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Prof. Carlos, um sonhador


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Carlos Alberto Bezerra de Freitas ou simplesmente professor Carlos do colégio Classe A é uma dessas pessoas que passam pela nossa vida e deixam não só saudades, mas principalmente muitos ensinamentos. Professor de Química formado em Campina Grande, interior da Paraíba, o professor Carlos chegou a Rondônia ainda na década de 1980 e começou a lecionar no colégio Orlando Freire em Porto Velho. Junto com outros colegas professores acreditou na ideia de uma educação de qualidade e por isso fundaram o Classe A, colégio que se tornou uma referência na educação de Rondônia nos últimos tempos. Durante 12 anos consecutivos, o colégio do professor Carlos liderou o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, em todo o Estado de Rondônia. O Classe A também é líder absoluto nas aprovações do ITA e em várias outras escolas.

            Tive o prazer de trabalhar com o professor Carlos no Classe A. Entre 2004 e 2013 prestei serviços àquela escola de renome e lá aprendi muitas coisas com o jovem e dedicado mestre. Disciplina, organização pedagógica e competência formavam o tripé de sua visão escolar. E isso ele implantou com maestria no seu estabelecimento de ensino durante quase três décadas. Ser “aluno Classe A” não era para qualquer um. Estar morando em Rondônia e estudar em uma das 200 melhores escolas do Brasil sempre foi um privilégio, um grande orgulho. Carlos sempre soube como ninguém escolher a sua equipe de professores e colaboradores. Incentivava a todos e sempre sincero e acolhedor, não media esforços para ajudar os que mais necessitavam. Do servente ao mais graduado professor, ele tratava a todos com igualdade e muito respeito.

Da Páscoa Solidária aos mais incríveis projetos sociais e educacionais. Assim era a rotina de uma das melhores escolas de Rondônia e do Brasil. Muito diferente de minhas posições, o professor Carlos sempre acreditou em Rondônia e nas potencialidades de sua gente. “Devo tudo o que tenho a este brilhante Estado”, costumava me dizer sem arrodeio, quando “chateado” lia alguns dos meus textos. Tentei, sem sucesso, várias vezes convencê-lo a não gostar de um lugar tão atrasado, sujo e inóspito. “É preciso ter gratidão, Babaloo!”. Guardadas as devidas proporções, a Educação de Rondônia se divide em duas partes bem distintas: antes e depois do Colégio Classe A. Impossível para muitos médicos, advogados, engenheiros, e tantos outros profissionais liberais não se lembrarem dos ensinamentos deste grande homem.

Suas lições de honestidade, competência, humildade, reconhecimento e acima de tudo humanidade nunca serão esquecidas pelas novas gerações. O professor Carlos do colégio Classe A nos deixará muitas saudades, é verdade. Sua ida precoce nos entristece como se tivéssemos perdido alguém da nossa família. E perdemos mesmo: a família Classe A está de luto por esta irreparável e insubstituível perda. A educação de Rondônia perdeu um dos seus maiores baluartes e um dos seus maiores incentivadores. Carlos engrandeceu o nome de Rondônia dentre as melhores escolas do país. Eu fico um pouco mais pobre agora que meu amigo “resolveu” nos deixar. Mas todos nós temos de nos conformar. São as regras já estabelecidas e que não podemos e nunca vamos mudar. Aos familiares, minhas mais sinceras condolências. Carlos se foi, mas nos deixou sua marca indelével. Seu sonho se transformou em realidade. E o Classe A nos será eterno.

 

 

 

*É Professor em Porto Velho.

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