Moisés que, iniciaram esse resgate, que foi ali
onde está a estação, ele e o Bispo contavam com o trabalho dois reeducandos;
logo depois conseguiram mais quatro e a prefeitura cedeu mais cinco homens para
fazer o trabalho de limpeza dos trilhos; logo depois chegou Alex Palitot.
Moisés está na EFMM
desde de 1982; trabalhou com a velha guarda. O pai foi seringueiro e quando
saiu do seringal veio pra cidade pra trabalhar como estivador, chamava-se.
Moisés Ferreira Neto.
Antônio Moisés conduz
com altivez a Litorina! E lembra que o mais interessante é que sua vida cruzou
com a vida de Seu Raimundo Nicanor, o velho condutor daquela unidade móvel. Um
dia ele teria dito: "Moisés, preciso ensinar alguém a pilotar essa máquina
porque um dia eu vou morrer". Foi aí que Moisés passou a ajudar Seu
Nicanor, ser ajudante dele; logo depois vindo a ajudar todos os ferroviários e
maquinistas, aprendendo essa função. Quando a ferrovia foi resgatada, em 1982,
ele chegava por aqui vindo do Acre. Diz que frequentava o pátio da Estrada de
Ferro e que dede muito jovem bebeu na fonte da sabedoria dos um mais antigo da
Ferrovia do Diabo. E ressalta e prosa longa: "Hoje eu sou o condutor dessa
máquina, mas vou preparar alguém para me substituir, porque quem não morre de
novo, de velho não escapa. A Litorina é só um aperitivo, nós queremos estar
andando aqui com o trem. Eu vim trabalhar no trem justamente como guia
turístico, vim falar para as pessoas a respeito da Estrada de Ferro. Aprendi
com os próprios ferroviários. Quando menino, saía do colégio e vinha pra
ferrovia. Nasci no Estado do Acre, mas vim para cá bem bebê, me considero
rondoniense de coração e alma; e sou do seringal Santo Antônio, que fica entre
Sena Madureira e Manoel Urbano; nasci na floresta, sou bicho brabo. Eu sou
responsável pela restauração da Litorina. Eu tive a ideia de fazer isso. Quando
foi um dia eu falei com o presidente Ocampos. Disse a ele: olha, a estrada vai
fechar pra reforma e nós precisamos colocar alguma coisa pra população. Ele
disse: o que é que você sugere?? Eu respondi: vamos botar um trenzinho ou uma
cegonha, ou alguma coisa andando pelo Santo Antônio até onde dá. Eu levei ao
conhecimento do Bispo, presidente da Associação dos Ferroviário, e nasceu essa
ideia. O Alex Palitot foi a pessoa número um nesse resgate aqui, porque ajudou
muito a gente!"
O passeio não é lá
grandes coisas! É muito curto e sem maiores paisagens interessantes para os olhos.
O que conta mesmo é a sensação de que durante o trajeto olhos e sombras
metafísicas nos empreitam alvissareiros! Talvez sejam as visagens! Os espíritos
dos mortos transcenderam o tempo e o espaço! Dormitavam tristes e macambúzios
como os dormentes esquecidos da velha estrada! Hoje, com a sacolejante Litorina
andando pra lá e pra cá, as almas penadas despertaram do seu sono letárgico
profundo e assistem, incrédulas, meia dúzias de mortais perambulando nos
trilhos por entre a mata, como a recitar os versos da cantoria popular: Você
precisa ver/ para saber como é/ que andava o trem na Madeira-Mamoré!!!
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