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Robson Oliveira

O presidente da Agência de Serviços Públicos admitiu que a empresa de coleta de lixo não cumpre o contrato


O presidente da Agência de Serviços Públicos admitiu que a empresa de coleta de lixo não cumpre o contrato - Gente de Opinião

HIDROVIA

É quase um milagre quando algum integrante da bancada federal de Rondônia lembra que existe vida inteligente fora das redes sociais e solicita uma audiência antes de o desastre já estar consumado — como foi o caso da privatização da BR-364, decidida num átimo por iluminados sem iluminação. Desta vez, coube à deputada Sílvia Cristina (PP) puxar o debate sobre a desestatização da Hidrovia do Madeira. Louvável. Em Brasília, claro — o habitat natural da conversa fiada institucionalizada.

INTERESSADOS

Disponibilizar a audiência de forma digital é ótimo, mas Rondônia não vive no metaverso. Seria sensato — palavra exótica para a política local — realizar também uma reunião aqui, onde os diretamente atingidos pela brincadeira tarifária pudessem abrir o coração (e o bolso). O debate na capital federal é importante, mas decidir preço de frete amazônico em sala refrigerada do Congresso é o tipo de colonialismo burro que só a burocracia brasileira produz em série.

MEDIOCRIDADE

A percepção dos leitores sobre nossa bancada federal é cristalina: salvo raríssimas exceções, estamos representados por uma confraria de mediocridades satisfeitas consigo mesmas. Na Câmara, a mais operosa é Sílvia Cristina — e isso diz muito menos sobre ela do que sobre os demais. É quase tragicômico vê-la abandonar a reeleição praticamente garantida para se aventurar ao Senado num cenário de indecisões. As pesquisas mostram que boa parte da bancada não volta. Excelente notícia: é o primeiro caso de avanço civilizatório por subtração.

LIXO

O presidente da Agência de Serviços Públicos, Oscar Dias, admitiu no podcast que a empresa de coleta de lixo não cumpre o contrato. Nenhuma surpresa: em Porto Velho, esta empresa de limpeza pública parece participar de um concurso permanente de incompetência. Um processo administrativo foi aberto — o clássico ritual litúrgico brasileiro para não resolver nada rapidamente. O serviço melhorou um pouco, mas continua a anos-luz do contratado. Ou seja: lixo temos de sobra, menos o recolhido.

PODCAST

No próximo sábado entrevistarei o governador Marcos Rocha e o prefeito Léo Moraes — separadamente, para evitar avaliações cruzadas. Faremos um balanço de 2025, esse ano que tem exigido resiliência até dos santos. Estamos abrindo espaço para perguntas dos ouvintes, desde que não sejam agressões pessoais. Afinal, debater gestão é uma coisa; transformar o programa em arena de UFC retórico, outra bem distinta. Serão escolhidas cinco perguntas administrativas e três políticas. Autores identificados, claro — anonimato é para covardes e bots.

COMPLICAÇÃO

As investigações sobre a farra dos consignados fraudulentos na Companhia de Água e Saneamento de Cacoal têm revelado complicações crescentes para o vereador Thiago Tezzari, ex-comandante da empresa. Seus tentáculos, dizem, alcançam outros órgãos. A classe política local, sempre cândida, finge surpresa — como se casos assim não houvessem pistas.

ARRANHÃO

A operação arranha a imagem do prefeito Adailton Fúria. Só arranha, por enquanto — afinal, nomear alguém que causa problemas não é crime, é apenas falta de juízo, algo comum no poder. Até agora nada liga o prefeito às peripécias do ex-dirigente. Se continuar assim, Fúria escapa apenas com um esfolado político, o equivalente amazônico a tropar num toco.

COP

A COP realizada em Belém causou espasmos em negacionistas profissionais que torcem pelo fracasso climático como quem torce para time rival. Não foi o sucesso esperado — acordos concretos são raros principalmente quando mexe com interesses ocultos — mas também passou longe do desastre que os apóstolos da ignorância anunciavam. O debate continua, o planeta continua derretendo, e a política continua procurando soluções, embora desconectadas.

RETROCESSO

A Petrobrás resolveu cortar 20% do orçamento destinado à pesquisa de energia limpa. Pegou todos de surpresa — e não positivamente. O governo fala em transição ecológica com a pompa de quem descobriu o mundo, mas a estatal age como se estivéssemos na década de 70 queimando petróleo por esporte. Um passo à frente, dois para trás: coreografia oficial da República.

CUSTOS

O CONTRAN finalmente acertou ao eliminar a obrigatoriedade de aulas em autoescola para tirar CNH. Era um cartel elegante: cinco mil reais para ensinar o cidadão a ligar o carro. Com a nova regra, qualquer um pode estudar sozinho e contratar apenas um instrutor credenciado para a prática. Naturalmente, quem vivia da obrigatoriedade chiou. Perder mamata dói. Mas, pela primeira vez em muito tempo, venceu o interesse do público — não o da indústria da dificuldade planejada.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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