Terça-feira, 21 de outubro de 2025 - 08h02
PESQUISA
A recente sondagem do Real Time Big Data sobre as eleições
de 2026 em Rondônia trouxe mais interrogações do que certezas. Os números,
analisados sem paixões, mostram um cenário de inquietude entre os
pré-candidatos ao governo e ao Senado. Ninguém pode cantar vitória: a distância
entre os principais nomes é mínima, beirando o empate técnico.
A lição é antiga: o eleitor rondoniense, pragmático e
desconfiado, costuma decidir o voto quando a urna já está piscando. Ou seja,
até lá, todos são reféns do improviso.
GOVERNO
Se Marcos Rogério, Alexandre Máximo, Adailton Fúria, Hildon
Chaves e Confúcio Moura realmente resolverem disputar o governo, terão de suar
as camisas — e os egos. A disputa está aberta, sem messias nem heróis, e a
pesquisa mostra que o segundo turno será um campo minado, onde a arrogância
costuma ser o primeiro cadáver político.
FANTASIA
O levantamento também expõe a surpreendente resiliência
eleitoral de Ivo Cassol, ainda que juridicamente interditado pela Lei da Ficha
Suja. O ex-governador lidera, mas com vantagem tão pequena que cabe num grão de
arroz. Sua popularidade é um eco longínquo de um passado em que bravatas
rendiam manchetes e votos.
Hoje, seus grunhidos perderam o alcance. O tempo, que cura
quase tudo, não perdoa o estilo coronelesco — nem a plateia que envelheceu e já
não se impressiona com o velho espetáculo.
BLEFE
A candidatura da caçula de Cassol ao governo é, como quase
tudo na militância política do cassolismo, um blefe. Cassol não suporta o
ostracismo e inventa factóides como quem respira. Já desfilou até com uma
máquina de solda elétrica, jurando ter curado um amigo de Covid. O folclore
político local é fértil, mas até o realismo mágico tem limites. Cassol acredita
ser uma figura divina onde todos devem lhe beijar as mãos.
INCURÁVEL
Cassol gosta bajulação e destilar desaforos. Ser barrado
pela Justiça Eleitoral deveria servir de lição, mas nem com “solda elétrica no
couro” ele se cura. Continua recebendo romarias de políticos em busca de
bênçãos, churrasco e autopromoção. Um espetáculo de subserviência e adoração.
DEPENDENTE
O deputado federal Fernando Máximo, nome de bom recall
eleitoral, sofre de uma dependência crônica: precisa que os caciques
partidários decidam o seu destino. No grupo de Marcos Rogério, será candidato
ao governo se o senador disputar o Senado; e vice-versa.
Máximo repete o erro do passado — o mesmo que o fez perder
a candidatura à prefeitura de Porto Velho para Mariana Carvalho. Como diz o
ditado adaptado à geopolítica do Centro-Oeste: errar é humano, insistir é coisa
de goiano — e o deputado, recorde-se, é de Goiás.
SENADO
A disputa pelas duas vagas ao Senado promete ser a mais
feroz da história recente rondoniense. Fernando Máximo, Marcos Rogério, Sílvia
Cristina, Confúcio Moura, Marcos Rocha e o surpreendente Delega Camargo surgem
num mesmo tabuleiro, com forças semelhantes.
Ninguém é favorito — e, por isso mesmo, todos se consideram
imbatíveis. Um festival de vaidades onde o eleitor é coadjuvante. Camargo, por
ora, é o nome novo que cresce em meio à mesmice. Mas ainda precisa provar que
não é apenas uma onda passageira.
ALIANÇAS
Na política, alianças são como remédios fortes: em dose
errada, matam o paciente. Em Rondônia, a história recente é farta em uniões
improváveis que o eleitor tratou de sepultar nas urnas. Misturar ambições
inconciliáveis e esperar harmonia é como tentar fundir óleo e água. Dá
manchete, mas não dá voto.
CENÁRIO
Nos bastidores, cresce o rumor de que o ex-prefeito Hildon
Chaves pode desistir da disputa ao governo e tentar vaga na Câmara Federal. Se
o fizer, dificilmente perde — seu capital eleitoral em Porto Velho é
expressivo.
Mas o maior obstáculo de Hildon não é o eleitor: é o
próprio ego. Egocêntrico por natureza, terá de aprender o que políticos
raramente entendem — que o desprendimento, às vezes, é mais rentável que a
soberba. E, quem sabe, até o interior aprenda a simpatizar com o ex-prefeito da
capital.
REUNIÃO
O encontro entre Marcos Rocha e Expedito Júnior rendeu dois
capítulos: o primeiro, a especulação. O segundo, o nada. Conversaram por horas,
falaram com Gilberto Kassab por telefone e saíram sem acordo. Política
rondoniense é isso: muito café, pouca decisão. Rocha recebeu o convite para
ingressar no PSD, mas não demonstrou interesse em sair do União Brasil.
ACIR
O ex-senador Acir Gurgacz mandou carta à coluna: garante
que sua inelegibilidade acaba em 26 de fevereiro de 2026, portanto, antes das
eleições.
Se for verdade, estará livre para concorrer. A nota é longa
— e o registro, obrigatório. No entanto, pelos cálculos deste cabeça-chata a
recuperação dos direitos políticos do ex-senador seria 19 de setembro de 2026,
data após o registro das candidaturas.
RECONDUÇÃO
O Tribunal de Contas do Estado reconduziu Wilber Coimbra à
presidência da instituição. A decisão não surpreende: trata-se de um
conselheiro que alia inteligência, discrição e raro senso de dever público —
qualidades que, em Rondônia, já são quase exóticas.
Wilber é daqueles servidores que engrandecem o cargo sem
precisar alardear virtudes ou posar de moralista. Num estado onde a liturgia do
poder político costuma ser confundida com autopromoção, sua condução serena é
um alívio.
Quem agradece é o cidadão rondoniense, cansado de
escândalos e carente de referências éticas minimamente sólidas.
INCENDIÁRIO
O vereador Marcos Combate faz jus ao nome que ostenta.
Transformou o mandato em uma cruzada pessoal contra a administração municipal -
usou o plenário, em campo de batalha. Denuncia sem tréguas, fala com a
convicção de quem sempre está certo e parece encontrar prazer em ver fumaça,
mesmo quando não há fogo.
RETÓRICA
Segundo ele, suas denúncias já salvaram o município de
incontáveis malfeitos. Curiosamente, nenhuma das supostas ilegalidades se
confirmou. Houve, sim apontamentos do Tribunal de Contas, todos corrigidos
conforme recomendações. Mas entre uma irregularidade administrativa e um ato de
improbidade há um oceano - que o vereador atravessa a nado, movido mais pela
retórica do que pelos fatos.
CREDIBILIDADE
Fiscalizar é dever constitucional, e Combate o faz com
energia rara em tempos de apatia política. O problema está na forma. Confunde
vigilância com vendeta, e transforma cada discurso em espetáculo. Ao tratar
falhas de gestão como escândalo de Estado, banaliza o próprio conceito de corrupção
- e, de quebra, mina a credibilidade da fiscalização legítima.
CONTEÚDO
No afã de se mostrar o paladino da moralidade, o vereador corre o risco de se tornar refém do próprio enredo. Quando tudo é denúncia, nada é grave. O exagero na forma contamina o conteúdo.
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