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Opinião: Onze de Setembro. Uma Década sem Arrogância


Professor Nazareno*

Pode até parecer ironia, mas o mundo ficou infinitamente melhor depois dos ataques às torres gêmeas nos Estados Unidos há exatos dez anos. Única superpotência do planeta após o fim da Guerra Fria, os norte-americanos mereceram todo o sofrimento imposto pelo fundamentalismo islâmico naquele fatídico dia: “quem semeia ventos, colhe tempestades”. As autoridades, a sociedade e os Governos daquele país, durante toda a História, nunca colocaram em prática uma política externa que não fosse apenas para defender os seus próprios interesses. Ficaram ricos, muito ricos mesmo impondo sofrimento aos quatro cantos do mundo. Praticamente não há um único país ou região do planeta que não tenha sido vítima do tacão desse maldito povo a exemplo das duas Guerras Mundiais, a Guerra Fria, a Guerra da Coréia, a Guerra do Vietnã dentre outras.

Nestes dez anos, no mundo inteiro há muito que se comemorar. A arrogância e a prepotência, tão comuns entre os nossos “primos do norte”, praticamente caíram por terra. Além do mais, a reação aos acontecimentos serviu para dar um empurrãozinho a mais na derrocada do país. Hoje os Estados Unidos não são nem a sombra daquela poderosa nação do final do século passado. Falaram que gastariam “apenas” 50 bilhões de dólares para vencer o terror. A conta já chega a quase quatro trilhões de dólares, ou seja, 80 vezes mais ou duas vezes e meia todo o PIB do Brasil. Invadiram o Afeganistão e o Iraque, mataram até agora cerca de 900 mil pessoas, mais de 300 vezes os mortos dos ataques de 2001, estão metidos em dois atoleiros sem fim na Ásia, envolveram outros países e podem ser responsabilizados também pelos ataques a Madri e Londres.

A cantilena dos muitos idiotas que defendem com unhas e dentes que os Estados Unidos foram as grandes vítimas do Onze de Setembro, uma vez que morreram quase três mil inocentes, cai totalmente por terra quando se observam as atrocidades cometidas pelas Forças Armadas norte-americanas em países pobres que foram injustamente invadidos e tiveram parte de suas populações morta e dilacerada pelos bombardeios da mais poderosa máquina de guerra do planeta. O massacre sistemático de pessoas inocentes em vilarejos perdidos, a arrogância na prisão de Abu Ghraib no Iraque e o desrespeito a toda e qualquer forma de direitos humanos aos presos de Guantánamo dão a exata dimensão da maldade e da crueldade que o Governo e os militares norte-americanos impuseram a pessoas que apenas julgavam serem culpadas.

Mas a opinião pública ocidental, controlada pelos interesses capitalistas dos Estados Unidos, assegura de forma convicta e tenta inclusive incutir a idéia de que o World Trade Center foi uma grande covardia, uma espécie de Pearl Habor moderno e que o mundo inteiro deveria prestar condolências aos norte-americanos. Tolice, eles apenas colheram o que plantaram durante muitos anos no mundo inteiro. Essa sua colheita maldita é resultado de suas próprias ações e eles deviam saber disto quando se envolveram, treinaram, armaram e foram os responsáveis diretos pela criação de gente da espécie de um Saddam Hussein ou de um Osama Bin Laden. Quando foi interessante, usaram essas pessoas a seu bel prazer para apenas satisfazer suas vontades. Por isso, não podem reclamar: “quem dorme com cachorros, amanhece com pulgas”.

As emissoras de televisão, assim como grande parte da mídia, criam noticiários tendenciosos, inventam mini-séries, fazem programas sensacionalistas, entrevistam pessoas e autoridades, divulgam depoimentos, deslocam seus correspondentes, festejam a data e espalham a idéia equivocada de que o povo norte-americano é de índole boa e que foi a grande vítima do fundamentalismo terrorista. Claro que a verdade não é esta. Nunca foi. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, eles pressionaram o Japão até a exaustão e não deram outra opção aos japoneses senão atacar as ilhas havaianas e depois venderam ao mundo a falsa idéia de que eram as vítimas. Mataram covardemente mais de duzentas mil pessoas com os ataques nucleares a Hiroxima e Nagasaki e declararam cinicamente que fizeram isso para evitar a morte de pessoas. Como precisavam do petróleo do Mundo Árabe e não mantinham boas relações com alguns países da região, criaram as guerras contra o terror apenas para justificar a odiosa permanência no Oriente Médio e movimentar a sua poderosa indústria bélica. Por tudo isso, o Onze de Setembro veio numa boa hora e pode ser um marco positivo na nossa História: o começo do fim de mais um império. A serpente do mal teve uma de suas cabeças arrancadas e o ódio antiamericano no mundo pode criar outras datas como esta.


*É Professor em Porto Velho.
 

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