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TRT-RO/AC debate gordofobia e falta de acessibilidade de pessoas gordas a serviços essenciais

A temática foi abordada pela filósofa Malu Jimenez, que explicou como ocorre a desvalorização, inferiorização e restrições às pessoas gordas na sociedade


TRT-RO/AC debate gordofobia e falta de acessibilidade de pessoas gordas a serviços essenciais - Gente de Opinião

Diariamente, pessoas obesas encontram desafios no transporte público, no trabalho e em outros espaços que demonstram pouca infraestrutura e preparo para atendê-las. Além da falta de acessibilidade, precisam se esquivar de piadas de mau-gosto e de pré-julgamentos. Esse comportamento tem nome: gordofobia, que é um preconceito com pessoas gordas, que leva à exclusão social.

Para falar sobre o tema e propor um novo olhar sobre os corpos gordos, a filósofa e feminista Malu Jimenez foi a palestrante do segundo dia do evento “Chá com Elas", coordenado pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (Ejud-14) e que integra a semana de atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher.

A palestrante fez uma apresentação geral sobre o que é gordofobia. “É um preconceito com pessoas gordas que negam acessibilidade e escuta das pessoas gordas”, explicou. Jimenez pontuou ainda que “essa estigmatização é estrutural e cultural, transmitida em diversos espaços e contextos culturais na sociedade contemporânea. Esse pré-julgamento acontece com a desvalorização, humilhação, inferiorização, ofensas e restrições aos corpos gordos de modo geral”, rafiticou.

Malu Jimenez assegura que a gordofobia é estrutural. “Aprendemos a ser, falar e agir assim dentro da própria família. A pessoa gorda vivencia dentro de casa situações que machucam, ferem e estigmatizam a pessoa gorda.  A escola também é espaço de exclusão com os comentários, apelidos ofensivos, falta de acessibilidade nos espaços físicos”, afirmou.

A gordofobia, segundo ela, “está na forma como a sociedade se organiza e pensa sobre todas as coisas”. Jimenez explicou ainda que a “gordofobia é um estigma estrutural institucionalizado em todos os setores da sociedade. Ele aparece na linguagem, na família, na escola, na medicina, na mídia e na cultura”.

Jimenez citou o caso de uma estudante brasileira que se suicidou dentro do banheiro da escola. “A estudante não aguentava mais a discriminação por ser gorda. Os ataques eram constantes e chegou um momento que ela não suportou. O impressionante é que os ataques permaneceram mesmo depois da morte da jovem”, revelou.

A pessoa gorda, segundo a filósofa, enfrenta ainda a exclusão e discriminação no mercado de trabalho, com o impedimento de assumir cargos públicos, mesmo com exames médicos certificando que o candidato estava saudável. “Demissões ocorrem em empresas privadas, por exemplo, pelo simples fato das pessoas serem gordas”, garante.

Ela explicou que o corpo gordo é visto muitas vezes como sendo inferior. “Os gordos são 57% da população e não têm acesso básico à saúde com leitos, equipamentos e infraestrutura mínima para atender a população gorda”, exemplificou.

Malu Jimenez concluiu os movimentos ativistas contra a gordofobia estão crescendo e são necessários e principalmente para “criticar o modelo biomédico imposto pela sociedade atual e combater as ações ineficazes no combate a obesidade que só colaboram para aumentar o estigma e exclusão da pessoa gorda”, ponderou.

 

Programação

Amanhã a programação segue com a participação da ativista Walelasoetxeige Suruí (Txai Suruí), primeira indígena brasileira a discursar na abertura da Conferência da Cúpula do Clima (COP26) da Organização das Nações Unidas (ONU), com a palestra: "Mulheres Indígenas: o que escondem atrás dos rostos pintados”.

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