Sexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Ulysses e a Cidadania


João Baptista Herkenhoff

Por iniciativa da Fundação Ulysses Guimarães tive a oportunidade de debater ante-ontem em Vitória. O convite me foi feito pelo presidente da Fundação. O tema proposto para o debate foi este: Para onde a cidadania quer levar o país?

Para discorrer sobre cidadania, numa instituição que tem o nome de Ulysses Guimarães, não seria possível iniciar a fala senão reportando-me a seu patrono, um paradigma das lutas cidadãs. Ulysses combateu a ditadura instaurada no Brasil em 31 de março de 1964 e desempenhou pepel decisivo na redemocratização do Brasil. Ao declarar que a Constituição de 1988 tinha sido promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte, o gigante Ulysses, com a Carta Magna erguida nas mãos, num gesto cívico, adjetivou o documento: Constituição cidadã.

Mas tudo isso é história e para os jovens até parece pré-história nestes tempos em que o ontem é esquecido e somente o hoje tem significado.

Entretanto é preciso que se diga com todas as forças da alma: um povo que não conhece o passado não tem futuro.

São muito expressivas e dignas de aplausos as passeatas que condenam a corrupção, que exigem segurança, saúde e educação, que protestam contra os desvios éticos. As classes dominantes desencorajam as lutas coletivas. Com frequência, os líderes das lutas coletivas são perseguidos, presos e até mesmo assassinados. O povo tem de aprender a vencer seus desafios com as próprias forças. Mesmo que o ambiente envolvente seja adverso, mesmo que a luta coletiva não seja valorizada e enaltecida, é a união que faz a força.

Assusta-me porém que algumas vozes distorçam os justíssimos reclamos e advoguem o retorno da ditadura. Assusta-me também que uns poucos maculem o protesto democrático com atos de vandalismo e destruição do patrimônio histórico.

Lembre-se, sobretudo aos jovens, que os atos institucionais que decretaram o regime ditatorial apresentaram, como justificativa para a supressão das garantias, a defesa dos valores democráticos.

Entretanto, com as ressalvas admitidas para que vigorasse, em nossa Pátria, uma liberdade apenas relativa, o que vimos, a partir de primeiro de abril de 1964, foi a prática da tortura nos porões do regime, o assassinato de opositores, o silenciamento dos grandes líderes e os abusos de toda ordem.

Respondi à pergunta formulada pelos organizadores do conclave: a cidadania quer levar o país à Justiça Social, a uma melhor distribuição da renda, a uma educação pública de excelente qualidade, à efetivação da saúde como direito de todos, à infância e adolescência protegidas, cuidadas como tesouro mais precioso que o ouro e a prata, como disse o Papa Francisco.

João Baptista Herkenhoff é Juiz de Direito aposentado, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo, palestrante pelo Estado e Brasil afora e escritor. E-mail: [email protected]   /  CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2197242784380520
 

Gente de OpiniãoSexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Ideologia dominante

Ideologia dominante

A ideologia dominante que massacra o Brasil

Só suas excelências não veem o caos

Só suas excelências não veem o caos

Os críticos do comportamento dos homens públicos brasileiros estão certos quando dizem que a muitos deles falta, em essência, o espírito público da

Empresários pagam muito caro por taxa de resíduos sólidos para uma cidade tão suja, diz presidente a ACR

Empresários pagam muito caro por taxa de resíduos sólidos para uma cidade tão suja, diz presidente a ACR

O presidente da Associação Comercial de Rondônia (ACR), Vanderlei Oriani, fez um desabafo na segunda-feira 15.04, ao comentar o absurdo de mais uma

Fora do páreo

Fora do páreo

Como é de conhecimento público, o deputado federal Fernando Máximo está fora da disputa pela prefeitura de Porto Velho. Seu partido, União Brasil, p

Gente de Opinião Sexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)