Segunda-feira, 8 de dezembro de 2025 - 11h20

Esse conceito não se fecha, é dinâmico, assim
como está em permanente transformação a realidade contemporânea – entre o
passado e o presente[1]. No
entanto, resumidamente, devemos entender o Capitalismo digital a partir do
sistema produtivo do capital que aprimora formas de extrema precarização e
exploração da força de trabalho (uberização, pejotização, terceirização) em
conjunto ativo com formações econômicas pré-capitalistas[2]:
exploração do trabalho análoga à escravidão.
No caso brasileiro, some-se o racismo
recalcitrante e, então, teremos a vigência de um Pensamento Escravista:
“modernidade colonial” que coleciona o racismo e a exploração do trabalho
escravo. Desde 1930[3], o
Brasil conhece(u) a industrialização, o processo de substituição de
importações, o Plano de Metas e a subsequente modernização tardia: hoje, a
robotização é presente nas maiores indústrias instaladas no país. Porém, os
níveis de desindustrialização são crescentes e alarmantes.
O que nos traz à atualidade do dominante
rentismo (sistema financeiro especulativo e improdutivo de valor agregado,
marcante nos trading das Bolsas de Valores[4])
e ao denominado Capitalismo de dados[5]:
a platamorfização da vida social e sua intensa monetização também se desdobra
na exploração digital do trabalho infantil (preconizando-se uma forçosa
“adultização”).
Na ordem da manifestação política, instaladas e
representadas, as Bets, as Big Techs, as Big Datas/Data centers se alinham aos
Bancos (e Fintechs) e às tradicionais bancadas da bala, do boi e da bíblia.
Como frações de classe, nem sempre esses interesses estão alinhados; porém,
quando estão, perfilam politicamente os Grupos Hegemônicos de Poder[6].
Neste cenário, o que ainda guardamos do passado
tinhoso (patrimonialismo, patriarcalismo) é a Revolução Burguesa vinda do alto
(autocracia), com a vigência renovada e plenificada do racismo institucional e
do capacitismo, sem a eficácia do Estado de Direito e da isonomia[7].
Em 2026, 10 anos após o Golpe de Estado de 2016[8] e
depois de Pablo Marçal regurgitar o pior Tecnofascismo germinado nas redes
antissociais, deveremos ter a primeira eleição comandada por IA (Inteligência
Artificial), sem que se saiba o que é real ou Fake News. Como diria Mészáros[9],
esse é, mais ou menos, o pico do Evereste que devemos transpor – longe da
emancipação[10] e
da equidade (com sobras de exceção[11]),
cotidianamente, nos deleitamos cada vez mais com a subalternidade[12].
As lutas políticas do povo pobre, negro e
oprimido em prol da emancipação do próprio Direito, em meio à fervorosa luta de
classes racista, ainda não demonstraram poder social efetivo, mormente em
termos, sobretudo, da inclusão, acessibilidade e permanência, e da edificação
de um mínimo de sociabilidade e empatia: o que performaria a Sociologia
essencial à Interação Social, em que as desigualdades possam ser convertidas em
diferenças individuais, culturais.
Portanto, somos pardos, mas, sem fundamentação
em valores socialmente dignificantes, no Princípio da Dignidade e nos direitos
humanos, vemos e veremos prosperar o machismo, o assédio, a misoginia, o
feminicídio.
O Brasil é pardo, sim, mas é por tudo isso que
segue sendo descolorido pela branquitude do poder.
[1] GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora
da Universidade Estadual Paulista, 1991.
[2] MARX, Karl. Formações Econômicas Pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1991.
[3] IANNI, Octávio. A ideia de Brasil moderno. 2. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1994.
[4] É ilustrativo dessa fase do capital, com as subjetividades
mergulhadas no desenraizamento e no estranhamento, a ocorrência de uma carteira
denominada “Diarista investidora”: https://www.youtube.com/watch?v=jzpY_MmOaIk.
[5] SHOSHANA, Zuboff. Big Other: capitalismo de vigilância e perspectivas
para uma civilização de informação. In: Bruno, Fernanda et.al.
Tecnopolíticas da vigilância: perspectivas da margem. São Paulo: Boitempo,
2018.
[6] Nos estratos elevados do Poder Político, nos três poderes,
abundam as trocas de favores, o apoio transversal aos interesses de grupos ou
individuais, o nepotismo, o personalismo e a cessão de votos, numa busca
infinita de benefícios e de ações transviadas, que, obviamente, maculam toda
expectativa republicana quanto à gestão do poder e assim também manipulam as
políticas públicas em demérito aos reais beneficiários.
[7] MARTINEZ, Vinício Carrilho. *Ensaio sobre o estado
democrático de direito social*: concepção jurídica burguesa ou socialismo na
modernidade tardia? São Carlos: Pedro & João Editores, 2024b. Disponível
em: https://pedroejoaoeditores.com.br/produto/ensaio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-social-concepcao-juridica-burguesa-ou-socialismo-na-modernidade-tardia/.
[8] MARTINEZ,
Vinício Carrilho. Teorias do Estado – Ditadura Inconstitucional: golpe
de Estado de 2016, forma-Estado, Tipologias do Estado de Exceção, nomologia da
ditadura inconstitucional. Curitiba-PR : Editora CRV, 2019.
[9] MÉSZÁROS, István. A Montanha que devemos conquistar: reflexões acerca
do Estado. São Paulo: Boitempo, 2015.
[10] FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1985.
[11] MARTINEZ, Vinício Carrilho. *Educação para além da
exceção*: Educação para além do capital, Educação após Auschwitz, e depois de
Gaza, Educação Política, Educação em direitos humanos, Educação Constitucional.
KDP: São Carlos, 2025. Acesso: https://a.co/d/3upl65K.
[12] DELROIO, Marcos. Gramsci e a emancipação do subalterno. São Paulo:
Editora da Unesp, 2018.
Segunda-feira, 8 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
Sem o tempo não há dúvidas.Sem o tempo, o vagar (no reino da pressa, na rotina das "múltiplas tarefas"), vivemos consumindo o imediato. Meditar sobre

Pelo senso comum, pela definição provinda das coisas muito óbvias, a acessibilidade é uma das regras básicas da democracia. Sem acessibi

Hoje, falarei como PCD (pessoa com deficiência). No meu caso, é apenas física, ou seja, não tenho nenhuma dificuldade cognitiva. Minha Cosmovisão, c

Nesses vídeos, iniciamos uma nova abordagem sobre temas e relações que permeiam a todos nós. Temos aqui a exclusão, a inclusão também, a autonomia e a
Segunda-feira, 8 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)