Segunda-feira, 26 de maio de 2025 - 08h02
Empresária e rica, sua casa era uma alegria só:
vivia entre filhos jovens, entre amigos e amores (estes, um de cada vez,
enquanto durasse a paixão). Até que um terremoto chamado Câncer tirou-lhe o
chão sob os pés.
Atônita, recolheu-se a uma clínica afastada,
onde optou por permanecer sem visitas, enquanto durasse o tratamento, até a
cura. Foi alojada em um quarto confortável, onde duas janelas grandes abriam-se
para os raios de sol. Cansada, debruçava-se em uma das janelas e tentava se
distrair, dando nomes às flores do jardim: Dolores, Maria das Dores, Amores,
Alvores e assim por diante.
O tempo, moleque travesso que tudo sabia,
passava correndo, em frente à janela de seu quarto, deixando um rastro de
flores pequeninas, conhecidas como sonhos. Encantada com a beleza dos sonhos,
ela passou a mantê-las em sua cabeceira, refrescadas em um delicado e miúdo
vaso de cristal; mesmo assim, as belas florezinhas murchavam rapidamente, pois
eram filhas do tempo, estavam ali para roubar as horas. Tão empenhada em sua
cura, não se dera conta de que o movimento da vida não espera por ninguém.
Passara tanto tempo...
Até que um dia, curada, voltou.
Tudo estava diferente! ...
Seu reduto de alegria, sua casa, estava
abandonada.
- Os filhos, as amigas...
Sumiram todos?
Um dia ouviu o eco da própria voz dentro da
casa vazia. Entrou em depressão.
Passou a chorar noite e dia. Suas lágrimas eram
de sangue.
Morreu de anemia profunda, rapidamente.
Sandra Castiel
Professora, escritora, membro da Academia de
Letras de Rondônia,
Cadeira n. 36
CONTINHOS MARGINAIS IV - BABA DE MOÇA
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