Terça-feira, 2 de dezembro de 2025 - 15h25

HIDROVIA
É quase um milagre
quando algum integrante da bancada federal de Rondônia lembra que existe vida
inteligente fora das redes sociais e solicita uma audiência antes de
o desastre já estar consumado — como foi o caso da privatização da BR-364,
decidida num átimo por iluminados sem iluminação. Desta vez, coube à deputada
Sílvia Cristina (PP) puxar o debate sobre a desestatização da Hidrovia do
Madeira. Louvável. Em Brasília, claro — o habitat natural da conversa fiada
institucionalizada.
INTERESSADOS
Disponibilizar a
audiência de forma digital é ótimo, mas Rondônia não vive no metaverso. Seria
sensato — palavra exótica para a política local — realizar também uma reunião
aqui, onde os diretamente atingidos pela brincadeira tarifária pudessem abrir o
coração (e o bolso). O debate na capital federal é importante, mas decidir
preço de frete amazônico em sala refrigerada do Congresso é o tipo de
colonialismo burro que só a burocracia brasileira produz em série.
MEDIOCRIDADE
A percepção dos
leitores sobre nossa bancada federal é cristalina: salvo raríssimas exceções,
estamos representados por uma confraria de mediocridades satisfeitas consigo
mesmas. Na Câmara, a mais operosa é Sílvia Cristina — e isso diz muito menos
sobre ela do que sobre os demais. É quase tragicômico vê-la abandonar a
reeleição praticamente garantida para se aventurar ao Senado num cenário de
indecisões. As pesquisas mostram que boa parte da bancada não volta. Excelente
notícia: é o primeiro caso de avanço civilizatório por subtração.
LIXO
O presidente da
Agência de Serviços Públicos, Oscar Dias, admitiu no podcast que a empresa de
coleta de lixo não cumpre o contrato. Nenhuma surpresa: em Porto Velho, esta
empresa de limpeza pública parece participar de um concurso permanente de
incompetência. Um processo administrativo foi aberto — o clássico ritual
litúrgico brasileiro para não resolver nada rapidamente. O serviço melhorou um
pouco, mas continua a anos-luz do contratado. Ou seja: lixo temos de sobra,
menos o recolhido.
PODCAST
No próximo sábado
entrevistarei o governador Marcos Rocha e o prefeito Léo Moraes —
separadamente, para evitar avaliações cruzadas. Faremos um balanço de 2025,
esse ano que tem exigido resiliência até dos santos. Estamos abrindo espaço
para perguntas dos ouvintes, desde que não sejam agressões pessoais. Afinal,
debater gestão é uma coisa; transformar o programa em arena de UFC retórico,
outra bem distinta. Serão escolhidas cinco perguntas administrativas e três
políticas. Autores identificados, claro — anonimato é para covardes e bots.
COMPLICAÇÃO
As investigações
sobre a farra dos consignados fraudulentos na Companhia de Água e Saneamento de
Cacoal têm revelado complicações crescentes para o vereador Thiago Tezzari,
ex-comandante da empresa. Seus tentáculos, dizem, alcançam outros órgãos. A
classe política local, sempre cândida, finge surpresa — como se casos assim não
houvessem pistas.
ARRANHÃO
A operação arranha a
imagem do prefeito Adailton Fúria. Só arranha, por enquanto — afinal, nomear
alguém que causa problemas não é crime, é apenas falta de juízo, algo comum no
poder. Até agora nada liga o prefeito às peripécias do ex-dirigente. Se
continuar assim, Fúria escapa apenas com um esfolado político, o equivalente
amazônico a tropar num toco.
COP
A COP realizada em
Belém causou espasmos em negacionistas profissionais que torcem pelo fracasso
climático como quem torce para time rival. Não foi o sucesso esperado — acordos
concretos são raros principalmente quando mexe com interesses ocultos — mas
também passou longe do desastre que os apóstolos da ignorância anunciavam. O
debate continua, o planeta continua derretendo, e a política continua
procurando soluções, embora desconectadas.
RETROCESSO
A Petrobrás resolveu
cortar 20% do orçamento destinado à pesquisa de energia limpa. Pegou todos de
surpresa — e não positivamente. O governo fala em transição ecológica com a
pompa de quem descobriu o mundo, mas a estatal age como se estivéssemos na
década de 70 queimando petróleo por esporte. Um passo à frente, dois para trás:
coreografia oficial da República.
CUSTOS
O CONTRAN finalmente
acertou ao eliminar a obrigatoriedade de aulas em autoescola para tirar CNH.
Era um cartel elegante: cinco mil reais para ensinar o cidadão a ligar o carro.
Com a nova regra, qualquer um pode estudar sozinho e contratar apenas um
instrutor credenciado para a prática. Naturalmente, quem vivia da
obrigatoriedade chiou. Perder mamata dói. Mas, pela primeira vez em muito
tempo, venceu o interesse do público — não o da indústria da dificuldade
planejada.
Terça-feira, 2 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
Adailton Fúria, prefeito de Cacoal, fala de sua gestão e a pretenção de ser governador
Veja a entrevista:

Marcos Rocha recebeu convite oficial para ingressar no PSD e compor a chapa majoritária ao Senado
EXPLOSÃOO problema agrário de Rondônia evolui como um barril de pólvora esquecido ao lado de um de uma solda elétrica: autoridades omissas, decisões
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