O que mais influencia as decisões humanas não é, como advogaram os
economistas clássicos, a visão do Homo Economicus, ou seja, apenas o racionalismo
econômico. Com o surgimento da teoria da perspectiva de Kahneman e Tversky aprendemos
que perder dói mais do que ganhar agrada, o que afeta escolhas. É a aversão à
perda que leva investidores a assumir riscos para evitar reconhecer uma perda
(efeito disposição), mesmo quando isto não é racional. Um outro passo, que foi dado para melhorar o
conhecimento sobre as decisões, veio da racionalidade limitada: Herbert Simon
propõe que buscamos decisões “suficientemente boas” por restrições cognitivas e
pressões emocionais. Assim os processos cerebrais distinguem entre modos
automáticos e deliberados. O Jogo do Ultimato evidencia que o cérebro pode
rejeitar ganhos justos quando percepcionados como injustos, gerando desconforto
emocional. Enfim, decisões envolvem razão e emoção. O racional e o irracional.
É a partir de algumas condições que podemos chegar a decisões
melhores:
o Reconhecer
limites: aceitar que a razão tem fronteiras facilita flexibilizar
estratégias.
o Instrumentos
para neutralizar vieses: controles em investimentos, políticas
públicas com arquitetura de escolhas que orientem de modo benéfico.
o Contexto
importa: ambientes que reduzem o medo da perda e promovem decisões
graduais ajudam na qualidade das escolhas.
o Aprendizado
contínuo: experiências e feedbacks ajudam a ajustar julgamentos com o
tempo.
De modo que
é possível melhorar a tomada de decisões com algumas medidas:
o Estruture
decisões: use etapas claras, critérios objetivos e limites de risco.
o Reduza a
influência do medo da perda: estabeleça metas de curto prazo, diversifique
e use testes de cenários para testar hipóteses sem comprometer o todo.
o Decisões
graduais: incremente ações e avalie resultados com frequência para ajustar
rumos.
o Use
ambientes de decisão favoráveis: políticas, regras e incentivos
que promovam escolhas racionais sem suprimir a autonomia.
o Inclua
diferentes perspectivas: consultas a especialistas, revisão por pares
ou “devil’s advocacy” (advogados do diabo) ajudam a evitar vieses individuais.
o Aprenda com
erros: registre decisões, resultados e aprendizados para melhorar
padrões futuros.
Não há
formas garantidas para decisões melhores, porém caminhos para verificar sua
aplicabilidade. Assim é saudável antes de decidir, listar ganhos e perdas
prováveis, quantificando impactos sempre que possível. Também perguntar: "Qual é o pior cenário viável e como me
preparar para ele?" De todo modo deve-se projetar decisões com prazos,
critérios de sucesso e mecanismos de revisão e criar rotinas de checagem
emocional: momentos de pausa, respiração ou avaliação externa antes de decisões
importantes. É importante ter em mente que a tomada de decisão humana é moldada
por uma interação entre emoção, julgamento rápido e raciocínio deliberado, com
limites inevitáveis. Reconhecer esses limites e aplicar estratégias simples de
organização, revisão e aprendizado contínuo pode tornar as decisões mais
racionais e menos vulneráveis a vieses, aumentando a qualidade e a satisfação
das escolhas.

Quinta-feira, 4 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)