Segunda-feira, 1 de dezembro de 2025 - 15h54

O Governo
não para de criar propostas mirabolantes para agradar o eleitorado com
políticas assistencialista e prepara, mas uma festa. O “bolo”, porém, vai ser
pago pelo setor produtivo. A proposta de substituir o vale-transporte por um
sistema de tarifa zero, apresentada em estudo de pesquisadores da UnB, UFMG e
USP e já em debate no Congresso, reacende uma velha discussão brasileira: quem
paga a conta das políticas eleitoreiras, quando o governo decide ampliá-las sem
enfrentar seus próprios limites? A ideia de transporte público gratuito para
todos pode soar moderna, inclusiva e socialmente justa. Mas, sob a superfície
do discurso, há um profundo deslocamento de responsabilidades e um impacto
direto sobre o setor produtivo, que mais uma vez é convocado, sem discussão
séria, a financiar uma proposta que o Estado não quer assumir integralmente.
A
gratuidade prevista para municípios acima de 50 mil habitantes tem custo
estimado em R$ 78 bilhões por ano. O modelo proposto para bancar esse volume é
simples: empresas com mais de nove funcionários pagariam uma contribuição fixa
mensal de 250 reais por empregado, formando um fundo para sustentar toda a
operação dos sistemas locais de ônibus, metrô e VLT. Na prática, o país
trocaria um benefício trabalhista direcionado, o vale-transporte, por um
imposto corporativo permanente, criado para financiar uma política universal
que atende, inclusive, quem não precisa dela.
O mais
grave, é que esse projeto nasce num momento em que quase a metade da população
economicamente vulnerável já está inscrita em programas assistenciais como o
Bolsa Família, cujo público ultrapassa 20 milhões de famílias. Hoje, em
Rondônia e principalmente em Porto Velho e Guajará Mirim, já não se encontra
pessoas para trabalhar, com carteira assinada, por medo de perderem o
benefício. O governo já carrega dificuldade para equilibrar suas contas e
financiar suas próprias obrigações, a solução encontrada foi ampliar ainda mais
o peso que recai sobre as costas de quem
produz, emprega e tenta sobreviver a uma das maiores cargas tributárias do
mundo. O discurso político mente por omissão: a tarifa será zero apenas para o
usuário. Para as empresas, ela será permanentemente alta e obrigatória. “Não
existe almoço grátis”
O modelo
proposto pelo governo petista é inspirado no “versement mobilité”/versement
transport francês. Ele acaba com a lógica do vale-transporte, um benefício
direcionado, proporcional e com coparticipação do trabalhador, e o substitui
por uma contribuição empresarial fixa por empregado. O trabalhador deixa de
arcar com os 6% de seu salário, e o Estado deixa de arcar com a sua parte. Só
quem não sai da mesa é o setor produtivo, que assume sozinho a integralidade da
gratuidade. Na França, esse modelo vem gerando grandes debates contrários. Daqui
há pouco, os profissionais de aplicativo e taxistas, também vão querer esse
benefício, ou seja: porque só, um setor, as grandes empresas de ônibus, trens e
metros, serão beneficiadas com o dinheirinho na conta todos os meses?
Esse
movimento cria distorções graves. Empresas que hoje pagam vale-transporte
proporcionais ao uso, passarão a pagar valores fixos que podem sequer refletir
a realidade de deslocamento dos seus funcionários. Vai pagar até por quem tem transporte
particular. Setores com alta rotatividade ou grande volume de empregados serão
punidos com mais força. Já o trabalhador que antes contribuía com 6% de seu
salário para o transporte simplesmente deixa de participar do financiamento. Ou
seja: o Estado retira do trabalhador um pequeno esforço individual e repassa às
empresas a integralidade do custo da política pública. Não é política social; é
transferência forçada de responsabilidade fiscal. Pimenta no olho do outro é
refresco!
O
assistencialismo disfarçado se torna ainda mais evidente quando se observa que
a proposta é universal: quem ganha pouco e depende do transporte coletivo será
beneficiado, mas também será beneficiado quem tem carro, renda alta e só usa
ônibus para ir ao aeroporto ou para um evento ocasional. É o velho vício
brasileiro de criar benefícios amplos com custos concentrados na esperança de
que a conta se dilua no silêncio de quem a paga.
Nesse
ponto, chama a atenção a passividade das entidades representativas do setor
produtivo que deveriam estar liderando o debate. Não ví, até agora, uma reação
organizada, um estudo técnico próprio, um posicionamento público firme sobre os
riscos desse novo modelo. O empresariado, que deveria ser protagonista na
discussão sobre reformas estruturais, aparentemente aceita ser espectador de
uma medida que o atinge diretamente no bolso e pode comprometer
competitividade, investimentos e empregos. É um silêncio que beira a
conivência.
Se o
governo realmente deseja modernizar a mobilidade urbana, precisa enfrentar o
debate com transparência e responsabilidade fiscal e não terceirizar ao setor
produtivo o financiamento de mais um programa cuja origem é nobre, mas cuja
execução busca um resultado estritamente eleitoreiro e joga a conta no colo da
iniciativa privada. O país não pode continuar ampliando benefícios sociais sem
discutir quem os paga e como paga. O transporte público precisa ser bom,
eficiente e acessível, mas não à custa de mais um sobrepeso imposto a quem
mantém a economia funcionando.
O risco é
claro. Se novamente empurrarem para as empresas aquilo que deveria ser política
de Estado, o país continuará aprofundando seu ciclo de dependência
assistencial, fragilidade produtiva e estagnação econômica. O discurso da
tarifa zero pode até agradar no curto prazo, mas no longo prazo só será
verdadeiramente gratuito para o usuário. Para quem produz, será apenas mais um
boleto carimbado com o selo da boa intenção — e pago com o suor da
competitividade perdida.
Mas tem um detalhe: Não ví no Governo propor exonerar o
empresário do Imposto de Renda se aderir a essa farra assistencialista... Ta aí
uma ideia para ser discutida.
Rubens Nascimento é jornalista, formado em Direito, M.M Maçom/GOB e Ativista do Desenvolvimento
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