Segunda-feira, 8 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

O mundo além do diploma



É um sintoma positivo verificar que milhares de jovens pelo Brasil afora se prepararam para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), uma prova que pode garantir a entrada deles na universidade. Mas, é preciso avaliar que, atualmente, muitos que conseguem seu diploma não encontram espaço no mercado, ao contrário do passado quando um diploma era garantia de emprego. Qual a razão? São muitas, porém, entre elas o fato de que significativa parte dos que ingressam na universidade buscam poucas áreas em geral relativas ao comércio, administração, ensino, direito, saúde e engenharia. E, mesmo que o país não estivesse em recessão, não haveria vagas para tantos formandos, principalmente, tendo em vista que com a multiplicação das instituições privadas, ao lado da maior oferta das bolsas do Prouni e do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), de 2000 a 2014, a quantidade de instituições de nível superior exponencialmente. Resultado: um aumento substancial de novos formandos, pois, de acordo com o Censo do Ensino Superior, em 2014, um milhão de pessoas saíram das salas de aula. Em 2004, eram apenas 630 mil.

Que fazer? Em primeiro lugar há de se realizar o combate a uma ideia elitista de que diploma seja sinal de status e dinheiro, que, hoje, é mais importante. Já se observa um deslocamento de pessoas que verificaram ser muito melhor e mais lucrativo, por exemplo, fazer cursos técnicos. É preciso desmistificar a ideia de que, obrigatoriamente, ter um diploma é a forma mais adequada para se melhorar de vida. Talvez isto seja mais fácil de se verificar, por exemplo, com o curso de administração que, em 2014, correspondia a 30% dos concluintes. Ora, é impossível acreditar que existiriam empresas suficientes para oferecer vagas para todos. É claro que muitos acabam em subempregos. Mas, o caminho das universidades deve ser o de oferecer outras alternativas com o de, no decorrer do curso, pregar para os alunos o empreendedorismo. Pessoas com nível superior possuem muito mais condições de criar novos negócios e se, muitas vezes, não o fazem é por não serem preparadas para este fim. Também a universidade precisa diversificar seus cursos, oferecer novas oportunidades fora das áreas tradicionais. Hoje é comprovado que o número total de graduados de muitos cursos é superior ao que o mercado pode suportar. É preciso que as instituições de nível superior inovem, porém, o próprio aluno pode começar a buscar alternativas identificando áreas de interesse que, nem sempre, passarão pela graduação. E, se houver, certeza da escolha, da identificação, não é difícil de lembrar do caso de Bill Gates que largou a escola para se transformar no mito em que se transformou. Diploma, agora, mais do nunca, não é tudo.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 8 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Bule-Bule: tradição, poesia e música que encanta a Bahia

Bule-Bule: tradição, poesia e música que encanta a Bahia

Existem pessoas que amamos pelo simples fato de serem amáveis. E há outras, como meu ilustre amigo Bule-Bule-que, além de amável, é quem mantém viva

Como melhorar o processo de decisões

Como melhorar o processo de decisões

O que mais influencia as decisões humanas não é, como advogaram os economistas clássicos, a visão do Homo Economicus, ou seja, apenas o racionalismo

Um Estudo de Desenvolvimento Econômico em Edição Limitada

Um Estudo de Desenvolvimento Econômico em Edição Limitada

Agora vou tratar de fazer o lançamento do livro "Um Estudo do Desenvolvimento Econômico-Conceitos, Teoria, Prática". Escrever um livro sobre desenv

Organizando a morte: no ritmo do candomblé, da ciência e da memória

Organizando a morte: no ritmo do candomblé, da ciência e da memória

Vou me valer do candomblé, que nos lembra uma verdade profunda: a morte não é um fim abrupto, mas uma transição. "Continuidade, não fim" é a essênc

Gente de Opinião Segunda-feira, 8 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)