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Vinício Carrilho

O que é a peste


O que é a peste - Gente de Opinião

O que é a Peste?

Há vários significados:

1.    Na literatura há um livro clássico (A Peste).

2.    Na medicina penso que poderia ser algum tipo de doença altamente transmissível e letal.

3.    O dicionário etimológico indica “doença contagiosa grave’, do latin pestis, empestado, empestar, empestiado, pestífero, do latim pestifer, pestilência, pestilentia, pestilento” (CUNHA, 2001, p. 493).

4.    Na política é usado como metáfora de relações de poder altamente tóxicas, prejudiciais à sociedade e também altamente letais, a exemplo do Fascismo.

5.    Até o senso comum faz referência: costuma-se dizer brincando (ou não) que sujeito é uma peste ou "aquela criança é uma pestinha".

 

Em todos esses sentidos há um eixo comum: vigora a ingovernabilidade, o descontrole, a ideia de transformação ou de mutação. Sente-se a presença de algum mistério insondável, indizível com exatidão, incompreensível em toda sua extensão e composição.

Aliás, vigora uma incompreensão taxativa exatamente porque a Peste é um processo em constante refazimento, porque está em movimento permanente. O Fascismo, por exemplo, tem cepas - não é uma caixa fechada ou uma linha reta.

A Covid-19 tem inúmeras cepas, assim como o h1n1, a Peste Espanhola e a Peste Bovina. Por isso, é óbvio, a sensação ingovernável da política sob o Fascismo é uma regra. Por isso também se fala popularmente que no Fascismo há um "desgoverno".

É um equívoco, portanto, porque tal qual as cepas virulentas a política fascista provoca um caos em sua metamorfose. A Peste se multiplica nesse caldeirão caótico, liquefeito de sua própria letalidade.

Ou seja, não é um desgoverno, é um propósito dentro de um projeto, é a multiplicação de si- mesmo dentro do pior possível, é uma ampla estratégia entrecortada por táticas que agem como tentáculos.

Enfim, não é à toa que a Peste na política ou na literatura venha associada à negação sistemática da ciência. Como se a política pestilenta viesse realmente pra contaminar a todos. Também não é coincidência que a Peste seja descrita a partir de imagens peçonhentas, como as baratas.

E há uma eterna semelhança, quando essa Peste se transforma na "cegueira branca" de um determinado Ensaio Sobre a Cegueira.

A Peste é a réplica, mas transformada, altamente resiliente e maligna, do Mal Maior.

 

Referências

PESTE. In: CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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