Quinta-feira, 15 de dezembro de 2022 - 20h05
Em julho de 2020, quando eu “vivia” momentos de quase – morte na UTI, acometida pelo vírus maldito que assolou o mundo, tive a impressão de ver passar, em uma cadeira de rodas, uma senhora cujo semblante pareceu-me familiar: olhou-me e sorriu levemente. Acho que perguntei sobre ela a alguma enfermeira e ouvi o seu nome: Antônia. Na escuridão mental em que me encontrava (provocada pelos fortes sedativos), sons, imagens e vozes emergiam do extenso e estreito labirinto que é o meu cérebro; era como se houvesse ali uma multidão em meio a um incêndio, brigando, entre si, pelo acesso à porta de saída. E isto me atormentava.
Não sei quanto tempo transcorreu, assim como sequer me perguntava o que estava fazendo ali. Mas um dia, em algum momento, ouvi que Antônia teria alta. Após isso, mergulhei novamente nas profundezas escuras do meu cérebro “embriagado”. Porém, tive a impressão de ver a simpática senhora em frente ao meu leito a falar: “paciência, paciência, paciência!”
Ao voltar para minha casa e, aos poucos, dar-me conta de tudo o que acontecera, encontrei, entre os pertences que trouxera do hospital, esta linda e ilustrada mensagem cristã, que posto agora acima do texto. No verso, em letra manuscrita, palavras de fé, de ânimo e de esperança. Ao final da mensagem, uma dedicatória: “Para Sandra, de sua vizinha de leito na UTI, Antônia. (Porto Velho, 21 de julho de 2020).”
Há dois anos e meio procuro esta irmã de fé, plena de generosidade e amor ao próximo, para abraçá-la, com profundo sentimento de fraternidade, e oferecer-lhe um buquê de rosas brancas, como prova de minha eterna gratidão. Onde está você, Antônia?
*Sandra Castiel, escritora, professora, membro efetivo da Academia de Letras de Rondônia.
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