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Vinício Carrilho

Em defesa da Universidade Pública


Em defesa da Universidade Pública - Gente de Opinião

As universidades públicas, todas, e especialmente as universidades públicas federais (por sua amplitude e alcance nacional), são o repositório do conhecimento, da Consciência Pública, nesse país desolado pelo Fascismo.

As universidades públicas brasileiras (bem como institutos e agências públicas) produzem mais de 90% da Ciência e da Consciência nacional. Isso é um fato facilmente comprovável, não é ideologia.

Então por que o governo que está findando sempre nos atacou tão severamente?

Porque o Fascismo, historicamente, sempre se volta contra a educação e a cultura.

Por que? Porque investimos nossas vidas na Ciência e na Educação ("educare": revelação), produzimos a Ciência e a Consciência que salva o povo, que fomenta a "leitura do mundo", que alimenta e salva vidas.

Além disso, somos atacados, dia e noite, porque incluímos os pobres e os filhos e filhas da classe trabalhadora no universo do conhecimento.

Ensinamos a ler o mundo, superando os "mitos da obscuridade" e os "Messias decaídos": falsos e, mais precisamente, ignorantes.

O outro motivo é mercadológico: querem falir a universidade pública para depois privatizar. E, depois, querem vender o conhecimento entre "clientes".

Até hoje resistimos e vamos lutar muito, até o último suspiro. Porque, nós sabemos e é óbvio, não se vende o conhecimento como uma mercadoria qualquer.

Nós não somos e não temos clientes. Porque cliente vem do latim "Cliens", que quer dizer vassalo.

Nós somos servidores públicos que servem ao público, não somos vassalos de ninguém e muito menos aceitamos a vassalagem.

Nós travamos um tipo de "guerra de posição", em que o Estado é um enorme campo de batalha, com infinitas trincheiras, de ambos os lados.

Nessa guerra de posição, incontáveis servidores públicos cumpriram sua missão: "servir ao público e defender o que é público", no exercício de sua própria atividade profissional.

Há honra em jogar esse jogo, lutar essa luta.

Fizemos e fazemos a resistência por dentro do Estado, mas, em favor do povo.

Não somos players, como muitos dos grandes competidores, porém, somos atores conscientes da missão, resistindo por meio de uma práxis funcional, sistêmica e sistemática.

Tanto melhor serviremos ao povo, quanto mais nos afastarmos do proselitismo, corporativismo.

Essa resistência por dentro do Estado é a luta institucional, não por espaços burocráticos, mas pela institucionalidade no melhor sentido: estabilidade, previsibilidade, proporcionalidade, razoabilidade.

No fundo, esta é a razão pública, do espaço público. Como dizia Cícero: "não me pareço com o povo, não sou o povo, mas luto pelo povo".

Essa é a nossa síntese da resistência por dentro do Estado, dessa "guerra de posição" - nas trincheiras móveis do Espírito Público, e jamais movediças.

É esse Conhecimento e essa Consciência que a universidade pública produz. Por isso incomodamos muito os fascistas, notadamente os embrutecidos e ignorantes.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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