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Vinício Carrilho

Acessibilidade


Acessibilidade - Gente de Opinião

            Pelo senso comum, pela definição provinda das coisas muito óbvias, a acessibilidade é uma das regras básicas da democracia. Sem acessibilidade, é óbvio ululante, as pessoas não são inseridas e, desse modo, excluídas, barradas no baile, não podem dançar ao som da Marselhesa – hino francês, hino da Revolução Francesa, hino da luta contra a tirania das pessoas baratas.

    Sem a liberdade para se inserirem, as pessoas são tratadas como baratas indesejadas. Como pessoas de segunda categoria, as pessoas barradas são chutadas para fora, para longe – exatamente como fazemos com as baratas.

            O que se esquecem os asquerosos que tentam nos impedir é que eles se postam, assim, na mais baixa menoridade moral e intelectual. Como imorais, avessos à moralidade social-inclusiva, eles se portam como as reais, as verdadeiras baratas – pelo simples fato de que as baratas não têm nenhuma moralidade: as baratas não podem invocar o Princípio da Dignidade Humana.

   Como baratas imorais, as pessoas que nos excluem têm rebaixamento intelectual visível, até predizível, porque são incapazes da Interação Social, da empatia – não se enquadram no mínimo requerido de socialidade para serem vistas como “animais sociais” – essas pessoas baratas não são sociológicas. Isto é, as pessoas baratas são desprovidas da Inteligência Social e, é claro, são incapazes de se colocar no “Lugar do Outro”.

  Longe do Outro/a, as pessoas baratas, sem inteligência social capaz, dignificante, provam-se incapazes de pensar e de participar da moralidade humana, social e inclusiva: sendo assim, deveria ser reeducadas, reformatadas, humanizadas ou retiradas do convívio social. Devem ser educadas para serem humanas, devem ser socializadas para se libertarem (mesmo que a fórceps) da condição de inseto social.

   Mas, será isso possível?

            Essa pergunta foi posta ao final da Segunda Guerra Mundial, com a derrota acachapante do Nazismo – e, então, diziam: é possível desnazificar o povo alemão? A pergunta era (é) essencial uma vez que o regime do Nazismo só foi possível porque houve uma imensa adesão (identificação do povo) às teses e às ações nazistas.

   O pior praticado pelo Nazismo era (é) de conhecimento popular: Hitler foi eleito ao Reichstag (nomeado como chanceler em 1933). Hitler sempre foi Hitler, nunca escondeu dos eleitores suas piores aspirações. Nunca houve povo enganado pelo Nazismo, na Alemanha.

         Então, foi possível a educação para a desnazificação da Alemanha? Em parte, sim, pois a Constituição Alemã penaliza gravemente a apologia ao nazismo. Isso condiz com a percepção de que a qualidade democrática na Alemanha se modificou muito desde a experiência nazista.

   Nazistas daquela época continuam sendo julgados e condenados, mesmo que tenham 90 anos de idade; apenas não são presos, por motivação humanitária. Por outro lado, a desnazificação não foi tão eficaz se pensarmos que os movimentos neonazistas crescem como pulgas e baratas na Alemanha – e no Brasil.

          No nosso caso, no Brasil, que nos interessa mais de perto, agora, é possível retirar a carcaça das pessoas baratas, infestadas pela negação da Inteligência Social? Kafka, que escreveu A metamorfose, uma hiper-realista obra surreal, teria dificuldade em responder a essa pergunta.

      Essa é uma pergunta que nós nos fazemos desde a Colonização – quando para cá vieram os maiores criminosos portugueses: as pessoas baratas de Portugal.

     O escravismo tratou os povos negros como algo abaixo do nível das enxadas e das picaretas. A nossa miscigenação foi forçada por meio da violência indescritível e do estupro de mulheres negras e indígenas.

    Portanto, nós somos o resultado disso e de outras barbáries ainda mais tenebrosas. Nós tanto somos isso que, em 2018, elegemos o Fascismo – assim como os alemães fizeram com o Nazismo em 1932.

     E corremos um sério risco desse espectro do Mal Maior voltar ao poder em 2026. Há muitos/as eleitores/as, falando, agindo como pessoas baratas que negam a acessibilidade aos negros, aos pobres, às mulheres, à comunidade LGBT, às pessoas com deficiência (PCD).

          O que traz outra pergunta: O que não há em comum entre as pessoas baratas negacionistas, do nosso tempo, com os laivos mais rancorosos do nazifascismo?

     Lembremos ainda que, nos campos de concentração nazistas, as pessoas com deficiência também eram eliminadas. Então, o que não há em comum, entre os do passado e as “modernas pessoas baratas”?

     Há o fato de que, ainda, não nos eliminam fisicamente, diretamente?

     Simbolicamente, somos eliminados todos os dias.

              Portanto, essa pergunta segue para você palpitar.

              Eu, sinceramente, sigo bem pessimista quanto à viabilidade de uma Educação antifascista, em 2025.

     Tem baratas demais por aí.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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