Quarta-feira, 7 de setembro de 2022 - 11h41

O que as tais pesquisas eleitorais, agora tão
recorrentes, realmente revelam sobre o Brasil?
Mais do que as inclinações do(a) eleitor(a), as pesquisas
falam sobre o que somos: qual é o Espírito do povo, neste momento (2018-2022)?
É óbvio que indicam pistas sobre o fenômeno do
Bolsonarismo – em si, um traço cultural, de humanidade ou desumanidade, da
moral ou da imoralidade, que abriga a mentalidade de mais de um terço da
população: armas, desmatamento, lavagem de dinheiro, crença num Deus que se
manifesta em plantas. Revela, ainda, que outro tanto – mais de um terço do povo
– não aceita tais valores; essa parcela (aparentemente a maioria) quer saúde,
educação, trabalho, paz e cultura. Tem algum miolo, entre os dois extremos, que
é nem-nem, nem aí para o país, nem aí para si mesmo, nem aí para a civilização
ou para a barbárie social: votos nulos, branco e abstenção – sobretudo.
O que, então, essa simples lógica de tripartição política
diz sobre nós enquanto povo?
Diz que nosso povo, em sua imensa maioria (90%), luta
pela vida todos os dias, passa fome, não tem serviços públicos adequados,
muitas vezes vivem embaixo de pontes e viadutos, temem a polícia como resistem
à morte anunciada pelo esculacho.
Na outra ponta estão os 10% (ou um por cento) que detém o
resto dos prazeres, segurança e felicidade social, ou seja, dependendo de quem
olha (ou como olha), ver-seá que uma ínfima parcela social é dona,
proprietária, de metade da riqueza nacional.
O Produto Interno Bruto (PIB) não é do país, nem do
Estado e muito menos do povo; o PIB reside na Avenida Paulista, na Faria Lima
ou nos sertões desérticos do agronegócio.
Uma das maiores mentiras já contadas atende pelo
pseudônimo de “renda per capta” – soma-se toda a grana e se divide pelo número
de indivíduos, como se todos recebessem o mesmo –, tal qual o tal PIB que,
certamente, está pouco se lixando para a fome e a morte por desnutrição de
milhares de crianças pobres e negras.
O auxílio emergencial destinado à compra de votos, por
exemplo, não encontrou recursos no tal PIB e muito menos no agronegócio. O
auxílio emergencial e outros que tais alimenta-se dos dinheiro provindo da
privatização da Eletrobrás e dos dividendos (rendimentos) auferidos pelas
maiores empresas públicas, listadas na Bolsa de Valores (B3).
As pesquisas indicam, por fim, que 2023 – seja qual for o
resultado do processo eleitoral: recondução, defenestração, golpe – será muito
difícil: para quem governa, para os 99% do povo. Aquele um por cento de
abnegados, muito ricos, milionários ou bilionários nunca estiveram nem aí para
o preço do leite, do doce da criança ou da cesta básica. São os que sempre
ficaram muito mais ricos com a inflação, em outro exemplo – ou com a deflação
também.
O preço da cesta básica só interessa ao pobre, pois é só
o pobre que faz conta de chegar quando vai ao supermercado – que retira
produtos do carrinho, porque não tem como pagar –, isso é certo. Porém, errado
está essa mesma pessoa que ameaça depositar seu voto neste grupo de poder que
nos trouxe a esse caos, que relegou aos pobres o osso de segunda, a bandeja com
pele de frango.
Nunca, jamais, na história desse país – em que nós
estivéssemos presentes –, imaginamos ter que escrever algo desse gênero: uma
crônica do desespero social, humano. E se você quer uma fórmula sociológica que
nos contenha, nesse estágio do descalabro social, pense que nem a literatura da
ficção mais surreal – de Gabriel Garcia Márquez – poderia nos recontar. Mas,
numa corruptela, diga-se que somos o resultado social do realismo trágico. Nem
Graciliano Ramos, nem Machado de Assis, definitivamente, estamos para além de
tudo na imaginação sórdida.
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